01/04/08

Siesta, por Off Shore

Não percebo a sesta! Como dizia o Sérgio Godinho, «eu tenho a morte toda pra dormir». Acho que é uma coisa meio mexicana, faz-me lembrar gajos de sombrero enterrado na tola, desligados do mundo enquanto os gringos vivem. Não é que não goste de dormir. Gosto e muito. Mas acho um exagero passar sábados inteiros a dormir a sesta.

Os sábados à tarde com a malta no Ranhoso, na Curia, nas Lágrimas, até só a correr no Choupal, são imperdíveis. Quando for velhinho admito abdicar deles. Mas agora parece-me quase herético, parece-me uma desfeita aos deuses que nos deram a vida breve para viver e a eternidade para descansar dela.

O Mangas não perdia uma sesta ao sábado à tarde (digo não perdia porque agora ele começa a aparecer mais e mais, aos sábados à tarde). O Mangas parecia-me o Buda que andava a ver se se livrava da roda dos nascimentos e conseguia atingir o nirvana. O Buda que foi viver para debaixo de uma árvore enquanto os passarinhos lhe cagavam em cima da cabeça. O Mangas que dormia a sesta todos os sábados à tarde parecia-me, justamente, um Buda moderno. Sem passarinhos nem cagalhões na cabeça, mas ainda assim, um Buda moderno a viver o seu nirvana de sábado à tarde. Felizmente, parece que ele se está a deixar dessas coisas e agora enfrasca-se como nós na cafeína das bicas do Ranhoso. Hare krishna, mafrende...

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