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Blog da RS.T - Real Esseponto do Tinto - Coimbra - Os Três Pastorinhos também bebiam o seu copito
Entendamo-nos: se a música deles fosse meramente um produto standard-americano, tipo rock FM ou Radio Friendly, eu passava em frente. Há milhares de grupos em todo o mundo que fazem música-pastilha-elástica com a chancela Made in USA ou simplesmente Inspired by USA. Basta ligar a rádio, aqui ou na China, e lá está a música americana. Até fede. É o McMundo em todo o seu esplendor.
Os Blood Hound Gang fazem música americana? Sim, sem dúvida. Já ouvi até quem os acusasse de serem excessivamente americanos. E são. Mas é justamente por esse excesso de América que os acho interessantes. A música deles é tão, mas tão americana que acaba por se tornar étnica. É tão étnica como a música da Cesária Évora, do Nusrath Fateh Ali Khan ou do Ravi Shankar do velhos tempos.
Nem tudo na América é standardização. É certo que identificamos frequentemente identifica-se a cultura americana com os seus denominadores globais. Há quem fale mesmo na Globalização como a imposição de um localismo à escala mundial, referindo-se à exportação maciça dos modelos americanos. Há até quem fale no Império Americano. Mas, por outro lado, também há um lado genuíno na cultura americana que inclui a Pop Art, o Grunge, o Ry Cooder, o Sam Shepard, o Johny Cash, o Hip Hop ou o Howard Kanowitz ou os motéis de beira de estrada…
Os Blood Hound Gang apanham como antenas tudo o que faz parte da afirmação americana das últimas décadas: o punk, a electrónica, o heavy metal, o hip hop, tá lá tudo. Junte-se a isto a imagem tipicamente americana de hooligans apalhaçados e as letras maradas e aí os temos. Jimmy Pop, o vocalista, é, hoje, um verdadeiro ícone dos Estados Unidos.
Curiosamente, a primeira vez que ouvi uma música deles foi num documentário, salvo erro do Michael Moore (outro americano!). A música, que é hoje o maior clássico do repertório da banda, chamava-se: Fire Water Burn A letra, forte, muito forte, para mais naquele contexto de guerra, reza assim:
The roof, the roof, the roof is on fire
The roof, the roof, the roof is on fire
The roof, the roof, the roof is on fire
We don,t need no water let the motherfucker burn,
Burn motherfucker burn!

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O problema é essa avantesma, esse falso jovem, essa instituição, essa estátua viva: o Professor de Educação Física!
Clint Eastwood, com uma simplicidade de processos absolutamente ímpar que assenta numa total ausência de enfeites técnicos, em diálogos inteligentes e silêncios reveladores, e na natural maturação de cada personagem, mantém-se fiel à história que quer contar. No trajecto não lhe escapa um duelo final, momento culminante do género do qual citarei três modelos clássicos dos quais foge deliberadamente - o ritual suspenso em intermináveis segundos no confronto um para um de Aconteceu no Oeste (Leone, 1969) – o auge da tensão entre a harmónica de Charles Bronson contra o grande plano do azul gélido no olhar de Henry Fonda; a sexualidade de Duelo ao Sol (King Vidor, 1964) com Gregory Peck e Jennifer Jones (Pearl Chaves foi o animal fêmea mais fatalmente lascivo e sexual de todas as história de cow-boys!) - encobertos pelos rochedos a céu aberto, proferindo promessas de amor e, ao mesmo tempo, descarregando chumbo na carne que os devorou, os amantes acabam nos braços da morte um do outro; a tensão e pólvora no duelo de Gunfight at Ok Corral (John Sturges, 1957) - os irmãos Earp e o tuberculoso Doc Hollyday ao nível câmara enterrada no pó contra os Clanton em alinhamento de fogo.
Há palavras que nos marcam para sempre. Palavras que, graças a Deus, dissemos e que mudaram completamente a nossa vida. Palavras que, uma vez ditas, fizeram de nós pessoas muito diferentes das pessoas que seríamos se nunca as tivéssemos dito. Bem ditas!
« Sinceramente não me diz nada a Scarlett. Não mexe comigo. Muito pueril, jovem, imaculada e sem sal.
