Mas Monika engravida e eles acabam por voltar à cidade. Contudo, neste regresso à «vida real», Monika nunca se adapta às exigências da vida social e familiar e acaba por trair Henrik. A sua natureza indomável acaba por vencer. Monika é muito mais que uma história simples acerca dos encontros e desencontros entre um jovem casal – tem uma carga metafórica intensa e é uma reflexão sobre as tensões mais profundas do ser humano.
Blog da RS.T - Real Esseponto do Tinto - Coimbra - Os Três Pastorinhos também bebiam o seu copito
23/12/11
Monika e O Desejo de Ingmar Bergman (1953), por Monteiro
18/12/11
Coimbra Incrível, por S. Nicolau
Mas suspender o comandante por isto e abrir-lhe um processo disciplinar é de uma hipocrisia sem limites. Isto é coimbrinha, isto é vitoriano, isto é uma aberração completa! O presidente da câmara, João Paulo Barbosa de Melo, e a vereadora que tutela a PM justificam a sua decisão com o facto de a mensagem ter sido enviada para todos os funcionários, em horário de trabalho e através do e-mail de serviço!!! Santa hipocrisia! Vale tudo neste país e nesta cidade, onde todos os dias vemos e ouvimos coisas, essas sim, verdadeiramente pornográficas. Mas um simples desejo de sexo incrível chega para suspender um funcionário. Vamos longe, vamos e o que vale ao comandante da polícia municipal de coimbra é já não ser tempo do Santo Ofício - o homem ainda devia dar uma vistosa fogueira no famigerado Pátio da Lusa Atenas.
06/12/11
E Porque não as bifanas do Bigodes?, por Godo
05/12/11
O Nosso Fado, por Alfredo Rodrigues
- È pois. Cada dia que passa, dizem os entendidos, há mais probabilidades.
- Mas se isso acontecer vamos perder montes de dinheiro, não é?
- Ah pois...
- Bolas... O que nos vale é o fado património da humanidade.
(Já nos estou a ver a pagar a conta do supermercado em discos do marceneiro e a receber o troco em singles da amália).
01/12/11
Coisas mesmo graves, por Unabomber
Esta ouvi-a eu e ninguém ma contou. Zapava alegremente quando apanho num canal um desses programas bolísticos onde três supostos experts ganham umas coroas a defenderem os seus clubes e a atacarem os rivais. Falava um tal de eduardo barroso (os barrosos são uma praga neste país e como são muitos eu confundo-os todos), médico já não sei de quê, que me habituei a apreciar pela patetice descomunal das suas intervenções:
- Sim é verdade que está mal incendiarem as bancadas do estádio da Luz, condeno estas atitudes e blá blá blá MAS... acontecerem coisas bem piores e ninguém fala delas, eu próprio vi no estádio um steward com um cachecol do Benfica!
Valha-me Deus... A patetice terá limites?
30/11/11
Jurassic Park, por T. Rex
- Pai, qual foi o primeiro filme que viste na tua vida?
- Humm, acho que a primeira vez que fui ao cinema fui ver um filme chamado «se meu fusca falasse».
- Ena... Mas não te lembras muito bem do filme, pois não? Por causa do dinossauro que estava sentado mesmo à tua frente...
22/11/11
Aparição, por Lantern
21/11/11
Médicos Economistas, por Hipócrates
O João passou a pior semana da sua vida até que, finalmente, foi chamado para a tal operação, uma semana depois, uma demora inadmissível no caso de um dupla fractura de uma perna. O puto chegou a desmaiar de dores...
Conheci a mãe do João, uma pessoa humilde, e percebi que ninguém vai pedir responsabilidades áquele senhor doutor que decidiu que é razoável que uma pessoa com a perna fracturada em dois sítios não seja, imediatamente, operado de urgência. Concerteza que o ilustre clínico cumpriu zelozamente a sua missão de poupar dinheiro aos cofres do estado, encaminhando a operação para o seguro. Mas há aqui qualquer coisa que soa mal... O dever do médico é poupar dinheiro aos cofres do estado (mesmo que à custa da saúde do doente) ou zelar pela saúde do doente?
Se calhar sou eu que estou desactualizado acerca daquilo que é o novo perfil do médico nos dias que correm... Possivelmente os curriculos dos cursos de medicina já incluem cadeiras como Finanças I e Contabilidade II ao lado das Ortopedias, Biologias e Pneumologias. A julgar pela amostra, se não incluem deviam incluir. E por este andar, qualquer dia ainda chegamos a um hospital e em vez de sermos atendidos por um médico somos atendidos por um economista. Já faltou mais...
14/11/11
All together now, por Azul Malvado
A campanha entrou numa segunda fase, dos duetos improváveis, um desenvolvimento da ideia do all together: Rui Reininho e quim barreiros, manel joão vieira e mónica ferraz, mind da gap e avô cantigas e, o melhor de todos do ponto de vista estritamente musical, a fadista carminho e os metálicos moonspell. Mas fica o do Manel João pela qualidade do monólogo...
08/11/11
Futebol de Salão, por Yaúca
Nem vou discutir se o espanhol chamou ou não «preto» ao rapazola das tranças coloridas. O que acho é que estas leis politicamente correctas exageram e não é pouco na punição a este tipo de agressão. Não é bonito chamar preto a um preto, nem gordo a um gordo, nem careca a um careca. Mas também não vejo nenhuma razão para que esse insulto seja considerado mais soez que outro insulto qualquer. Se um jogador chamou a outro ladrão, cabrão e filho da puta, está tudo bem. Mas preto não se pode... Se o indivíduo for careca e se lhe chamarem careca de merda tá bem. Mas amarelo de merda já tá mal? Não entendo...
