08/08/04

O dia dos três Bês, por Bibi

A Confraria Satânica anda dispersa: Trinitá&Bambino banham-se a Sul, Mangas transporta a família, Nestum às voltas com a tese, o Banderas com muito trabalho e o Tinó deve andar nas ilhas gregas. Os outros não sei. Restamos eu e o Mau. Somos apenas dois confrades, mas tivémos ontem um dia em grande. O dia dos três Bês. Ou the BBB day. Bê de birdie, Bê de Bacalhau e Bê de broche. Por outras palavras: golf em Montebelo, tibornada de bacalhau em Tondela no 3 Pipos e até podia ter havido brochada no IP3 se aquela drogada desdentada que costuma estar na curva da Aguieira não se tivesse baldado. Como não estava, poupámos 5 euros cada um.
Em Montebelo, o jogo foi excelente. Experimentámos os tacos novos. Desta vez jogámos à tarde. Evitámos os inconvenientes do golf madrugador e saímos de Coimbra depois de almoço. Começámos a jogar pelas 4 da tarde e acabámos já perto das oito. O campo estava por nossa conta. Pelas sete horas, o Sol começa a esvanecer-se e gera-se magicamente aquela luminosidade coada e amarela. Interrompemos o jogo e espojamo-nos na relva. Silêncio absoluto a toda a volta. Não se vê viv'alma. Sente-se só o cheiro da relva a aliviar-se do calor e o ranger dos pinheiros. Sopra uma brisasinha de encomenda, muito leve. O céu está azul. Ao fundo, o Caramulo. Do outro lado, a Estrela reluzente aos últimos raios de Sol. Se os sinos da torre da igreja da aldeiazinha próxima tocassem uma «Avé Maria», aposto que até o Villaret era capaz de aparecer: Tocam os sinos na torre da igreja, / Há rosmaninho e alecrim pelo chão... etc. etc..
Não sei em que é que o Mau estava a pensar. Eu, cá por mim, no meio daquela rusticidade idílica, pensava: «isto agora ia mas era uma brochada!». Mas não havia putas e poupei masi cinco euros. Havia era passarinhos. A passarada andava num rodopio a aproveitar as últimas horas do dia. E nós ali espojados. No fim, um duche relaxador e fica-se com uma sensação de alma cheia. Estamos com fome e rumamos a Tondela, ao restaurante Três Pipos. Recomenda-se. O ambiente é rústico, familiar e acolhedor. Uma sala pequena, íntima e confortável. Serviço atencioso e competente. Como entradas, colocaram-nos umas tacinhas com uma punheta de bacalhau, polvo ensalsado e favas guisadas com chouriço. Bom, muito bom. O indicado para atenuar a fome. Depois, escolhemos cabrito assado no forno e tibornada de bacalhau. O cabrito estava bom, mas a tibornada estava melhor. Migas de broa com couve galega a acompanhar bacalhau cozido e desfiado. Regado com muito e bom azeite, gratinado no forno em taça de barro. Soube muito bem. Tudo acompanhado por um «Foral Grande Escolha 1998» por 11 euros o que, num restaurante, é preço aceitável. A carta de vinhos é, aliás, muito diversificada e tem de tudo. Desde o «Barca Velha 95» a 380 euros até ao «Pedra da Sé» a 4 euros. No final, sobremesas (eu comi um doce da casa feito de mousse, leite creme, natas, bolacha e noz moída, e o Mau comeu já não me lembro o quê) e café. 20 euros a cada um. Está bem, é um preço justo.
Pelo caminho, falámos de muita coisa. O Mau informou que anda a ler uma biografia de Goya e que este apelido é basco. Falámos de Goya. Por isso e lembrando-me também do post sobre a Olympia de Manet, onde o Grunfo referiu nos comentários como a Maja de Goya infuenciou a tela de Manet, decidi alinhar algumas reflexões.

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