Mas eu, a esse nível de actrizes, também não sou grande referência pós-moderna porque quem me dá tesão mesmo são gajas bólides como a Rita Hayworth, corpos-demoníacos como a Lana Turner, mamas-brochistas como a Kim Novack, sardas-lolitas como a Brigitte Bardot, cus-alçapões como a Kim Novack, miolos-geniais como a Marilyn. Mulheres destas, sim.»
1."A nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, despreza a autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Os nossos filhos hoje são uns verdadeiros tiranos. Não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos pais e são simplesmente maus."
E é pelo medo que a personagem de Munny adquire uma extraordinária complexidade e contradição – o mais temido dos assassinos tem pesadelos e sente medo dos fantasmas de todos os homens, mulheres, e crianças que matou, medo do Anjo da Morte com olhos de serpente, medo de morrer e, sobretudo, medo que os seus filhos fiquem algum dia a saber quem ele foi e o que fez no passado, por isso, no delírio da febre e do corpo amassado pela porrada, faz apenas um pedido: Oh Ned, I'm scared, I'm dying. Don't tell nobody, don't tell my kids, none of the things I done, hear me? Na sequência final do filme, o álcool do qual tinha sido curado pela mulher falecida, reencontra a sua verdadeira natureza e a transformação de Munny é completa; não foram uns tragos para ganhar coragem, pois se começamos por ver nele, aparentemente, um tipo misterioso e fechado em crise de identidade, na continuidade da acção, sente-se que na realidade não tem nada a esconder desde que seja ele próprio, um assassino frio e implacável que não vacila no momento de matar - metafórica ironia por oposição que evoca o personagem Dude “Borachon” de Dean Martin em Rio Bravo (Hawks, 1959), caído em desgraça pelo álcool, transformou-se num cobarde sem dignidade e será pela cura ressacada que irá conseguir de novo encarar os inimigos olhos nos olhos. Também lá estão o jovem pistoleiro sequioso de fama, o aleijado voluntarioso, a fêmea fatal e o Duke com a estrela ao peito a limpar a cidade dos vilões por uma justa causa. Imperdoável não se sustenta de causas e a justiça nunca foi para ali chamada.
Dizem que amor e ódio são opostos, que se atraem.
Até trememos… Ninguém treme com um amo-te, não nos dias de hoje. O ódio dispensa preliminares. É sagaz e objectivo. Não precisa de ser correspondido. Não precisa de empatia para se evidenciar. Acredito que só vivendo um grande ódio, viveremos um grande amor. A intensidade com que odiamos, define o quanto seremos capazes de amar.
Para quem julgava que o governo neo-fascista de Portugal já tinha atingido um absoluto grau zero completamente inultrapassável, desengane-se. O recente caso do professor Charrua ultrapassa largamente tudo o que seria imaginável. Conhece-se o enredo: Charrua é um professor de Inglês destacado há 18 anos na DREN (Direcção Regional da Educação do Norte). Terá feito um «comentário jocoso» sobre a licenciatura do sr. Pinto de Sousa nas instalações do seu local de trabalho. Entretanto um bufo, denuncia-o à directora da referida DREN. E que faz a senhora? Manda chamar o bufo e explica-lhe que o seu comportamento é inadmissível numa sociedade democrática? Propõe-lhe a frequência de uma acção de formação sobre ética, direitos constitucionais, tolerância ou liberdade de expressão? Népias! Concerteza, agradece ao bufo pelo serviço prestado à nação, abre um processo disciplinar ao professor Charrua e, sem sequer concluir o dito, imediatamente, sem o ouvir, suspende o destacamento ao prof e manda-o regressar à escola de origem.
Ei-los de novo, potentes, explosivos e exóticos: os Jacarandás. Neste ano, o Jacarandá da esquina nascente da Escola Superior de Educação, na Solum, atrasou-se e o primeiro a despontar a floração foi o Jacarandá da Académica. Brioooosaaa!.
Quer o da Escola, quer o da frente do Pavilhão da Académica já estão em plena floração. Como sempre, a dúzia de venerandos Jacarandás da Rua Leonardo de Almeida Azevedo ainda estão a deixar cair a folhagem. Há que aguardar mais uns dias para o desabrochanço destes. Não percam depois o Jacarandá do Trianon, hoje a mais bela copa da cidade. E lamentemos de novo que com a construção do Fórum não tenham sabido salvar o maior e mais bonito Jacarandá de Coimbra, que era o da Mondorel no sitio onde hoje é a estrada de acesso ao centro comercial.
