17/07/07

Só a fingir... a brincar! ... porque as dores só nos custam, quando o corpo é o nosso..., por Jumpseat

Ao fazerem as escavações em Alcochete, para a construção do novo aeroporto, é descoberta, no grande deserto da margem sul do Tejo, uma enorme reserva de petróleo.

Na eminência de Portugal, se poder tornar numa das maiores potências exportadoras de petróleo, George W. Bush, incorporando o grande e verdadeiro espirito de Liberdade, demonstra preocupação com a violação de certos direitos “deste país pequeno, pobre, mas com direito à sua liberdade de expressão!!”

Aproveitando a onda de Sócrates e a sua “democracia sim, mas não tanto...”, em três dias, os EUA invadem Portugal e depõe o governo.
A Comissão Europeia diz: (à semelhança do que se passa em Darfur) “calma, talvez a situação não seja tão alarmante como se pensa... por vezes os jornalista têm a tendência a dramatizar”.

Associados a Espanha, (a quem nunca passou a vontade de cá se pôr outra vez), os Estados Unidos passam a governar através de Zapatero.

Pessoas da capital são forçadas a abandonar as casas, os empregos, as famílias, somente com o que têm no corpo (à semelhança do que se passou em Kabul).
Os que resistem e ficam, passarão dias de provação e dor.

Para as grandes Universidades do país, Coimbra, Braga, Porto, Faro e Lisboa, são mandadas as tropas especiais de, “nuestro ermanos”, (as mesmas usadas no combate aos Bascos e postas à paisana nas Universidades daquele província), na tentativa de calar aqueles que se organizam e resistem.

À semelhança do que se passou há poucos anos, nas ilhas Diego Garcia, os Estados Unidos acham que os Açores e a Madeira, são excelentes spots para a colocação de bases militares.
Começa então a despopularização, das insulares Portuguesas, e TODAS as pessoas que ali viviam, desde sempre, são enviadas para as ilhas Desertas, ao largo da Madeira, destinadas à fome, miséria e pobreza.
E tal como no discurso americano aquando dos habitantes das Chagos: “ São só ilhas. Nós precisamos daquelas bases, e estas pessoas estão habituadas a ilhas, por isso fomos cuidadosos e os mandamos para ilhas também.”, Bush, justificando assim, a despopularização e o envio de habitantes para as Desertas.

Por todo o Portugal, começam a surgir focos de revolta, e alguns fogem para as montanhas, onde ficam sitiados meses (à semelhança de Timor, com a Indonesia.)
Fugir, parece impossível, pois Espanha ladeia todas as fronteiras, e para a fuga resta apenas o Oceano, sem meios, provisões ou horizontes.

A Comissão Europeia, pensa em entrevir, mas Inglaterra desmistifica e desdramatiza: “Calma... no fundo, Portugal só vai melhorar e descobrimos que afinal, lá existem armas de destruição massiva!”

Os gangs de miudos de etnias várias, juntam-se à grande revolta que se sente por todo o país, formando pequenos grupos (à semelhança da Palestina) armados... e dizimados pelas tropas – (os famosos danos colaterais...).

É então que começa a ser aplicada a Lei Australiana, da Stolen Generation.
Pelas casas adentro, onde a angústia é vivida, abate-se agora a negritude do medo.
Militares armados, retiram das famílias as suas crias. Milhares de crianças e jovens são raptadas dos lares portugueses, e colocadas em Espanha, em Instituições Governamentais, “para permitir a Desportugalização, de modo a que elas possam já pensar como em Espanha... Aprenderão a língua deste novo país que estamos a criar, serão adoptadas por famílias de bem, e tornar-se- ão em homens livres!!” ... e muitos (à semelhança do que se passou na Austrália), serão brutalmente abusados, pelos trabalhadores dessas mesmas instituições...
Os que tentam resistir a esta medida, vêm, impotentes, as suas mulheres serem violadas vezes sem conta, torturadas e por vezes mortas às mãos dos militares que trazem a democracia este país.

Aqueles, que se reúnem em Tertúlias de Resistência (tipo o Porco) vêm-se perseguidos, torturados e alguns extraditados para a grande prisão que foi agora construída nas Berlengas, outros, apenas desaparecem (como no Chile ou Nicarágua).

De França, (à semelhança do que se passa no Iraque), parte a Legião Francesa, em auxilio dos Americanos. Pois os portugueses são rijos, e não se vergam.
Sorrateiramente, o Leão Francês, envia também (à semelhança dos enviados para o Iraque) os seus melhores torturadores, capazes das maiores atrocidades, outrora, experimentadas e feitas no Magreb.

