13/08/15

Rambutões, por Quetzal

O rambutão é um fruto de contrastes. Por fora parece um ouriço marinho, mas é um fruto terrestre. Quando maduro oscila entre um vermelho vivo e um castanho amarelado. A polpa tem escamas pontiagudas que parecem espinhos mas que, afinal, são dóceis como fios pendentes e inofensivos. Abre-se e, lá dentro, o fruto é branco aquoso, de textura aveludada como a pele de um bebé. É doce ao gosto e muito fresco, quase licoroso, mas no final vem a surpresa - o caroço. O caroço é ácido, o que é notável porque contrasta e corta o doce do fruto. Bem se pode dizer que não se chega a saber o que é um rambutão até chegar ao caroço e sentir este maravilhoso contraste entre a polpa dce e o caroço ácido (e tóxico, segundo alguns entendidos, mas não importa). Eu nunca antes tinha provado um fruto cujo caroço fosse tão decisivo. Geralmente o caroço (da cereja, da ameixa, do pêssego ou da nêspera) é uma excrescência que não está ali a fazer nada e que só serve para se deitar fora. Mas no rambutão não é assim, a acidez do caroço é tão fundamental que sem ela, provavelmente, o fruto tornar-se-ia excessivamente doce.
Espinhos que, afinal, são franjas; do mar e da terra; vermelho e branco; doce e ácido; tóxico e refrescante... O rambutão é o fruto  dos enganos, ou então, a luta feliz dos opostos.

Quintana Roo, 7/2015

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