Enquanto se espera pelo “azul estonteante” da republicana subida, aqui ficam os Jacarandás pela voz de quem sabe: Pablo Neruda no seu Canto Geral abre o poema Vegetação com “O Jacarandá soltava espuma, feita de resplendores transmarinos, (…)”, e Manuel Vazquez Montalban no As Termas mostra-nos um Pepe Carvalho rendido: “Um microclima, diz repetidamente para si Carvalho, quando quer explicar o milagre dos Jacarandás,(…). Rafael Alberti no poema Vaivém, fala da “neve azul do Jacarandá”
Coimbra está cheia deles. Abram esses olhos com olhos de ver e levantem a cabeçorra, que há desabrochanços mais bonitos nas copas do que nos passeios!
Há uns dias escrevia o Mangas de Revenga e sus muchachos, despertando alguns doces arrepios. O post foi leve e esquecido com o Barão mas sabemos que foi de boa vontade. E o Barão bem se lembra, que o espectáculo, não ficou só nesses simples estertores. E não digo mais, por que em Revenga rolou muita coisa e se continuarmos a discussão ainda perco o pio. Agora, vamos ao o que interessa. Miguel Delibes poeta de prosa quotidiana, escreve e muito de Tierra de Campos. Para o Télurico ler de Tierra de Campos, é sonhar com Revenga, com aromas e memórias de um tempo de rebeldia imberbe e de descobertas. È por estas coisas que a leitura dos relatos de Delibes, lhe são tão entranháveis. Nos relatos de Delibes, há uma personagem que é quase uma constante da sua obra. O caçador é uma das figuras mais carismáticas, eloquentes e românticas da paisagem castelhana.
Delibes descreve fielmente, essa antagónica dualidade do caçador, de carácter tão hermético como efervescente, um carácter crescido nas mãos dum território severo e extenuante como é Tierra de Campos.
Miguel Delibes, enorme escritor, também foi caçador e sem duvida o escritor que mais nos aproxima a essência do caçador de Tierra de Campos, uma forma própria de viver e amar o campo.
Em 2005, última publicação de este relato – Diário de un Cazador – com mais de 50 anos de história, Miguel Delibes nos deleita com um texto alegórico a este espírito télurico e cinegético:
A Vergés, que era un hombre de negocios muy literario, fue ésta la novela que más le gustó de las publicadas por mí hasta la fecha: «!qué buen Nadal (Premio Nadal) hubiera hecho este libro!», solía decirme. Y es el caso que, pese a anticipar en el titulo de que iba el asunto, El Cazador gustó y tuvo un movimiento extraordinario que no ha cesado cincuenta años después, edición tras edición.
También hubo movimiento humano. La inolvidable cuadrilla del 55, a la que dedico este libro, se acabó, como suelen terminar los negocios de los hombres, por defunción. Mi padre dejó de «subir gallardamente sus ochenta años ladera arriba» y falleció unos meses después de nacer Lorenzo. También Vicente Presa, mi querido compañero en el crucero Canarias, dejó de existir años más tarde, mientras mi hermano José Ramón, que «solía llevar de postre un tocinillo de cielo» fue más longevo: nos dijo adiós el año pasado, en primavera.
Contra el tiempo nada pueden los hombres, aunque si algunos libros. Y confío que este, cuyo nacimiento comento ahora, sea uno de ellos.
Quando eu era pequenino, quase tão pequenino quanto as carraças que já então, penduradas de meus lóbulos, me faziam parecer com o Johnny Depp em pirata, as vizinhas chamavam-me muito assim
– anda cá meu menino
Ou então é por causa das dívidas.
De qualquer maneira, deixei crescer o pêlo e nunca mais mapareci ao Johnny Depp.
Seu voltar a ter um cão chamo-lhe isso, Depp.
