21/07/12

Manual do Aplicador, por Dromófilo




Quando, há alguns anos atrás, o Ministério da Educação publicou essa magnus opum sobre o comportamento decente do docente /vigilante às provas de aferição do 9ºano, o Manual do Aplicador, desde logo se soube que o pouco siso daria lugar ao riso e ao absurdo. Quando, há alguns anos atrás, o furor regulamentador do ministério da educação definiu, até ao ridículo e à ninhice, todo o processo de aplicação dos exames, tratando os professores como imbecis, a derrisão já espreitava, escarninha, mofenta. Esta gente não percebe que quando se quer ser obsessivamente minucioso a minúcia nunca basta, e desatou, insensatamente, a regulamentar o bom senso como se ele fosse a coisa mais mal distribuída nos professores. E, nas reuniões preparatórias, perguntou-se: a que velocidade deve andar na sala o professor vigilante para não perturbar a quietação do momento? As escolas darão graciosamente umas pantufinhas furta-passos? A garridice do vestuário é permitida? Não ofuscará a inteligência do examinando? Os rótulos das garrafas de água devem ser retirados? Não podem conter informação à sorrelfa?
O ministério diz que há centenas de queixas: alunos que encasquetam o tictac dos professorais relógios e desatinam; alunos perturbados pela garridice taful e tamanho de saias, blusas e demais formosuras das professoras; alunos nevrosados pela chiante meia-sola; alunos a quem petrifica o miolo pelo simples olhar do professor vigilante. Há queixas que não lembram ao diabo, mas a minudente lógica ministerial a todas provê,  prevê, regulamenta e, finalmente, a todos arregimenta para o seu zeloso cumprimento.
Agora que os exames se preparam para ser a grande via crucis para a perfeição do sistema, as notícias não são boas. Preparem-se, amigos professores! Ouve-se e teme-se. Ouve-se que o ministério se prepara para reeditar, em edição revista e aumentada (dois volumes, 500 páginas) o Manual do Aplicador. Ouve-se que no índice remissivo só a palavra fraude terá 232 a entradas. Temem-se longas sessões de laboriosa exegese, milhentas horas de formação creditada, quiçá teses de mestrado e doutoramento. Teme-se que o Manual seja uma espécie de Código de Hamurabi, a Cabala. Teme-se, enfim, que não responda à presuntiva questão: e se, de repente, um examinando lhe oferecer flores?

(retirado, com a devida vénia, daqui:  http://dromofilo.blogspot.pt/)

10/07/12

Salazar e os «safanões», por Ferrinho

Em 1933 António Ferro, o grande propagandista do Estado Novo, levou a cabo uma série de cinco entrevistas ao Presidente do Conselho, Salazar, o próprio. Pretendia «desfazer algumas dúvidas» sobre a personalidade do homem que reconstruíra o país. Ferro passou dias em entrevistas com o ditador e, com base no espólio que dessas conversas recolheu, escreveu Salazar, O Homem e a sua Obra, editado pela Empresa Nacional de Publicidade. Este seria, na versão dos apologetas do regime, o livro que nenhum português de boa cepa poderia deixar de ter em casa. Hoje tornou-se uma peça de culto. Encontrei uma primeira edição em casa de um familiar e li com olhos heréticos os hossanas de Ferro ao senhor presidente do conselho. Não direi que o homem estivesse errado em tudo o que dizia, longe disso, a crítica que salazar faz aos partidos, por exemplo, continua certeira hoje, como então, talvez mais hoje ainda do que então. Já a posição de sua excelência sobre o tema delicado dos maus tratos infligidos nas prisões do regime seria hilariante se não fosse escabrosa:

- «Quero informá-lo de que se chegou à conclusão de que os presos maltratados eram sempre ou quasi sempre, terríveis bombistas que se recusavam a confessar, apesar de todas as habilidades da polícia, onde tinham escondido as suas armas criminosas e mortais. Só depois de empregar esses meios violentos é que eles se decidiam a dizer a verdae. E eu pergunto a mim própprio, continuando a reprimir tais abusos, se a vida de algumas crianças e de algumas pessoas indefesas não vale bem, não justifica largamente, meia dúzia de safanões a tempo nessas criaturas sinistras...»

