27/11/09

o Brasil tá cada vez mais parecido com Portugal! E não é pelas praias nem pelo sol..., por Fartinho da Silva

Dedico esta música ao godinho da sucata, ao vara e aos penedos. Ao socas apanhado nas escutas que não valem porque lhes falta a auorização certa que a outra era errada, ao procurador e ao outro de barbas que brincam ao jogo do empurra, ao sousa tavares, opinionista que aluga o cérebro ao quilómetro, ao marinho pinto advogado, preocupado com o sr primeiro ministro mas não com o direito, às virgens púdicas muito preocupadas com a violação do segredo de justiça (mas qual? A mesma que leva a que os arguidos do face oculta tenham mudado de tlm, avisados em junho de que estavam a ser escutados?), ao passos serôdio coelho que nos manda calar por decoro(?!), ao tónio costa lava mais branco, à família do socas e aos excelentes amigalhaços que ele tem, tudo gente fina e recomendável, ao mário soares em avançado estado de putrefação, ao tónio morais um rapaz que se safa bem, às redes tentaculares, ao constâncio que também se safa bem, a todos os xuxas deste país e em particular a todos os tansos que continuam a votar neles e que ainda não estão fartos, como diz o Gabriel, de... apanhar porrada, porrada...



24/11/09

Pedreirada!, por Bulhão


Para quem tinha gostado tanto do Código da Vinci como eu, este último Dan Brown foi uma enorme, uma grandiosa decepção! Dan Brown demorou não sei quantos anos para fazer este Símbolo Perdido. Não se percebe porquê. Para repetir uma fórmula de sucesso, como é o caso, mais valia fazer um livro por mês.
Neste novo livro é tudo decalcado dos outros, especialmente do Código da Vinci - o assassino psicótico que repete Silas, outra gaja boa à volta de um segredo, uma perseguição permanente, alguma indefinição na caracterização ambígua dos polícias, o mesmo Langdon estereotipado. Só que, desta vez, para além do clima déjá vú, os segredos não têm a força do livro anterior, eu diria que parecem até, segredos de polichinelo. O livro faz lembrar aquela brincadeira que jogávamos em miúdos e que era a casa ao tesouro: os adultos faziam uns quebra cabeças com umas adivinhas e tal, a pequenada, nós, ia decifrando um e outro e passava ao seguinte até que no fim encontrava um tesouro invariavelmente ridículo que a mim pessoalmente me dava uma azia dos diabos pela trabalheira que tinha custado. Foi o que achei dos mistérios do dan brown neste livro.

Além do mais, há aqui uma inquestionável reverência do autor para com a Maçonaria que não teve para com a Opus Dei no Da Vinci. Ora a mim, não me agrada nem uma nem outra organização. Aliás, para dizer a verdade, até tenho a Maçonaria como uma organização ainda mais perniciosa pela razão simples de que, neste momento, é a Maçonaria e não a Opus Dei aquela que tem mais poder...Tentacular. por isso não encaixo sem espernear tentativas de branqueamento maçónico ainda que venham da pena de um aparentemente inocente escritor de perseguições norte americano.
Por falar nisso, outra coisa de que não gostei foi a tentativa forçada de Brown em impingir-nos os States. O Símbolo Perdido parece um mega prospecto de uma agência de turismo a promover a América e Washington DC. Brown tenta dar patine aos monumentos de Washington e às suas instituições, recorrendo aos tais mistérios que estariam associados ao crescimento daquela cidade.Mas é forçado: Washington não é Roma, nem Londres nem Florença nem Madrid... Quanto a mim, não pega. Não fiquei nada mais interessado em ir a Washington por causa do livro. O contrário do que me aconteceu quando li o Da Vinci, que me suscitou interesse em voltar a Paris ou a embrenhar-me em leituras sobre a Ordem do Templo.

Uma vez que a escrita de Dan Brown não tem um brilho por aí além, e que a narrativa, comprova-se agora, é standardizada, talvez tenha sido isso que falhou neste último livro: enquanto o mistérios que estão na base do Da Vinci são, de facto, ricos e interessantes, os que estão na base d´O Símbolo Perdido, parecem forçados e são descritos de uma forma parcial: por um claríssimo simpatizante da maçonaria! Este Símbolo Perdido é, afinal, uma grande oportunidade perdida.

22/11/09

és / ás, por Cão

és ar /serás fumo

és água /serás terra

és pedra /serás areia

20/11/09

Paradoxo

A puta tão feia que morreu virgem.