Os animais são nossos amigos. Os porcos são muito mas os cães são bastante. Os animais servem para muitas coisas e alguns são muitos engraçados. Mas há animais que não têm graça nenhuma. Como as aranhas e as cobras. As tartarugas são muito giras porque andam muito devagarinho e parece que estão sempre a rir. Eu gosto muito de tartarugas. Mas gosto mais de cães. Há cães que são mais giros do que outros. Há cães grandes, há cães peludos, há cães carecas, há cães pequenos e há cães muito pequenos, há cães assim e há cães assado. E há cães mais ou menos e cães assim, assim. Os cães são animais muito inteligentes e fazem muitas habilidades. Na selva não há cães. Os cães vivem nas cidades e nas casotas deles, comem ração e às vezes carne crua. Há cães que roem ossos e há cães que roem tudo. Há cães que não roem nada porque já estão velhinhos e não têm dentes coitadinhos. Os cães cheiram tudo e fazem xixi nos postes. Os cães encontram pessoas enterradas na neve e dão-lhes aguardente. E agora uma poesia:Série Cão – Parte 3
Os Chineses gostam do Cão com rebentos de soja e bambu. Os Vietnamitas preferem-no lacado no forno. Depois, há um montão de países ocidentais e degenerados, em que mulheres e homens preferem o Cão para outras coisas. Apenas assim se explica o sucesso dos lulus bem tratados e melhor alimentados que por aí andam à fartazana. Não é assim de estranhar que um dos extreme porn que mais cresce seja a zoofilia, com os holandeses, alemães e brasileiros a darem cartas. Os americanos e os ingleses em função do crescimento da indústria e dos actos canídeos que começam a aparecer pelos jornais e hospitais resolveram actuar. Os Americanos discutem a lei, e os Ingleses já a aprovaram.
A malta dos direitos dos animais atinge aqui um extremo interessante e que importa aqui discutir no Porco – sempre atento a estas coisas -, uma vez que o resto da sociedade portuguesa cala o assunto!
No Reino Unido, o idiota do Blair sempre pronto a cavalgar qualquer tema que lhe dê a primeira página dos tablóides, já fez aprovar a Sexual Offenses Act 2003, cuja Secção 66-71, proíbe a relação sexual com um animal vivo. E define que tem que haver penetração do animal na vagina ou ânus humano ou penetração humana na vagina ou ânus do animal. Ora, isto deixa-nos desde logo com muitas considerações interessantes. Pode-se comer o Cão, mas não sodomizá-lo. Pode-se fazer um arroz de miúdos com o galináceo, mas vai-se preso se houver penetração do orifico. Atão e o gajo que só quer ver se há ovo? Tem que matar em primeiro para penetrar? A morte serve aqui de charneira para a licitude. Pela simples razão que não se pode comer o animal vivo, e os Ingleses comendo mal ainda não deram em vegetarianos.
Os vizinhos ingleses suspeitando agora que o musculado Grand Danois serve para fins mais recreativos que a mera passeata para a Dª Harriett, podem agora telefonar para a polícia e denunciar a violação do abuso do animal. Mas isto levanta questões chatas, mesmo para a polícia. Suponhamos que a policia rebenta com a porta da Dª Harriett e dá com ela de quatro a aguentar o Grand Danois, que satisfeito faz o serviço intensivo. Qual é o policia que vai lá tirar o monstro e explicar-lhe que estão ali em defesa dos seus direitos? Olha lá!
E quem diz o Cão, diz tudo. Atão pode-se torcer a pescoceira ao Perú e cozinhá-lo recheado a 200 graus no forno, mas não se pode sodomizá-lo? E se se provar que o Peru provocou? Que diabo um homem não é de ferro!

Abaixo De Cão – Série Cão – Parte 2
Eu sempre gostei da Matemática. Infelizmente, a minha matemática não era a matemática da professora. À pergunta 8x8 a resposta nunca era um número simples, mas sim o produto composto de duas ou três páginas de livre expressão artística e puro artesanato, onde abundavam as repetições libertárias do enunciado, alguma bonecada para enfeitar e sobretudo muita palha interrogativa sobre o sentido da vida e porquê da não existência duma árvore leitoeira no paraíso bíblico.
Invariavelmente, acordava destas divagações de olho fechado, com o lançamento certeiro do giz do quadro pela professora Balsa, que não só mandava o bocado de gesso com força superior a MC ao quadrado, como o pedaço de giz ainda ricocheteava na minha cornadura e ainda ia acordar o amigo Picareta, que atrás de mim não só dormia como roncava. MC ao cubo!
