20/02/09

Autoritarismo Abécula, por Grande Irmão

O Público deu a notícia: «A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) contrariou hoje uma decisão do Conselho Pedagógico do Agrupamento de Escolas de Paredes de Coura – que decidira fazer a festa de carnaval dentro do estabelecimento – e ordenou ao Conselho Executivo que convoque os professores para fazerem o desfile pelas ruas, amanhã à tarde.»

Sublinhe-se que a câmara lá da terra é de maioria xuxialista. O corso carnavelesco tem, para aquela gente, uma enorme importância e daí a decisão da directora da Dren, margarida moreira, já famosa por outras decisões mais ou menos absurdas, como aquela do caso charrua que lhe deu a notabilidade que merece. A decisão de obrigar os professores de PC a realizarem o desfile mostra até que ponto é perigosa a satelitização da escola aos interesses locais de pequenos tiranetes. Num país em que aprender português, matemática, história ou filosofia é considerado uma chatice, importante memso é o desfile do corso carnavalesco pelas ruas da santa terrinha.

Esta atitude da sra da dren, Deus lhe valha, vem juntar-se a outra tanto ou mais surrealista passada em Torres Vedras. Neste caso o Ministério Público entendeu que as fotos de «mulheres nuas» patentes numa sátira de entrudo ao computador magalhães eram pornográficas e vai de proibir a rábula. O caso de Torres Vedras é mais do mesmo.
Neste último é hilariante que o Ministério Público se considere competente para classificar o que é pornográfico e o que não é. George Bataille, Rolland Barthes ou Giogio Agamben, tudo pensadores de craveira insuspeita, andaram às voltas com o tema que está longe de ser simples. A nudez será pornográfica? Os cartazes da CK serão pornográficos? E os filmes, as telenovelas e os decotes da Soraia Chaves? E não deixa de ser irónico a censura moralista a propósito do carnaval, famoso pelas suas gajas em cuecas da Mealhada a Loulé. O carnaval do Rio de Janeiro será pornográfico? Ainda bem para os brasileiros que o ministério público de torres não trabalha no Rio ou fechavam a maior instituição carioca ao seguir ao futebol... No entanto desconfiamos que o que chocou o diligente ministério público não foi a alegada pornografia das imagens mas o ataque ao sacrossanto magalhães do regime. Terá sido o choque de ver uma mulher nua mais traumático que o de ver o magalhães parodiado? Heresia moral ou política? Seja como fôr, este caso classifica-se numa única palavra: rídiculo!
Nos dois casos é o mesmo desmazelo politiqueiro que se manifesta. Em ambos estamos perante uma espécie de proto-fascismo pequenininho, de autoritarismo abécula que é a marca registada do regime pinocrático. Os fascismos históricos a sério caracterizaram-se também pelo autoritarismo e pela intransigência que são típicos desta gente. Mas os fascismos históricos eram ou pretendiam ser grandiosos, cultivavam a decisão trágica, a arquitectura dos grandes monumentos e das mega avenidas, o estilo épico e as óperas de Wagner. Nietzsche era o filósofo do regime nacional socialista; o do nosso pequeno autoritarismo deve ser o Badaró. Em 2009 episódios como estes são marcas de uma espécie de fascismo kitch que, ao contrário do original, se caracteriza pela pequenez, pela parolice, pela pequena comédia... Triste sina a de Portugal: nem a imitar tiranos conseguimos ser sérios!


7 comentários:

Anónimo disse...

estás-te mazé à-riscar quinda apareça por aqui o Maluco a defender a dren e o coiso e tal e fosga-se, tás-tás.

Anónimo disse...

não que o Maluco não é doido e já viu que por aqui é melhor ter alguma coisinha de sério pra dizer antes de botar faladura.

Cavalgadura

Anónimo disse...

É uma epidemia, Grande Irmão. e propaga-se por contágio de Norte a Sul. Toma lá mais outro sintoma:

http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/499410

Anónimo disse...

Grande Irmão. Tapornumporco, percebi que entrara num Clube de homens. Fui muito bem recebida, até convidada a voltar, mas decidi que, a não ser em caso excepcional, é que faria um tímido comentariozinho aos vossos posts. Mas desta vez tenho mesmo de me "meter". Saber rir e saber fazer rir, é coisa tão boa e tão importante, e tão "séria", que merece ser saudada. Os posts de "grande irmão" e "Sargento Tainha" sáo uma delícia de graça e inteligência (e muito coimbrã) e aqui estou a dizer obrigada aos dois

Anónimo disse...

Um elogio desta senhora é uma medalha para levar a sério.

Anónimo disse...

theresa: agradeço as suas palavras, é como diz o Cão... Ainda bem que se diverte com o tapor. Já sou cliente do libri e agora até compro livros que aconselha por lá. O último foi um livro de um autor português sobre um quadro do K. Witt. Está à espera que eu acabe o Pátria do R. Harris. Estou ansioso para o ler porque o cconselho foi seu.Depois sairá post, certamente...
Grande Irmão

Anónimo disse...

Viva a dren, viva o senhor presidente do conselho, vivó!

olá a todos, amiguinhos!

maluco