Uma Casa tipo Maison, ou Un Vin tipo Tintol, por Monsieur Dupont


(post publicado em tempos idos no Tapor e que agora é suscitado pelo anterior da contita do Abramovich. Enfim, cada qual tem os Abramovichs que merece).

A primeira vez que fui a Paris com alguns cobres no bolso, levava já algumas luzes da vinhaça portentosa a esquadrinhar por ali. Tinha “estudado” algumas nuances da coisa e sabia que não conseguiria jamais chegar às colheitas consagradas ou às colheitas de antigas de referência. Mas, já experiente na forma como por cá saía o Barca-Velha e o Pera-Manca, com preços aceitáveis de 6 a 10 contos a botelha no ano de edição, contava trazer uns néctares para afiambrar. Nos meus armários imensos de marcas e portentos, ribombavam os grandes de França como Le Pin, Échezaux, La Tâche, Romanée-Conti, Château Haut-Brion, Château D`Yquem, Petrus, Cheval-Blanc, Pichon Longueville, etc.

Com os olhos a brilhar de gula cobiçosa deixei a maria nos perfumes do rés-de-chão das Galerias Lafayette, ali ao pé do hotel e ala que se faz tarde pró último andar e para a secção Gourmet. Corri à pressa as enormes e gigantescas bancadas de garrafeiras imensas por corredores infindos, mas foi demasiado à fuçanga e não reconheci nenhum nome. Que diabo, milhentos vinhos e nenhuma cara conhecida? Obriguei-me a respirar fundo e recomecei numa ponta devagar, devagarinho. Estão escondidos é isso, há que ver com calma, que a adega é inimiga da pressa.

Esmiucei de novo alguns milhares de marcas e colheitas, mas nada, nenhum Margaux, nenhum Cos D`Estournel, nada de Latour, zero de Guigal. Mau Maria, aqui há gato. Ajeitei a gravata, estiquei as mangas do casaco e fui de garção. Puxei do meu melhor francês e questionei um serviçal com farda de Almirante: - Pardon Monsieur, je voudrais savoir oú sont les boteilles de Romanée-Conti, il niá quelqun par ici?

O Contra-Almirante viu-me imponente e engravatado e afivelou logo uma cara de satisfação e simpatia que me reconfortou, isto sim é serviço, mas as palavras seguintes dele deixaram-me algo inquieto: - Ah, non, Monsieur les grand vins son par lá, venez, venez...

Lá segui o Capitão de Fragata, mas o homem foi para um canto com um armário e um balcãozito, pediu-me desculpa pela ligeira espera e foi buscar uns molhos de chaves, embolsou uma série de pequenos catálogos, pegou num pano de camurça bordeaux e calçou umas imaculadas luvas brancas..., mau, agora é que estava mesmo desconfiado!

O Capitão de Mar e Guerra, indicou-me então o caminho e levou-me na direcção quase oposta das milhentas garrafeiras que tinha visto. Seguimos para junto de uns enormes armários cinzentos, envidraçados e fechados à chave. Logo ali vi que já tinha feito merda. Estava noutra galáxia, mas já era tarde para parar a marinha. O homem abria já um dos armários centrais climatizados, humidificados e engalanados e retirava para fora com as luvas imaculadas uma botelha de Romanée-Conti: - Voilá, Monsieur!

Olhei para as irmãs que permaneciam deitadas sobre o vidro e vi o preço do Romanée-Conti, última colheita, que me estava a ser mostrada. Engoli em seco e procurei disfarçar, mas o almirantado não me deixou alternativa senão levantar a bandeira branca: - Excuse moi, je voudrais voir des autres boteilles et ensuite je le dit quelque chose...

O Almirante percebeu, não foi incorrecto, nem fez a cara que lhe esperava do “mais um pelintra, que me enganou pela gravata”, foi simpático, despediu-se, disse que estava às ordens, limpou a garrafa, ajustou vários botões e fechou aquilo tudo.

E eu fiquei ali estupefacto, de nariz a correr os vidros e a perguntar a mim mesmo como poderia haver dinheiro para beber Aquilo: CHÂTEAU LATOUR, 1er Grand Cru Classé, 89, 80 Contos, CHÂTEAU MARGAUX, 1er Grand Cru Classé, 86, 120 Contos, PETRUS, 86, 200 Contos, ÉCHÉZAUX, 88, 400 Contos, LA TACHE, 98, 450 Contos, ROMANÉE-CONTI, 95, 600 Contos.