Perante o relatório do giz, o meu pai que contava com um Engenheiro, pôs-me a mão no ombro e disse-me com os olhos postos no horizonte (eu não vi bem que tinha um olho negro, mas o velho falou do futuro, pelo que devia estar a olhar pra longe): - Meu filho, desisto, como ainda não abriu a Independente não vale a pena insistir na Engenharia, a Filosofia também era desgraça demais, pelo que, olha vais pra Direito que ainda se poupa uns dinheiritos da avença do Dr Abranches, que me custa os olhos da cara!
Ora, isto tudo para dizer o quê? Simplesmente que para mim, a matemática é um espécie de free jazz, é um território de liberdade criativa, de poesia e de profunda divagação, uma espécie de terra dos livres e pátria dos bravos. É território onirico e só lá entro de noite.
A Avis, esse grande colosso multinacional do aluguer de biaturas, descuidou-se e contratou para fazer um anúncio publicitário com matemática, não um matemático diurno, mas um adepto da free math como eu. E vai daí saiu uma coisa deste género:
- Já sabes da fórmula das viagens?; - Não!; - Conheces a fórmula de Einstein E=mc2?; - Sim.; - Então neste caso, a fórmula é A igual a MT ao cubo!; - Ah, isso é muito complicado!; - Não é nada. A de Avis, M de milhas e T de Tap e 3 de milhas a triplicar, tááraááá, é o Programa Avis que te dá milhas a triplicar, damos 500 milhas e com o programa a Tap dá-te 1.500 milhas.
E termina o anúnciozinho radiofónico com um gongórico: “- Nunca A Matemática Foi Tão Simples!”. Nem mais. E pra mim adepto da Matemática Onirica não havia nada de mal. Tava tudo bem. Free Jazz. Só que a minha filha chegou-me a casa a queixar-se de que a professora de matemática lhe chamou “Menina da Avis”.
Fui investigar e de facto parece que elevar a “potência ao cubo” não é pôr aquilo a triplicar, mas sim a multiplicar. As prometidas 500 milhas, não dão 1500, mas sim 125.000.000 de milhas. É muita milha pra prometer. A matemática é lixada.
A Avis concordou e já refez o anúncio. Agora quando o ouvem já não dizem ao cubo, mas só a triplicar. No meio disto há um matemático onirico da Independente que foi ao cubo à Avis. Avis e Matemática, land of the free, home of the brave! Abaixo de Cão!
PS: Na foto, perscruta-se o horizonte à espera das 125.000.000 de milhas da Avis.
Ciclo Cães, Parte 1
Dizem as notícias de hoje, que o Mourinho foi preso na velha Albion, porque se opôs a que a polícia inglesa lhe levasse de casa o canídeo de estimação por violação das regras de quarentena. Segundo rezam as crónicas, o perigoso Yorkshire Terrier terá sido reintroduzido no país sem a vacinação completa. Assim um bocado à lá ganso patola carregadinho de vírus h5n1. A Scotland Yard que deixa que lhe escorram entre os dedos 70.000 crianças desaparecidas por ano, não perdoa nestas coisa dos Terriers e actua com eficácia.
Ora isto é perseguição, pura e dura. O Yorkshire Terrier é inglês, inegavelmente inglês, e o que traz no pelo inglês é e de lá o trouxe! Jamais um bicho daqueles poderia ser português. Falta a queda de pelo, falta o ranço e a frieira, e falta sobretudo o coelho, o gato da vizinha ou perna do carteiro a pender da dentuça ferrada. O Yorkshire não tem que ser apreendido porque é de lá, não é de cá, aliás como o próprio nome, a raça e o estilo indicam. Ainda se fosse um perdigueiro, um serra da estrela, um fila dos açores, um cão-de-água, que devia mudar o nome pra cão-de-pato, um podengo ou um rafeiro, ainda vá que não vá, quarentena que ali há piolho, pulga e carraça latina. Mas um Yorkshire Terrier, pelo amor de deus!
No final, o Mourinho foi preso, mas o Yorkshire ficou. A Yard foi ao que queria e trouxe. Eficácia.