Ah, fadista...

09/07/12

Porque é que o Jornal de Negócios não faz uma lista dos trinta melhores negócios em vez das trinta melhores canções dos Rolling Stones? por Dandelion

Os Rolling Stones estão a fazer 50 anos de carreira. os aniversários dos mitos são sempre ocasiões propícias ao aparecimento de críticos de cepa recente. Subitamente descobrem-se stonianos encartados nos jornais do burgo. Agora foi o caso do Jornal de Negócios que ousou dedicar quatro folhas a um exercício sempre perigoso para leigos na matéria. Pela pena de um senhor João Cândido da Silva, resolveu o JN, eleger as 30 melhores músicas dos Stones a partir de 17 álbuns. É claro que o exercício tem muito de subjectivo, mas que raio, há mínimos. Acontece que os critérios do escriba são demasiado privados, para que o homem assine um artigo sobre os stones, ainda que num jornal dedicado aos negócios. Há omissões gravíssimas e alguns erros pelo meio. Ainda bem que se escreve sobre os Stones, é melhor do que o silêncio. Mas convinha que quem o fizesse estudasse um pouco o assunto. O que não foi, claramente o caso.

1. O primeiro e mais grave erro da selecção de JCS é simplesmente colossal! JCS escolhe 17 álbuns dos Stones, para seleccionar 30 canções e, azar dos azares, deixa de fora aquele que é um dos se não o mais importante álbum da banda: o seminal Let it Bleed! Como é possível que o álbum de You can´t always get what you want (provavelmente a melhor canção da banda e não surge nas 30 melhores!!!!) fique de fora? Midnight rambler, gimme shelter, You got the silver, nenhuma destas obras primas é uma das melhores músicas dos Stones? Deixar de fora let it bleed é como pretender escrever sobre islamismo e esquecer-se de citar o Islão, sobre o benfica sem falar do eusébio, sobre o brasil sem passar pelo Rio?

2. O capítulo dos álbuns ao vivo. JCS cita Get Yer... e Flashpoint - este último, porque nele é incluído em versão cd, o single, Highwire. Highwire, escrito a propósito da guerra do iraque é uma boa canção. Mas uma das trinta? Ok, get yer é um bom álbum ao vivo, mas o melhor live da banda é o grandioso Love you Live, com a melhor versão de sempre de Honky Tonk Women e uma versão live de You can´t always get... que rivaliza com a de estúdio... Love you live fica de fora em 17 álbuns... Ou este gajo não vê um boi de stones ou não sei...

3. A melhro versão de simpathy for the devil é a original de beggars banquet e não a de get yer ya ya s out.

4.Their satanic majesties request é um dos piores discos dos stones, um desvario pelo rock psicadélico, na esteira dos beatles. Ok, she´s a rainbow é um clássico, mas incluir este disco nos 17... E citadel a melhor música do álbum?! De qualquer modo eu passo sempre por cima deste disco.

5. Um dos maiores erros desta lista é a confusão que o JCS faz entre as edições originais (inglesas) e segundas versões (americanas) dos primeiros discos da banda. Ponto de ordem: quando os stones começaram o formato principal era o single. Alguns dos maiores clássicos surgiram por isso nesse formato e não em álbum ( o LP era para um registo mais conceptual, digamos assim). Por isso, quando surgiram os primeiros álbuns dos stones (até aftermath de 66), os maiores sucessos da banda não saiam em LP.
Só posteriormente por razões comerciais é que foram editadas, a pensar no mercado americano, as segundas versões dos álbuns com os singles que lhes foram contemporâneos. Assim a segunda versão de Out of Our Heads ((65) inclui Satisfaction e the last time, mas a edição original não. O mesmo para between the buttons (67) que inclui lets spend the night together e ruby tuesday apenas na segunda versão.
Além disso o álbum Now (65) não figura como original da banda, mas como colectânea. Quanto a mim, para fazer jus aos singles imprescindíveis dos stones, é impossível não se citar o triplo The London Years que inclui os singles até let it bleed.
Nada disto é esclarecido no trabalho de JCS, pelo contrário ele dá como adquirido que as segundas versões dos álbuns a que me refiro, são as originais e não são. Grande confusão, mas compreende-se. Não é tão fácil como parece conhecer os originais da banda (Aftermath, por exemplo, chegou a ter uma versão americana sem goin home, a faixa de 11 minutos considerada um exagero para o gosto americano).