17/11/09

Serão Dólares? Serão Dinares? Neve não é certamente.., por Basbaque

E inda dizem que há crise? Então vejam a contita que o Abramovich pagou num restaurante em NY. Já agora, Grunfo, o que é que achas do vinhedo? É coisa séria, claro... E para quantas pessoas é que te~´a sido este jantar? E a gorja de 7 mil dólares? Quem pode, pode...

Porque não ficam em casa?, por Violino

Atenção a este vídeo. Ele dá-nos a conhecer, em primeira mão, o fantástico ambiente das casas sportinguistas deste país. Nele podemos ver um presidente de um clube de gente fina a fazer solos de mariachis, um comentador desportivo a cantar e a dançar um hino e outras curiosidades. Chamo a vossa atenção para um indivíduo vestido com uma t shirt verde alface que aparece no fim, no canto inferior direito e que, se não estou em erro, é o sá pinto. Nunca fui a uma festa de nenhuma casa zbordinguista deste país. Mas se forem todas como esta, digam-me quando é a próxima que eu quero lá estar.

16/11/09

Cãozoada, por Boby Peru


O Gaspar contou-me que um dia destes bateram-lhe à porta, foi abrir, e era um senhor que lhe disse assim:
- Bom dia. É o sr. Gaspar?
- Sim, sou eu.
- Desculpe vir aqui a sua casa, mas há um problema... É que o seu cão enrgavidou a minha cadela e acontece que eu tive que comprar a pílula do dia seguinte para ela. Foram 80 euros e vinha pedir que me devolva o dinheiro uma vez que o seu cão é o responsável pelo sucedido.

Pergunto? E vocês, o que é que fariam nesta situação?
a) Pediam o teste de ADN que se confirmasse a paternidade do Ricky? Sim, como é que prova que o filho era do meu cão? Inda para mais toda a gente sabe que a sua cadela é muito promíscua...
b)Alegavam que foi a cadela que se meteu com o cão e não o contrário. Optando por esta hipótese é possível engatilhar o discurso para virar o feitiço contra o feiticeiro, tipo: «sempre eduquei o meu cão nos mais sólidos valores e princípios morais entre os quais figura, desatacado, o valor da castidade. Ora tendo em conta o baixo nível moral da sua cadela que desviou inviamente o meu cão para o caminho da perdição, sou eu que lhe exijo uma reparação devida pela perda da virgindade do animal»
b) Não podia ser o meu cão. O meu cão é paneleiro.
d) Outras...

13/11/09

Azarados!, por Gastão


Zé socas deve ser o primeiro ministro mais azarento do mundo. Diz que são «cavalas» mas o certo é que não há modo de justificar tantos casos em que aparece envolvido como, por exemplo:
- O caso da licenciatura na famigerada Independente ( a mesma onde se «licenciou» o amigo vara);
- o caso Morais das 4-cadeiras-4;
- O caso fripó;
- O caso das pressões aos magistrados que investigam o caso fripó;
- O caso do aterro da cova da beira;
- O caso das casinhas da Guarda-Covilhã;
- O caso da compra do apartamento de luxo;
- O caso do silenciamento do Jornal de Sexta da TVI em véspera de eleições;

Agora é o caso Face Oculta com as escutas a envolvê-lo em conversas co amigalhaço dos velhos tempos, vara de seu nome. Parece que as entidades judiciais competentes resolveram guardar dezenas de gravações de escutas entre os dois. Dezenas! Matérias inocentes, claro, falavam de gajas, do Benfica e de poesia lírica portuguesa do século XVI. A Justiça portuguesa interessa-se muito por poesia, gajas e bola.
Em suma, o homem tem muito azar - mal damos um pontapé numa pedra tocada por ele e sai de lá... Sucata. É esse padrão que toda esta mixórdia de casos e casinhos e casões revela: azar... Azar do país que tem que aturar um governante destes!

10/11/09

Gina – A Verdadeira Trombeta Da Revolução (Gina – Parte 1), por Rodox


Nos dias seguintes à doideira televisiva do pós-25 de Abril, vim para a rua e para a cidade, expectante da novidade e mudança. Afinal e contudo, prós meus olhos de puto de ciclo nada tinha mudado. Ao contrário da Tv, aqui por Coimbra não havia soldados pelas ruas, chaimites nas praças, ou cravos nas lapelas. Os prédios estavam na mesma, as pessoas passavam na mesma a caminho dos empregos e demais destinos, cafés normais, aulas normais, autocarros normais, jornais normais. Ora, porra, mas afinal o que mudou agora que caiu a recém descoberta ditadura e que se vai fazer o homem novo? Frustração total. O “anormal”, o “revolucionário” estavam escondidos na Tv ou em Lisboa, ou então reservados ao mundo adulto. Que se lixe a revolução!, tudo na mesma comá lesma!