De toda a fruta a maçã é a mais ambivalente. Para mim, a maçã é a antítese simbólica da cereja. A cereja é o fruto mais positivo de todos, o mais intenso e forte, o que tem o vermelho mais vivo da natureza. Mas como todas as paixões dura pouco, uma primavera, se tanto, e definha.
Augusto, gordo atrás do balcão, fixa o nada de olhar perdido para as bandas difusas do outro lado da montra. O merceeiro silencioso reflecte nas contingências da vida e espera vagamente pelo próximo cliente. A mercearia de Augusto, homem de 54 anos e alguns meses, abarrotava de mercadoria diversa à maneira das velhas mercearias de bairro de outros tempos, como se houvera parado no tempo. À excepção de alguns melhoramentos cromados aqui e ali e das novas gamas de mercadoria mais colorida que noutros tempos, tudo permanecia como dantes na mercearia Mimosa, apenas mais gasta, como Augusto, que envelhecera atrás do balcão de madeira coberto com plástico de padrão aos quadrados. Estamos em finais de Abril e Augusto dá consigo a pensar que é quase época do morango. Um frémito de prazer lúbrico percorre-lhe o corpo gelatinoso e Augusto antecipa orgias vermelhas.Para o porno-analfabeto mais comum pode parecer esquisito que a grande campeã do Deepthroat não seja a Linda Lovelace do Garganta Funda! Pois não é! The Big Queen Of Deepthroat é a LOA, Little Oral Annie, de seu nome real Andrea Parducci, neta dos Parducci dos tintos californianos, que entendeu largar os vinhos e dedicar-se aos leites. Perdeu-se uma enóloga, mas ganhou-se uma engolidora de espadas.
É certo que o Deepthroat e a ex - stag movies star Linda Lovelace (qual violação, qual carapuça), são as grandes referências do sexo oral profundo. Contudo, ninguém aprofundou tanto tal ciência como a sex star Litle Oral Annie. Esta senhora era uma perfeccionista e depois do lançamento da moda pela Linda Boreman, foi ela quem investigou a fundo o problema larinjo-esófágico. Isto é: Como engolir o Sardão até mais Não!
Dirão vocês, pois então o que fez a Linda? Certo, também o fez, mas o Harry Reems do Deepthroat, apresentava uns míseros 17 a 18 cms, ao passo que o John Holmes amandava-se com 34 cm de comprido por 6 de diâmetro e a Little Oral Annie regurgitava aquilo tudo até bater Beiçola com Barrigola. Do Rei, claro. The King. Haja respeito e Paz à sua alma. Que a Força esteja com ele!
Já imaginaram 34 cms lá para dentro? E mais 6 cm de diâmetro! Irra! É preciso amor à arte. E dirá o estimado leitor: Impossível! Não, não é, e a Parducci, também ela defensora do Não há Impossíveis, fez Eureka dando com a maneira de esófagar o menir. O melhor exemplo é o filme “Thunderland In Wonderland”, onde a Little Annie contracena com Holmes. Como não se pode mostrar aqui o filme, a gente passa a explicar: basta meter a mão num boião de Vaselina e rechear a boca e garganta com doses generosas da viscosa e milagrosa pomada, que tão altos e profundos serviços tem prestado à humanidade. A menina Loa, fazia-o e em abundância. Fazia e ainda faz um bocado de impressão, mas que diabo os porcos comem coisas bem piores e andam gordos.
A Little Oral Annie, nascida em 1960, vive hoje em San Jerónimo na Califórnia onde vive com o músico Buddy Owen e dois filhos. Retirou-se das lides de engolidora de espadas, no final dos anos 80 com cerca de 35 filmes no curriculum, por onde passaram sardões bem aviados como John Leslie, Jamie Gillis, Tom Byron e Ron Jeremy. Haja vaselina que a coisa vai.
Mas também aqui há um episódio caricato. A polémica instalou-se na indústria e a coisa acelerou o fim da carreira da santinha, quando esta teimava e se recusava sucessivamente a contracenar com actores negros. Nem curtos nem compridos, nem largos nem estreitos. A menina que até fez filmes de bondage arrepiantes de dor, que engoliu o mastodonte do Holmes, que empalou o eucalipto do Jeremy, que encantou a cobra cuspideira do Byron e que engoliria o mundo desde que lhe dessem um bojão de pomada, recusava a negritude. Traçou a sua linha na cor da pele e dali não passava Pretos é que não. Nem com vaselina.