6. Há muita música que tinha que ser referida, pelo menos isso: como é que o primeiro disco dos stones não é citado? Tá bem que é um álbum de versões mas tem uma música que não poderia deixar de ser incluída num trabalho deste tipo - precisamente a primeira composição de sempre da dupla jagger/richards, Tell Me (you re coming banck), assinada pelo duplo pseudónimo Naker/Phelge.

7. Satisfaction não é uma das 30 melhores????

8. Nem Brown sugar? Nem tumbling sice? Nem Happy, Rocks off, Street fighing man, wild horses, Cant you hear me knoking, Under my thumb, Stray cat blues, angie, star star? O autor pretendeu fugir à unanimidade? Ok. Mas então salth of the earth? lovin cup? let it loose? Sway? dead flowers? E acima destas elege off the hook, out of tears, surpise surprise, blinded by love? Valha-me deus... Some girls do álbum homónimo preterida? Memory hotel de black and blue não é melhor que, por exemplo till the next good bye de its only r`n`r (por falar nisso onde está a faixa que dá nome a este disco)? Como é que uma das melhores pérolas interpretadas por Richards, como How can i stop de Bridges to Babylon não aparece? E waiting on a friend? Farways eyes de fora? E as tears go by? Get off my cloud não das melhores da primeira fase?

Ok, isto é muito subjectivo, mas aqui é demais, alguém que conheça minimamente a discografia dos stones não cairia num cite´rio tão individualista. Mesmo em arte, um crítico que fale da obra de Picasso e deixe de fora Guernica, de Coppolla sem se referir a Apcalipse Now ou dos Beatles sem citar Sgt Peppers, não estaria a ser, simplesmente, subjectivo. Estaria a fazer, objectivamente, um mau trabalho.

Deixo em tube Gimme Shelter uma das grandes canções de let it bleed - para JCS não é uma das trinta melhores, mas também há gajos que acham que o Messi não devia ser titular do Barcelona...


08/07/12

A Minha Selecção do Euro, por Gabriel

O Euro já lá vai e, entretanto, não havia ainda aqui uma lista da selecção dos melhores jogadores. Aqui fica ela, como é da praxe, com indicação do melhor para cada posto e das melhores alternativas. Tive como critério escolher os que me pareceram os melhores mesmo que trocando-lhes as posições. Foi o caso da defesa onde tive que passar o melhor defesa do mundo, Sérgio ramos, para a lateral direita:

Melhor guarda redes - Casilhas (Esp). É indiscutível.

Alternativas - Buffon (it) e Neuer (Al). O italiano poderia mesmo ter sido o melhor se a Itália vence a final, até porque foi colossal no jogo das meias com a alemanha. Foi vítima da equipa nesse jogo.

Defesa direito - Sérgio Ramos (esp). Ramos jogaria em qualquer lugar da defesa, já que é fantástico em qualquer um. Na minha selecção jogaria à direita por uma questão de rentabilização dos centrais.

Alternativas - Srna (Croa).

Centrais - Pepe (port) e Piqué (esp). Sim, eu desfazia a dupla piqué/ramos, mas com ramos à direita e a inclusão de pepe, não ficaria a perder.

Alternativas - Hummels (al) e Bonnucci (it).

Defesa esquerdo - Lahm (al). Pela experiência, pela qualidade técnica pela forma como apoia o ataque. É um defesa cerebral que não tem a velocidade das alternativas mas compensa com a qualidade técnica. Não parece um defesa. Gosto mais dele na direita e nesse caso entraria Alba para a esquerda mas então sairia Pepe. E era uma pena...