De repente, poucos dias a seguir, tropecei na revolução! Nos quiosques e bancas de jornais, apareceram as Ginas. E não eram fechadas, mas abertas e escancaradas. Cenas hard de enrabadelas, esporradelas e canzanas, não a posição, mas mesmo com canzanas enormes e uivantes. A doideira pornográfica explodiu e as Ginas - suprema bandeira e vanguarda -, apareciam agora pelas ruas a fora, com pompa e muita gosma. Viva Revolução! Mas mais, não só a coisa era escancarada, como toda a gente se estava nas tintas para os putos ranhosos, que descaradamente gastavam em Ginas a féria da refeição da cantina e do bilhete de troley!

Foi aí e só aí que me apercebi da mudança revolucionária. Agora sim havia revolução, abertura e liberdade. Pouco depois já se viam os cartazes a anunciar o Último Tango Em Paris e liberdade das liberdades, o Garganta Funda começou a passar no Avenida. Os cartazes de cinema que anunciavam a onda porno eram explícitos e duros. A horda moralista andava de bola baixa e só alguns anos depois é que se começaram a ouvir as primeiras vozes contra o desparrame. Quais cravos, quais chaimites, quais cabeludos, quais carapuças, Gina, meus caros, a Gina é que foi a trombeta anunciadora da revolução e a grande viragem em relação à antiga senhora. Que aderiu ao porno também, vintage, claro!

08/11/09

Nunca vi um porco com gripe, por Cão


A famigerada Gripe-A, vulgo Suína, anda por esse mundo afora muito contentinha a papar imbecis que a temem mui piamente. Pouca gente parece ter percebido que a dita epidemia não existe. Mais: que se trata, de facto e deveras, de uma falcatrua à escala planetária das sinistras farmacêuticas, cujo trabalho é inventar doenças para os medicamentos em armazém. Lembram-se das vacas malucas? Lembram-se das galinhas doidas? Que é feito dessas raparigas? Hum?
Cada vez que me aparece no televisor o senhor doutor Francisco George, aquele senhor Director Nacional da Saúde cuja configuração facial, agravada pelo incompreensível risco ao meio, recupera no meu mesencéfalo o terror dos duendes dos contos de mentir à infância, cada vez que aquele senhor me aparece, assim português suave e definitivamente provisório, eu ralho cá para com o meu fecho-éclair: “Mas q´ais gripes ás, pá, mas q´ais gripes ás, pá!...”
De modos que é assim: somos um país de honestos palermas. Em plena República, apareceu a senhora-de-fátima a voar por cima duma azinheira. Cristo espadeirou na Batalha de Ourique. O padre Fontes organiza todos os anos aquela vigarice de Vilar de Perdizes. O Jardim é dono da Madeira. E até o Sporting de Braga, terra de arcebispos e de calhaus dotados de olhos, já mete medo. Não sei que raio faça à nossa vida, sinceramente e de facto e deveras.
À nossa vida, sim, que a Gripe-A teima em transformar em Vida-B. De Burro.

in Rosário Breve nº 128 - in www.oribatejo.pt

04/11/09

Mas, Afinal, Porque é que eu Ainda Vou Almoçar ao Gordo?, por Mr. Hardy


Porque é barato. É uma razão mas não é suficiente. Já não chega aquela vez em que pedi um robalo e a empregada vai para dentro, volta e diz-me assim:
- O sr desculpe mas o patrão manda dizer que hoje é um euro mais caro. É que o peixe é fresco...

Hoje o Gordo voltou a atacar. O menu era leitão assado e cabrito à não sei quantos. Mandávamos vir uma dose de cada, eu e o Asdrúbal. Veio. Aquilo estava intragável, só gordura, um cabo dos trabalhos para encontrar uma lasca de carne que se visse. A meio o Gordo veio à nossa mesa e perguntou-nos, como sempre:
- Atão o almocinho? Tá mais ou menos?
E eu respondi que desta vez nem por isso. Demasiada gordura como era visível. Ao que o camelo do Gordo retorqiu:
- Deixe lá. Dá pra se aguentarem até ás 3 não dá? Depois merendam qualquer coisa noutro lado.
...E embrulha! Quem é que me manda armar em esperto e reclamar da comida?