Os corpos vão-se amontoando nos estádios de futebol e queimados em pira. Os campos, outrora de trigo alentejano, são agora cobertos de refugiados... pragas, doenças, excrementos, velhos, feridos...

Mãe Rússia, com grande comunidade de imigrantes cá, entrevem, em auxilio das terras lusas. Mas os EUA explicam “que dá para todos”, e logo Putin, manda aviões buscar os Russos que cá andam, e os Portuguese que se fodam (que na maior parte dos conflitos, é o que acontece!)

(À semelhança do caso dos árabes) Os milhares de portugueses espalhados pelo mundo fora, começam a sentir o poder do racismo, e em todos os canais se fala de como Portugal mal tratava os seus habitantes, como era hediondo o que lá se passava, e como os grandes libertadores americanos nos vieram salvar.
Portugal passa a sinónimo de terrorista e daqui a dois dias, até se descobre que Bin Laden tinha uma casa de férias na Quinta do Lago.

Em França e Alemanha, a comunidade portuguesa começa a ser alvo de xenofobia e violência. As lojas de portugueses pilhadas, os filhos brutalmente espancados e as raparigas vedadas de andar na rua.
No Luxemburgo, ninguém dá mais emprego aos portugueses, e só lhes resta a miséria.

Pela Europa fora, Portugal “afinal merece o que se está lá a passar” e a Comissão Europeia começa a concordar, que “se calhar passavam-se lá coisas que nós desconhecíamos!! Ainda bem que existem os Americanos!”

Escritores, pintores, poetas, dramaturgos e escultores lusos exilados, escrevem sobre a beleza do nosso país, pintam a revolta, falam da angústia que se vive, mas sempre com o coiro salvaguardado!
Politicos portugueses exilados levantam a voz, e a estes, juntam-se os pseudo-intelectualóides de esquerda, a quem tudo serve, desde que seja contra a América.
Organizam-se cordões de solidariedade, acenda de velas, manifestações pela paz e mais uma vez, acaba tudo à porrada.

(À semelhança do que aconteceu aos pais de um amigo meu, Checo, aquando a Primavera de Praga) Um casal de Portugueses que passava férias fora, assiste à invasão pela televisão, e não pode voltar ao seu país.
Tão cedo, não saberá como estão os seus filhos adolescentes, os seus pais doentes, ou os seus amigos de serão.
Com a roupa de férias no corpo, pede asilo politico a um país nórdico. E sem saber a língua, ou os costumes, viverá ali... até um dia que possa voltar para casa...

(à semelhança de Sarajevo) Nos campos onde se passeavam os cães, nos jardins onde os putos brincavam, nos quintais onde a avó planta a salsa, são colocadas minas terrestres que ali ficarão a oferecer a morte. (e à semelhança do Vietname) na água das grandes cidades, é colocado arsénico.

Angola (grande exportador de armas) continua a mandar mercadoria para os Portugueses, mas a população já não aguenta... morre... definha... sem ninguém que a acuda...
O contencioso de militares português, é nada, face à águia americana e à ermana españa.

Direitos humanos são violados todos os dias.. os monumentos de outras histórias, são agora escombros... nos rios bóiam cadáveres... nos campos, o fogo.

Dois anos passam, de terror, sofrimento, medo, angústia... e é a inércia daqueles que podiam fazer alguma coisa, que fica amarga nas bocas dos que sofrem...

E um dia:
Epá... afinal, aquilo não era bem petróleo!
Se calhar exagerámos naquilo das armas massivas.... e o povo português não é mau. Sócrates (já enforcado) é que era.
Ó España, se calhar é melhor a gente se ir embora, e no fundo vocês tiveram sempre mais interesse nisso do que nós. Nós sempre quisemos foi a liberdade dos Portugueses!

*
Até pode dar vontade de rir...

A mesma vontade de rir, que daria a um Afegão, a um Iraquiano ou a um Vietnamita se tivesse mostrado isto, antes de o seu país ter sido dizimado...
A mesma vontade de rir, que lhe daria, imaginar que uma estória ridícula assim, pudesse acontecer num sítio do mundo... quanto mais no seu país.

Vontade de rir que dá, antes da vontade de chorar, quando se olha para uma terra desmembrada, com as mãos cheia de vítimas, de sofrimento, de vazio por muitos e muitos mais anos...
Terra, onde os que ficaram vivos, a única coisa que procuram entre os escombros, é o rosto familiar de alguém que tenham conhecido numa outra vida.
Naquela... antes da guerra...

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