23/08/10

A Capital Mundial da Bola, por Zôzimo

Finalmente fiquei a perceber o quadro futebolístico do Brasil. Já tinha estado duas vezes no país irmão, mas no Nordeste o futebol pareceu-me ser uma coisa distante... Só agora, que passei férias no estado do Rio de Janeiro (incluindo a cidade maravilhosa) fiquei inteirado acerca da geo-política futebolística do país irmão. Percebi agora, por exemplo, porque é que o Fluminense é conhecido como o «pó de arroz». O Fluminense é o clube aristocrático do Rio, uma espécie de Zbordem do Brasil com adeptos que têm a mania que são finos e diferentes mas que são tão fanáticos como quaisquer outros. Ora na sua história as elites tricolores não admitiam jogadores negros no clube. Até que em 1914, Carlos Alberto (não o craque dos anos 70), recém contratado, tentou esconder a pele negra passando pó de arroz pelo corpo com medo dos aristocráticos tricolores. Durante a jogo o suor desfez o disfarce e a torcida começou a gritar «pó de arroz». E pó de arroz ficou!

Os grandes clubes cariocas são o Flamengo (o clube brasileiro com mais adeptos), O Fluminense, o Vasco da Gama (como o nome indica, o clube dos Portugueses) e o Botafogo. Entre todos estes clubes há uma rivalidade insana mas o ódio comum a todos é o Flamengo que é detestado em graus iguais pelos adeptos dos outros três.

O Flamengo, clube do povo e da malta da favela teve grandes nomes, como Leónidas, Zagallo, Júnior, Zico, Bebeto, Romário ou, mais recentemente, Adriano. Já o Flu conta na sua história com figuras como Didi, Félix, Rivelino e Edinho. O craque actual é o argentino Conca, mas o Deco acabou de chegar... Quanto ao Vasco conta nos seus ídolos, o imortal Bellini cuja estátua está no Maracanã, Vavá e Tostão. O actual presidente é o mítico Roberto Dinamite, esse mesmo que se lesionou antes do Mundial de Espanha, abrindo a vaga de ponta de lança para o coxo do Sérginho, uma nódoa na melhor equipa brasileira que eu já vi jogar, o escrete de 82. Quanto ao Botafogo conta com nomes como Didi, Jairzinho, Dirceu, Gérson e o fabuloso Mané Garrincha. Garrincha foi o maior futebolista brasileiro depois de Pelé. Embora muita gente o considere melhor que o próprio Pelé. Mané foi uma espécie de forrest gump carioca, ingénuo como o personagem do filme. Conta-se que em pleno Mundial de 62, quando o Brasil bateu, nas eliminatórias, uma poderosa Inglaterra por 3 a 1, com uma grande exibição do Mané foi-lhe perguntado no fim do jogo o que é que ele tinha achado dos ingleses. Ao que ele respondeu que «os caras com a camisola igual ao xpto da Zona Norte eram bem mais fracos que as equipas que disputavam o campeonato local carioca!" E isto não era gozo - o Mané não decorara mesmo os nomes de algumas equipas que defrontara no Mundial. Talvez por causa dele, eu tenho uma especial simpatia pelo Botafogo...

Mas o meu clube de coração no Brasil é mesmo o Santos, do estado de S. Paulo, o time do rei Pelé. O Santos é o clube da molecada, do futebol romântico de que eu tanto gosto, o clube irmão do actual Barcelona, dos galácticos do Real Madrid ou da Holanda de Cruijjf. Foi lá que jogaram Carlos Alberto, Clodoaldo e Zito,além de Pelé... Actualmente o clube vive um grande momento. Tem um ataque do outro mundo, o famoso «quarteto santástico» com Robinho, Neymar, Ganso e André, mais dois médios de alta rotação, o trinco Arouca e Wesley (que o Benfica deixou escapar) e uma boa defesa com um excelente lateral direito, Pará. Destes todos, Robinho, Wesley e André já saíram, mas que não haja dúvidas, o futuro do futebol brasileiro passa por estes «meninos»...

Bem, eu podia ainda falar no S. Paulo, no Corintians, no Palmeiras ou no Cruzeiro (de Belo Horizonte). E ainda há o Atlético Mineiro (de Minas Gerais) e os fortíssimos clubes do Sul, o Internacional e o Grémio ambos de Portalegre... Ficam para a próxima.

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei da posta da bola. Para mim o futebol não é assim tão romântico... É mais transições rápidas após a recuperação da bola e defender sem perder a organização ocupando bem os espaços. No entanto, acho que o Brasil está a perder aos poucos aquele futebol fantasioso que tanto nos extasiou... talvez a africa venha a aproveitar e mostrar-nos isso.
Mistersemchama"

Anónimo disse...

Mister, bem vindo!

Também tinha a impressão de que, como dizes, o brasil está a perder o «futebol fantasioso» de que falas. mas o fracasso do dunga na últmima copa, com a sua equipa de armários pode ter sido muito boa. Na última convocatória do mano menezes, a nova equipa deu verdadeiro show contra os eua que,até foi uma das boas equipas do mundial. E lá estiveram david luís, olaterla dieito do braça, lucas e, sobretudo, a linha avançada de putos composta pelo trio do santos Robinho, Ganso e neymar e por Pato do Milan. E ainda faltaram Maicon e kaká... Acho que se abriu uma revolução epistemológica com o fiasco-dunga. Há esperança no futebol romântico. Ea vitória da espanha foi um óptimo exemplo e uma grande notícia para o futebol.

De qualquer modo isto tudo começou - quero dizer, a mania dos treinadores alinharem com 11 ateltas-armários - no mundial de espanha de 82. As meias finais foram Brasil- Itália e França- Alemanha. Infelizmente os representantes do futebol arte - o Brasil de zico, falcão, sócrates... - e a frança de platini, giresse e tigana - foram eleiminados por italianos e alemães. E foi assim que o futebol mudou a sua face...