11/12/06

Wim Mertens, por Xeko

O lançamento do seu novo projecto “Partes extra partes”, gravado com a Flemish Radio Orchestra, com Dante Anzolini, era um bom prenúncio. Decidi-me, então, por ir ao TAGV, em Coimbra, onde Wim Mertens encantou uma sala repleta, expectante e atenta.
Era minha vontade, de início, assistir a dois concertos - um a solo, com piano e voz, e o outro, com a participação de Gudrun Vercamp, no violino -, na expectativa de ouvir "Struggle for pleasure", "Close cover" ou "The belly of an architect", assim como material inédito como "In and for itself" ou "With all its might", em dois registos diferentes.
Fiquei apenas por Coimbra, para uma experiência notável, pelo destaque que deu ao violino, tocado por uma Gudrun Vercamp inspiradíssima, que encantou.
A voz aguda de Wim Mertens continua a anunciar-se, quase etérea, ainda que de forma repetitiva, sem desvirtuar a dimensão rítmica. Mostra-se em simbiose perfeita com o piano, tal como se pode verificar em “Maximizing the audience” ou “Strategie de la rupture”
É certo que, perante 25 anos de carreira e a edição de 50 discos, é difícil esperar algo de novo, de diferente.
Mas este “refazer” da música, que o distingue no panorama minimalista actual, apoiado agora pelo violino, deu-lhe uma intensidade diferente, outra melancolia. O poder da voz - tal como é conhecido -, ainda subsiste, assim como a sua singularidade.
Além de sublinhar a paixão por ela, na sua expressão pura, mostrou-se disponível para outras sonoridades, sem abdicar do piano, que tão bem o distingue, desde “For amusement only”.
Perdida a oportunidade de 2005, de conhecer “Un respiro”, em Famalicão, não iria perder esta ocasião de o sentir, agora ao vivo, com “Partes extra partes”.
Foi o que fiz, tal como ele, só por diversão…

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