Tem sido muito frequente, desde que o Tapornumporco existe, ser abordado na rua por desconhecidos que me reconhecem como um dos autores do blog. Confesso que tem sido agradável, mas ultimamente as pessoas têm-se dirigido a mim de forma agressiva, perguntando: “Então vocês, que tanto escrevem sobre comida e bebida, nunca se lembraram de fazer um post com uma receita de culinária?”. Bom, eu fico sem saber o que dizer e tento desviar a conversa: “E os jacarandás? O senhor já reparou nos jacarandás este ano? Olhe ali um atrás de si, olhe ali, rápido!” Não adianta…respondem-me sempre “quer-me parecer que vocês é só paleio…” e eu acabo por ter de fugir sob a ameaça de pedradas e chapeladas. É assim todo o santo dia, e tenho inclusive recebido imensas chamadas anónimas de húngaros aos gritos. Pois bem, é chegada então a altura de fazer um post de culinária apropriadamente chamado “receita de bacalhau com hortelã”, com uma receita de bacalhau com hortelã que já testei com muito sucesso.
“Receita de Bacalhau com Hortelã”
Esfrega-se um bacalhau com palha-de-aço até desfazer. Recolhem-se os pedaços do bacalhau assim desfeito e colocam-se numa panela. Põe-se a panela ao lume e deixa-se estar assim durante cerca de um quarto de hora em lume forte. Raspa-se então o bacalhau do fundo da panela com uma colher, coloca-se dentro de um alguidar de barro, junta-se natas frescas, duas cebolas e três folhas de eucalipto e põe-se ao sol durante três semanas. Findo esse período, coloca-se dentro do alguidar um raminho de coentros. Pequeno, um raminho pequeno. Em não se conseguindo arranjar raminho tão pequeno no mercado, à cautela não se colocam coentros. Deixa-se estar assim durante mais dois minutos ao sol, não mais, sob risco de as natas azedarem com o calor. É então a altura de encher o alguidar de água morna e colocá-lo ao lume. Passados dez minutos, enche-se até cima de massa de cotovelo de tamanho médio e tritura-se com uma varinha mágica, deitando ao mesmo tempo por cima, lentamente, um fiozinho de caramelo líquido. Enche-se de seguida o alguidar com licor beirão (um cálice), massa de tomate, um pouco de azeite, banha de porco, rosmaninho, hortelã, caril, açafrão. Sobretudo, não cair no erro, tão comum entre as donas de casa, de juntar torresmos. Não se conseguindo evitar, que se cortem pelos menos os caules e se raspem os pêlos. Mexe-se então um pouco e vai a alourar ao forno. Entretanto, à parte, vai-se esmagando duas gemas de ovo (ou múltiplos de dois) num almofariz (…). Retira-se o alguidar do forno quando se formar no cimo a habitual crostazinha e expõe-se durante quinze dias na mesa baixa da sala de estar. São curiosas as reacções das visitas, acreditem. Finalmente, serve-se. Para acompanhar, aconselhamos um Barca Velha, ou um qualquer outro vinho monoparental, misturado com licor de canela a dois terços. Há também quem goste de beber estreme o licor de canela, isto é, sem mistura. Para o gran finale, um pastel de Tentúgal, um Português Suave e uma cevada adoçada com drageias.
“Receita de Bacalhau com Hortelã”
Esfrega-se um bacalhau com palha-de-aço até desfazer. Recolhem-se os pedaços do bacalhau assim desfeito e colocam-se numa panela. Põe-se a panela ao lume e deixa-se estar assim durante cerca de um quarto de hora em lume forte. Raspa-se então o bacalhau do fundo da panela com uma colher, coloca-se dentro de um alguidar de barro, junta-se natas frescas, duas cebolas e três folhas de eucalipto e põe-se ao sol durante três semanas. Findo esse período, coloca-se dentro do alguidar um raminho de coentros. Pequeno, um raminho pequeno. Em não se conseguindo arranjar raminho tão pequeno no mercado, à cautela não se colocam coentros. Deixa-se estar assim durante mais dois minutos ao sol, não mais, sob risco de as natas azedarem com o calor. É então a altura de encher o alguidar de água morna e colocá-lo ao lume. Passados dez minutos, enche-se até cima de massa de cotovelo de tamanho médio e tritura-se com uma varinha mágica, deitando ao mesmo tempo por cima, lentamente, um fiozinho de caramelo líquido. Enche-se de seguida o alguidar com licor beirão (um cálice), massa de tomate, um pouco de azeite, banha de porco, rosmaninho, hortelã, caril, açafrão. Sobretudo, não cair no erro, tão comum entre as donas de casa, de juntar torresmos. Não se conseguindo evitar, que se cortem pelos menos os caules e se raspem os pêlos. Mexe-se então um pouco e vai a alourar ao forno. Entretanto, à parte, vai-se esmagando duas gemas de ovo (ou múltiplos de dois) num almofariz (…). Retira-se o alguidar do forno quando se formar no cimo a habitual crostazinha e expõe-se durante quinze dias na mesa baixa da sala de estar. São curiosas as reacções das visitas, acreditem. Finalmente, serve-se. Para acompanhar, aconselhamos um Barca Velha, ou um qualquer outro vinho monoparental, misturado com licor de canela a dois terços. Há também quem goste de beber estreme o licor de canela, isto é, sem mistura. Para o gran finale, um pastel de Tentúgal, um Português Suave e uma cevada adoçada com drageias.
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