Alternativas - Alba (esp) e Coentrão (port).

Médios - Pirlo (it), Xavi (esp) e Iniesta (esp). Pirlo e Iniesta (justamente consagrado o melhor jogador do euro) são indiscutíveis. Já Xavi não foi regular, como é seu hábito. Mas depois da sua fantástica exibição na final, como deixá-lo de fora?

Alternativas - Khedira (al), Moutinho (port) e Modric (croa). Mas também Alonso (esp) e Busquets (esp). Tenho grande dificuldade em fazer uma selecção de médios...

Avançados - Ozil (al), Ibraimovic (Sue) e Ronaldo (port). Ok, falta um extremo direito de raiz. Mas Ozil chegou a fazer a posição nalguns jogos da alemanha e foi titularíssimo numas das melhores selecções da prova. Poderia funcionar como um criativo solto a apoiar o meio campo, um pouco ao estilo de fabregas na espanha. Ronaldo fez duas das maiores exibições individuais do euro (com a holanda e a república checa) e Ibraimovic confirmou a classe, embora não possa fazer muito numa selecção relativamente frágil como é a sueca.

Alternativas - Fabregas (esp), Balotelli (it) e Mandzukik (Ucrânia).

Revelações:
Deixo uma nota final para dois polacos que não conhecia: o lateral direito Pieszcek (escreve-se assim?) e o médio ala direito, Blaszykowsky  formaram uma das melhores alas do euro. Noutra selecção dariam cartas (de resto no Dortmund foram campeões da bundesliga).
O médio direito ucraniano Konoplyanka também mostrou qualidade, principalmente no último jogo da sua selecção. Mas o melhor jogadro ucraniano foi o ala esquerdo, Yarmolenko, um jovem jogador com grande futuro.
Uma referência final, ainda, ao russo Dzagoev, um goleador que poderia ter ido longe, não fosse a negligência da sua selecção no jogo com os gregos...
Apesar do fracasso das respectivas selecções gostei de Ribéry (Fr) e de Walcott (Ing) cuja não titularidade não entendo numa selecção quadrada como a da inglaterra. Welbeck (ing) marcou um golo fabuloso e é um jogador de futuro, mas ainda não foi consistente.
Manzukik da croácia foi uma boa surpresa, é uma alternativa de primeira para um sitema de 4-4-2. Aliás, toda a equipa esteve bem (principalmente o meio campo e os alas) mas teve azar com a a itália e uma arbitragem infeliz com a espanha.
Fnalmente, não percebi o acesso de personalidade do seleccionador alemão Low que resolveu pôr-se a brincar às selecções: o que é que lhe deu para não dar a titulraidade absoluta a um jogador como Gomez que estava a ser o melhor marcador do euro? Gomez esteve bem e só não foi o avançado que conheço do Bayern porque low não quis. Porque não apostou na nova coqueluche do futebol germânico, Goetze? Até gosto do seleccionador alemão, mas não percebi o que lhe deu para se pôr a inventar. Foi castigado e bem feito, para a próxima, se quiser brincar que brinque ao fifa 2012 no pc lá de casa...

Melhor equipa:
Para finalizar, uma última referência aquela que é uma das melhores selecções de todos os tempos: La Roja! Qualquer jogador desta equipa, mesmo os suplentes, tinha qualidade para ser titular de todas as outras. Torres, por exemplo, não foi titular e foi o melhor marcador; Silva fez coisas geniais, Mata marcou um golo num minuto e vinha de um título de campeão europeu, Navas continua uma locomotiva, Pedrito esteve ao nível do que faz no barça, uffff.... E vejam só os que nem jogaram: Llorente nem entrou em campo e seria uma solução de sonho, por exemplo para a equipa portuguesa. O próprio Soldado que nem foi convocado entrava de caras na nossa selecção, a pé coxinho... E que dizer de Xavi Martinez? De Alonso? Do magistral Busquets, um dos melhores médios do campeonato? E, ainda por cima, a espanha tem o melhor jogador do euro - Iniesta! Esta é uma das melhores selecções de sempre, a rivalizar com a do brasil de 82 e de 70, com a alemanha e a holanda de 74, com a argentina de maradona (e com o brasil de 58, de garrincha e pelé, reza a história que eu não vi)... Achei um piadão aos arautos do fim de ciclo da selecção de Espanha. Como seria se não estivéssemos em fim de ciclo? Nem queria ver...

