30/11/11

Jurassic Park, por T. Rex


- Pai, qual foi o primeiro filme que viste na tua vida?
- Humm, acho que a primeira vez que fui ao cinema fui ver um filme chamado «se meu fusca falasse».
- Ena... Mas não te lembras muito bem do filme, pois não? Por causa do dinossauro que estava sentado mesmo à tua frente...

22/11/11

Aparição, por Lantern

Em 1975 os Rolling Stones já eram a «melhor banda de rock do mundo» e as bichas para os seus concertos no Madison Square Garden davam voltas aos quarteirões nova iorquinos. A promoção desta tournée ficou na história do rock tanto como da publicidade. Os Stones decidiram cruzar a 5ª avenida num camião enquanto tocavam Brown Sugar. A ideia era genial - os Stones jogavam com a projecção galática que haviam atingido e criavam um efeito de êxtase ao descerem ao plano do comum mortal que passa , por acaso, na rua e depara-se com o mito. Nas entrevistas que então se fizeram aos transeuntes, as pessoas confessavam que ainda não acreditavam que os Stones tinham acabado de tocar Brown Sugar em plena 5ª avenida. E até houve um velhote que deplorou a cena e achou que deviam ter proibido aquilo. Felizmente ninguém lhe ligou.


21/11/11

Médicos Economistas, por Hipócrates

O João, 17 anos, teve o azar de se aleijar a jogar futebol. Levaram-no logo às urgências do hospital mais próximo onde foi visto pelo médico de serviço. Diagnóstico: perna fracturada em dois sítios. Mas, pese embora o facto do desgraçado do João se contorcer com dores, o senhor doutor mandou engessar-lhe a perna e vais para casa descansar que o seguro depois trata do resto e marca-te a operação. Quando? Quando calhar...

O João passou a pior semana da sua vida até que, finalmente, foi chamado para a tal operação, uma semana depois, uma demora inadmissível no caso de um dupla fractura de uma perna. O puto chegou a desmaiar de dores...

Conheci a mãe do João, uma pessoa humilde, e percebi que ninguém vai pedir responsabilidades áquele senhor doutor que decidiu que é razoável que uma pessoa com a perna fracturada em dois sítios não seja, imediatamente, operado de urgência. Concerteza que o ilustre clínico cumpriu zelozamente a sua missão de poupar dinheiro aos cofres do estado, encaminhando a operação para o seguro. Mas há aqui qualquer coisa que soa mal... O dever do médico é poupar dinheiro aos cofres do estado (mesmo que à custa da saúde do doente) ou zelar pela saúde do doente?

Se calhar sou eu que estou desactualizado acerca daquilo que é o novo perfil do médico nos dias que correm... Possivelmente os curriculos dos cursos de medicina já incluem cadeiras como Finanças I e Contabilidade II ao lado das Ortopedias, Biologias e Pneumologias. A julgar pela amostra, se não incluem deviam incluir. E por este andar, qualquer dia ainda chegamos a um hospital e em vez de sermos atendidos por um médico somos atendidos por um economista. Já faltou mais...

14/11/11

All together now, por Azul Malvado

Gosto da última campanha promocional da Optimus a partir da música All Together Now dos Beatles. A música soa como um belíssimo jingle publicitário, embora faça alguma impressão verificar que, desaparecidos os dois Beatles mais sérios (Lennon e Harrison) os dois mais fúteis (MCartney e Ringo Starr) tenham começado a vender ao desbarato os direitos das músicas (este não é caso único). Não creio que nem Lennon nem Harrison aprovassem, mas seja como for All Together Now deve ser o melhor jingle da história da publicidade.

A campanha entrou numa segunda fase, dos duetos improváveis, um desenvolvimento da ideia do all together: Rui Reininho e quim barreiros, manel joão vieira e mónica ferraz, mind da gap e avô cantigas e, o melhor de todos do ponto de vista estritamente musical, a fadista carminho e os metálicos moonspell. Mas fica o do Manel João pela qualidade do monólogo...

08/11/11

Futebol de Salão, por Yaúca

Um rapazelho de longas tranças coloridas que fariam a inveja de qualquer trabalhadora de estrada nacional, jogador de bola do sporting de Braga,veio fazer queixinhas ao mundo porque terá, alegadamente, sido vítima de nefanda agressão verbal do benfiquista Xavi Garcia. «Preto de merda», eis o teor do inqualificável insulto, dito no contexto de um jogo de futebol que não é propriamente uma sessão de vernissage.

Nem vou discutir se o espanhol chamou ou não «preto» ao rapazola das tranças coloridas. O que acho é que estas leis politicamente correctas exageram e não é pouco na punição a este tipo de agressão. Não é bonito chamar preto a um preto, nem gordo a um gordo, nem careca a um careca. Mas também não vejo nenhuma razão para que esse insulto seja considerado mais soez que outro insulto qualquer. Se um jogador chamou a outro ladrão, cabrão e filho da puta, está tudo bem. Mas preto não se pode... Se o indivíduo for careca e se lhe chamarem careca de merda tá bem. Mas amarelo de merda já tá mal? Não entendo...

01/11/11

O Pensador Pensou Demais, por Tupiniquim

Ontem o Gabriel veio à Latada aqui em Coimbra. O concerto foi bom mas teve coisas completamente escusadas. Por exemplo, eu nunca tinha visto antes um músico a desfazer, enquanto não estava a tocar, aquilo que tinha conseguido quando estava a tocar. Eu explico: em certas músicas o homem conseguiu atingir climas bastante interessantes. Mas depois, no intervalo de cada música, o Pensador falava durante cinco minutos de como é bom estar no país irmão e na académica e na mística de coimbra... Foi uma espécie de back to reality permanente, uma espécie de corrente que nos impedia de ascender aos cumes emocionais que a música, aqui e ali, conseguia criar.

Pessoalmente também achei muito exagerada a exploração dos mitos academistas: o homem entrou em palco em fato académico, vestiu uma camisola da AAC, uivou o famigerado «coimbra tem mais encanto» e ainda tivemos que gramar com um tal de Diogo que terá sido jogador da Briosa em tempos idos. Eu sei que o Mick Jagger se embrulha à bandeira da argentina em buenos aires e que entra em palco em L.A. com um equipamento de futebol americano, mas esses são símbolos mais poderosos. Os símbolos da AAC não têm aquela carga, são um bocado pífios, pelo menos quando explorados tão exageradamente. Eu, pelo menos, fico sempre com a noção daquela coimbrinha muito pequenina a cantar os mesmos eternos clichés como um cão que morde o próprio rabo (ou então isto é uma característica minha que me arrepio até com a parolice dos hinos nacionais cantados nos estádios da bola).

Finalmente, do ponto de vista estritamente musical, notei a falta das teclas no show. Perdeu-se, assim, a componente melódica da música de Gabriel e aquilo ficou só ritmo. O que funciona bem quando se trata de um rap (excelente aquele efeito Limp Biskit dos dois cantores da banda, um deles irmão do próprio Gabriel) ou de um reggae mas fica sempre um sabor a «falta alguma coisa» noutro género de músicas. Pelo meio ainda assisti a uma ou duas cenas de porrada e aos clássicos nocautes de miúdas que não aguentam o álcool (e as drogas) tanto como gostariam.