02/11/09

Piero Manzoni, por PrimaDaObra


Num dia destes andava o núcleo duro do Porco em peregrinação entre as estantes de livros e as estantes de vinhaças duma mercearia do Belmiro, quando um confrade saca de um expositor uma latita de sucedâneo dinamarquês feito de ovas de lampreia. Questionado, o gourmet avança com a palavra “Caviar”. O Xiita, que é rapaz de poucas palavras, mas de fácil sentença, opinou de imediato: “Caviar? Isso? Melhor do que isso cago eu e não sou esturjão!”

Piero Manzoni, um famoso pintor italiano de arte contemporânea dos anos 50 e 60, na senda de Duchamp e do seu famoso urinol, resolveu fazer um manifesto anti-pop-art e um ataque directo ao mercantilismo da arte e das galerias da altura e cavalgou a onda dos limites da arte, do surrealismo e da arte dada e zás, se bem o pensou comó Xiita, melhor o fez.

E vai daí, em 1961 tratou de cagar – merda genuína dele – para 90 latas. 90 latitas de merda italiana, genuína, de artista. O difícil deve ter sido acertar nas latitas que eram pequeninas e aí se revelou a mestria da coisa. Depois do alivio, Manzoni fez selar as latitas, como mandam as regras e os standards da indústria alimentar. Numerou-as, assinou-as e vendeu-as ao peso, sendo a grama de lata de merda vendida ao mesmo preço da grama de oiro na época. As latas além de numeradas e assinadas têm três faces ou inscrições que dizem sucessivamente : “Merda D`Artista”; “Merde D`Artiste” e “Artists Shit”. A autenticidade do produto é garantida pela inscrição: "Merda d’artista, numerata, firmata e conservata al naturale".

Feita a cagada e o embalamento do “caviar”, Manzoni fez uma das suas habituais exposições e lá meteu as latitas de “Merde D`Artiste”. Vendeu tudo como papos-secos. Hoje as latas de Merda do Manzoni são um ícone da arte conceptual, da qual se considera Manzoni um precoce percursor, constituindo tais merdas uma raridade que os coleccionadores e museus se cagam todos para obter.

E aqui chegados não resisto a contar duas histórias das latas que conheço.

A primeira passou-se com o Randers Museum of Art of Danmark em 1994, que para uma exposição e retrospectiva, pediu emprestada uma latita do Manzoni à John Hunov Colection. Pelo meio da exposição a latita começou a verter, merda como é bom de ver, e vai daí, foi tudo para tribunal discutir indemnizações milionárias. O Museu defendeu-se considerando que se tratou da degradação natural da lata. A John Hunov Colection contra-atacou dizendo que o Museu expôs a lata à luz, coisa que não devia ter feito e estava recomendado de não fazer. Enfim mais uma merda para os advogados ganharem dinheiro.

A segunda história catita da latita, passou-se na Tate Gallery de Londres que também tem uma lata de merda do Manzoni. Acontece que a lata começou a verter. Merda, como é evidente. E a Tate ficou sem saber o que fazer. Solda-se a lata? Mete-se a merda que escorre lá pra dentro? ou deixa-se a merda escorrer à vontade até à liquefacção completa da merda e da lata? A intervenção tinha o “pecado” de se estar a alterar a obra de arte. Ao invés “o deixar andar” tinha a chatice de aquilo cheirar mal que se fartava, o que incomodava os visitantes e conspurcava a galeria. Para desempatar os seus próprios experts, a Tate Gallery chamou especialistas de fora que pensaram o malcheiroso assunto. Estes opinaram maioritariamente que não se pode intervir na obra de arte sob pena de a adulterar e de modificar a intenção do artista, altura em que se mata a obra de arte; contudo, para se resolver o problema higieno-sanitário, a latita de merda a escorrer devia ser posta dentro de um cubo de acrílico, transparente, estanque e isolante, onde a obra de arte pudesse seguir o seu percurso natural, longe da mão do homem e longe do nariz também. Brilhante. A Tate acatou e assim fez.

Warholl vendeu a lata de Sopa Campbell`s, mas Manzoni vendeu Latas de Merda e ao preço do oiro. Que é de Artista é, mas será arte?