20/06/11

Tropa de Elite 2 - Portugal 2010, por Taporware


Fui vê-lo já há uns tempos mas ainda deixo aqui algumas impressões sobre o filme. Tropa de Elite 2 de José Padilha é a continuação da primeira saga do capitão Nascimento. Editado em 2010, tornou-se no maior sucesso de bilheteira de sempre de um filme nacional no país irmão com mais de duas dezenas de milhões de espectadores! Claramente dirigido ao universo brasileiro, é, no entanto, curioso o seu visionamento a partir da perspectiva portuguesa. Isto é, visto por por portugueses em pleno 2010, TP2 ganha, subitamente, uma actualidade impressionante. Vê-se TP2 e não se está pensar no Brasil - pensa-se em Portugal, neste Portugal em que vivemos (ou vivíamos).

TP2 é uma espécie de radiografia dura e crua da corrupção e da sua forma orgânica e tentacular. Esta é apresentada como uma espécie de jogo de matriuscas que começa nos interesses do traficante mais miserável, estende-se até ao policiazeco metido no esquema, alastra até ao chefe da esquadra, passa pela conivência do jornalista comprado, chega ao ministério da segurança, aos deputados estaduais e atinge até o governador. Todos umbilicalmente ligados numa teia tenebrosa. O filme passa-se no Rio de Janeiro, mas é óbvio que, visto do lado de cá do atlântico, não parece assim tão longínquo.

Compreende-se porque razão o capitão Nascimento (Wagner Moura) se tornou o maior fenómeno de popularidade recente do Brasil. Este John Wayne tropical tardio é uma espécie de ajuste de contas simbólico com o sistema corrupto e com a criminalidade insana que tem/tinha o Brasil refém.
TP2 centra-se na velha questão ética dos meios e dos fins - como vencer o crime e a corrupção? Poderão os meios violentos do BOP justificar os seus fins de combate ao crime? O capitão Padilha, qual justiceiro numa cidade do faroeste sitiada por bandidos, não recua perante nada e o certo é que, a julgar pelo sucesso estrondoso do filme, os seus métodos são ratificados pelo cidadão brasileiro comum. E cá? A julgar pela algazarra que se ouvia na sala aquando dos ajustes de contas com a mafia, eu diria que o capitão Padilha também cá dava jeito.

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