25/12/12

O Grande Império do Ocidente, por Tupi Guarani

D. Luís da Cunha foi um diplomata português que serviu o rei D. João V. Inspirado no tema do Quinto Império do padre António Vieira, concebeu um projecto arrojado que teria sido, a meu ver, a solução ideal para Portugal. É uma ideia um pouco excêntrica mas, na hipótese remotíssima de ter sido concretizada, estávamos  todos hoje  muito melhor. Nós portugueses.

D. Luís da Cunha propôs, muitos anos antes da fuga atabalhoada da corte de D. João VI para o Rio de Janeiro, que Portugal fizesse essa transferência, voluntariamente, cerca de um século antes. A ideia era, precisamente, que a corte de D. João - o V e não o VI - se estabelecesse no Brasil. Depois propor-se-ia à Espanha a troca do Algarve pelo Chile. E numa segunda fase dávamos o resto de Portugal e os Espanhóis retribuiriam com a Argentina (que na altura incluía o Paraguai e a Banda Oriental, isto é, o Uruguai). Fundaríamos uma capital no centro do Brasil que se chamaria Nova Lisboa e que seria banhado por um rio a que chamaríamos Novo Tejo. Depois era só transferir a população portuguesa em peso para o novo território e ficaríamos donos de um novo império que atravessaria a América do Sul do Atlântico ao Pacífico. Brilhante! Portugal intitular-se-ia então O Grande Império do Ocidente. Isto se e é um grande se os Espanhóis fossem na cantiga e concordassem com a troca. Se fosse hoje é claro que nem de borla nos queriam. Mas no tempo de D. João V não sei, não... E, sem dúvida, a nossa vida seria agora muito melhor...

23/12/12

Prof, por Dromófilo

Avaliação final. Treze alunos. Seis com três classificações negativas, dois com quatro classificações negativas, dois com seis classificações negativas, dois com sete classificações negativas, um com nove classificações negativas.Linhas de faltas a formigar na pauta.A demagogia prometeica e delusória do voluntarismo pedagógico: Planos de Diferenciação, Actividades de Recuperação de Aprendizagens, Planos Individuais de Trabalho.A escola como o único lugar no qual se acredita ser possível o possível impor-se ao real. A escola como o impossível lugar da enérgeia da utopia, inversamente proporcional ao quietismo do conformismo social e económico - não viver acima das suas possibilidades, não desejar acima das suas possibilidades, não ser acima das suas possibilidades.No dia três de Janeiro, um incréu abrirá a porta da sala dois e recitará em surdina: concede-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar aquelas que posso e lucidez para reconhecer a diferença. Depois é o sumário.

Extraído, com  a devida vénia, daqui:  http://dromofilo.blogspot.pt/

13/12/12

Notas de Leitura: Ray Bradbuy – Farnheit 451, por Bombeiro




... E no entanto não é uma ficção assim tão distante da realidade... Quantas sociedades existiram e existem em que os livros, pelo menos uma parte deles, estão proibidos? Quantas pessoas já foram queimadas por lerem os livros proibidos? Não será a nossa própria sociedade, hoje, com as suas miseráveis taxas de leitura, a sua proverbial aversão aos livros que «são uma seca», um primeiro passo no caminho de Farnheit 451? Bradbury, um genial construtor de «cenários» apenas leva um pouco mais longe a realidade - há uma sociedade, algures no futuro, que, em vez de proibir alguns livros, proibiu-os a todos. E ai de quem teimar em ler...

09/12/12

Os Planetas, por Neurocirurgião

Um dia destes acordei a cantarolar uma música que não ouvia, para aí, desde os meus remotíssimos 16-17 anos: Joybringer dos Manfred Mann´s. Aqui:

http://youtu.be/KIDmj4VjqUA

 Fiquei a pensar no estranho funcionamento do cérebro humano e das suas reminiscências misteriosas. Porque razão hei-de andar a cantarolar o Joybringer? O que é que levou o meu cérebro a recuperar esta antiga memória recôndita?

Fui ao you tube para voltar a ouvir esta música e eis que descubro uma referência a Holst e à sua obra prima, Os Planetas, mais precisamente a Júpiter, the bringer of jollity. Ouçam a partir do minuto 1.07:

http://youtu.be/Nz0b4STz1lo

Pois é: é a mesma melodia, a música dos MM é uma citação assumida de Holst.

E percebi porque é que o meu cérebro, como se funcionasse sem mim, recuperou a memória de Joybringer. Lembrei-me que ao vir de carro para casa ouvi na rádio, precisamente, esta faixa de Holst. E, não sei por que misteriosos atalhos, recuperei a memória dos MM. Não sei porquê mas acho isto tudo espantoso: os MM que copiam Holst e o cérebro humano que associa uma memória musical pop remota a uma melodia sinfónica que, aparentemente, nada têm a ver uma com a outra.

02/12/12

Há gente tão snob, mas tão snob que até a sua miséria é mais fina que a miséria dos outros, por Farinheira

Os pobres apertam o cinto. A margarida rebelo pinto «faz um downsizing no lifestyle». É muito mais fino, quer dizer, um gajo pode ser apanhado a vasculhar o caixote do lixo, mas se tiver pinta como a margarida não anda a revolver os restos dos outros, nada disso, anda a fazer um downsizing no lifestyle. Finérimo...