02/07/12

O Abajur Lilás, por Othelo


Começo com uma confissão: raramente fui ao teatro. E das vezes que lá fui, tirando uma única excepção (um monólogo de Mário Viegas com base em textos de Mário Henrique Leiria) mais valia ter ficado em casa. Nesta sexta feira enchi-me de coragem e voltei a ver uma peça de teatro. E desta vez, gostei. Gostei a sério da peça O Abajur Lilás do dramaturgo brasileiro Plínio Marcos interpretada pela Escola da Noite no Teatro da Cerca em Coimbra.

Pus-me pensar porque é que foram tão negativas as minhas experiências anteriores... Pela falta de condições físicas e técnicas, talvez – pelo contrário o Teatro da Cerca é um espaço com belíssimas condições para o teatro. E, sobretudo, pela qualidade dos actores. Os actores de O Abajur Lilás eram bons, coisa que não acontecia com a imensa prole de amadores das peças que tinha visto até agora. O teatro amador devia ser proibido (just jocking). Ou pelo menos a sua exposição pública. É que, como eu, há milhares e milhares de potenciais aficionados de teatro que se perderam por causa das experiências traumáticas que tiveram com peças amadoras

O Abajur Lilás desenrola-se no quarto de um bordel. Há três putas que trabalham para um paneleiro. E há um candeeiro que aparece quebrado, uma e outra vez por uma das mulheres. Embora sabendo qual das três partiu o abajur, para o proxeneta trata-se de as fazer delatar a colega. É só isso que lhe interessa – não saber, realmente, quem partiu o abajur lilás, mas sim quebrar a dignidade daquelas mulheres, torná-las sórdidas, fazer delas delatoras. A peça gira em torno desta questão da dignidade daqueles seres humanos que também são prostituas. Apesar das aparências aquelas mulheres conservam uma nobreza essencial enquanto resistirem à tortura e à humilhação da delação. Pode uma puta ser digna? Eis como… A peça é, ainda, uma metáfora da ditadura brasileira, uma referência ao ambiente sórdido da tortura, da repressão, do clima de delação então vivido

Uma nota final: esta peça começava às 9. 30. Cheguei com dois minutos de atraso e pedi desculpa quando comprei o bilhete. Não há problema, disseram-me, só começa daqui a 15 minutos. Fiquei intrigado mas depois percebi. Às 9.45 estávamos cinco pessoas na sala: eu, um indivíduo de suspensórios e camisa verde e uma senhora de cabelo curto e um senhor já de idade com a filha que conversavam sobre o neto. Percebi porque é que a peça se atrasou 15 minutos: estavam à espera de mais espectadores e eu fui o último. Cada um pagou 10 euros, a receita foi de 50! No palco eram também cinco actores. No fim levantámo-nos todos os espectadores e aplaudimos, parece que estávamos a aplaudir cada um o seu actor. Acho admirável o trabalho deles nestas condições, não deve ser fácil e eles foram extremamente profissionais.

No Brasil, no Rio e em S. Paulo, esta mesma peça de Plínio Marcos esteve esgotada . Mas, isto é a maior evidência do mundo, Coimbra nem é o Rio nem é S. Paulo. Mas há que ver as coisas pela positiva: não é todos os dias que, por apenas 10 euros, temos o privilégio de ver tão bons actores a actuarem praticamente em privado. No fundo é como se, passe a comparação, os Rolling Stones actuassem apenas para nós.´Não é melhor que vê-los a bombarem para 100 000 mecos aos saltos?

PIC:  Miguel Lança, Maria João Robalo e José Russo, "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)