“Vinha passar os fins de semana a casa. Todas os sábados, às três da manhã, ele acordava com a garganta seca, levantava-se, caminhava pelo corredor escuro em direcção à cozinha e descascava uma manga sumarenta. Senti-a escorregar nas mãos, cortava-a às fatias e chupava o caroço. Depois, dirigia-se outra vez para o quarto, deitava-se com o cabeça no colo dela, besuntava-lhe o sexo com o sumo de manga, chupava-o delicadamente e só então, vinte e quatro horas depois de ter chegado, é que lhe enterrava o pénis nos lábios frutuosos. Ela, durante muito tempo, pensou que havia uma relação metafísica entre as mangas e a felicidade de uma boa foda e que, por qualquer motivo, cada homem encontraria, eventualmente, um sabor estimulante no seu fruto de eleição. O do marido, descobrira por mera casualidade, era a manga. Por esse motivo, nunca deixou que faltassem mangas lá em casa durante todo o ano. Havia subtileza naquela cumplicidade. Nunca falhava. Era troca por troca. Lavava a loiça depois do jantar, fazia-lhe companhia em frente à televisão, duas ou três perguntas triviais e outros gestos de rotina a que se habituaram à falta de melhor, apercebia-se bem que tão depressa podiam pisar a mesma terra que os separava como levantar voo um dia destes em direcções opostas, quando menos se podia supor. Retirava-se para o quarto com um beijo, despia a roupa, enfiava-se dentro do robe transparente, esperava por ele acordada, esperava o fecho da emissão, esperava o tempo que fosse necessário, adivinhava-lhe os passos na escuridão a caminho do frigorífico, pressentia o gume afiado da faca a deslizar na manga, e sentia-se a escorrer enquanto pensava naquelas coisas que iriam fazer quando ele se enfiasse na cama. Uma transacção de sabores com consentimento mútuo de ambas as partes. Ela dispunha-se a encher o frigorífico de mangas frescas e ele retribuía-lhe com estocadas sumarentas em cima e fora da cama, até ela se fartar. A fixação dele, pelos frutos, era recíproca nela pela vontade em se desarticular todos os sábados de madrugada numa espargata insaciável, deixar-se atropelar contra o soalho do chão e acordar no dia seguinte com nódoas negras por todo o corpo.
Não. O problema é todo masculino. A gente gosta de cerejas e mudas de estações. Depois, porém, casamos, com surdas de estações.
Chegaram as cerejas, yupiie! Ontem pela primeira vez este ano vi as vendedoras de cerejas à beira da estrada. Comprei logo dois quilos! Ando o ano inteiro a sonhar com Maio por causa das cerejas. Começou ontem e no próximo mês vai ser um regalo.
Vitorino Magalhães Godinho, Vasco Pulido Valente, Fernando Catroga e Eduardo Lourenço são, na minha opinião, os mais brilhantes intelectuais portugueses vivos. Todos têm em comum a portucalidade como objecto, o discurso histórico reflexivo como método, o género ensaístico como forma preferida de expressão, a pedagogia indissociável do discurso ideológico, a desmistificação e dessacralização da memória colectiva, o descomprometimento em relação a qualquer ortodoxia, o rumo errante que não compromete a coerência da obra e a profundidade do pensamento.
Contribuição documental para a História dos Hábitos e Costumes: Folha encontrada abandonada numa rua da Figueira da Foz no dia 11 de Maio de 2007, exemplar notável de romantismo epistolar contemporâneo:
Portugal comoveu-se com o caso do desaparecimento da Maddie. Oxalá a encontrem e seja punido o criminoso que a raptou. Mas há uma questão que não pode deixar de ser colocada: a da quantidade dos meios envolvidos na operação de localização da miúda, em contraste com outros casos de crianças portuguesas raptadas. É claro que está muito bem que se mobilizem todos estes meios para encontrar a pequena britânica. Certo. Mas a questão que fica é: porque é que não se mobilizaram meios idênticos para se recuperar o Rui Pedro, por exemplo, desaparecido há 4 anos? E todas as outras crianças portuguesas desaparecidas ao longo dos últimos anos?Foto: David Hamilton, Pureza