01/11/11
O Pensador Pensou Demais, por Tupiniquim
Pessoalmente também achei muito exagerada a exploração dos mitos academistas: o homem entrou em palco em fato académico, vestiu uma camisola da AAC, uivou o famigerado «coimbra tem mais encanto» e ainda tivemos que gramar com um tal de Diogo que terá sido jogador da Briosa em tempos idos. Eu sei que o Mick Jagger se embrulha à bandeira da argentina em buenos aires e que entra em palco em L.A. com um equipamento de futebol americano, mas esses são símbolos mais poderosos. Os símbolos da AAC não têm aquela carga, são um bocado pífios, pelo menos quando explorados tão exageradamente. Eu, pelo menos, fico sempre com a noção daquela coimbrinha muito pequenina a cantar os mesmos eternos clichés como um cão que morde o próprio rabo (ou então isto é uma característica minha que me arrepio até com a parolice dos hinos nacionais cantados nos estádios da bola).
Finalmente, do ponto de vista estritamente musical, notei a falta das teclas no show. Perdeu-se, assim, a componente melódica da música de Gabriel e aquilo ficou só ritmo. O que funciona bem quando se trata de um rap (excelente aquele efeito Limp Biskit dos dois cantores da banda, um deles irmão do próprio Gabriel) ou de um reggae mas fica sempre um sabor a «falta alguma coisa» noutro género de músicas. Pelo meio ainda assisti a uma ou duas cenas de porrada e aos clássicos nocautes de miúdas que não aguentam o álcool (e as drogas) tanto como gostariam.
31/10/11
Dicionário do Mofino: adúltero, por Mofino
30/10/11
Leitor Sofre!, por Masoch
11/10/11
Parabéns, Pedro!
10/10/11
Harry Reems, Ode A Um Herói Desconhecido, por Herb Streicher
Harry Reems é um Resistente. Foi à luta e acabou por se lixar, como mexilhão. Como se vê na foto. Foi preso, condenado a 5 anos de prisão e obrigado a desencadear uma das maiores batalhas legais das Américas. Arruinou-se, deu em bêbado, mas nunca desistiu da sua luta. E tudo isto para que todos nós possamos hoje ver filmes libertários e libertinos em plena liberdade. Reems foi um lutador e um mártir. Foi condenado a 5 anos de prisão maior em nome de todos nós. Um segundo Jesus Cristo. Sacrificou-se por nós. Amén.
Para que se saiba e ajoelhe, Harry Reems é o homem que contracenou com a Linda Boreman no Garganta Funda. Não a conseguiu fazer engasgar, mas engasgou-se ele com avalanche moralista que procurou combater o filme que alcançou a sua condenação por conduta obscena a 5 anos de prisão maior.
O engraçado da questão é que a grande protagonista do Garganta Funda é a Linda Lovelace e as suas habilidades de garganta. Mas quem se lixou foi o mexilhão, o pobre do Harry. É claro que, para a horda defensora da moral e dos bons costumes, era impensável prender a cachopa, embora o número de circo passasse por ela e quase só por ela. Só que prendê-la a ela, era um bocado como prender o Leão e deixar seguir o Domador. O Leão continuou a rugir com força e o homem do pingalim passou a ver o sol aos quadradinhos. O circo seguiu em frente mas com pingalins diferentes. A horda de selvagens que perseguiu e condenou o artista, correu em massa a todas as salas onde o circo se instalou. Foi a primeira vez que um actor de cinema foi preso por causa da distribuição de um filme. Tá bem que chamar actor ao Harry é um bocado forçado, mas porra, que o homem era esforçado lá isso era.
Harry Reems nem sequer soube o que lhe aconteceu. Por isso tem mais valor ainda o seu apostolado anónimo. Harry era um mero assistente de produção no Garganta Funda, mas naquele dia o actor principal sumiu-se. E aí chamaram o bom do Harry, pagaram-lhe uns míseros dólares para o fazer entrar na jaula, desapertaram-lhe a braguilha e o homem afundou-se naquela garganta sem fundo. Quando deu por si e voltou à tona, já estava com a mona na pildra. Cá fora o Garganta Funda prosseguia a sua cavalgada triunfal. Harry Reems merece um busto em cada cinema e em cada clube de vídeo deste planeta. Harry Reems e o seu bigode farfalhudo mereciam um poster de face sombreada a olhar o futuro em cada quarto de adolescente, à la Che Guevara. Viva Harry Reems! Um lutador da Liberdade!
04/10/11
maRio Testino RJ
O Rio já é o que é. Mario Testino, o célebre fotógrafo de moda peruano, fotografou-o assim num álbum de 2010 para Taschen. Podem vê-lo aqui:
http://www.taschen.com/lookinside/05732/index.htm
22/09/11
Teorias da Conspiração, por Iluminati da Silva
Vejo com naturalidade a proliferação deste tipo de teorias. São, como digo, mecanismos de defesa que correspondem a impulsos sociológicos naturais. Também foi assim com a ida do homem à lua, por exemplo. Ainda hoje há gente que acredita que o homem nunca lá pôs os pés, nenhuma das seis vezes em que lá fomos.
Não discuto com esta malta nem quero saber dos pormenores das suas magníficas teorias conspirativas. Registo apenas e procuro lê-las no seu valor sintomático. Mas nesta matéria não conheço nada tão fabuloso como a história do sr. Carlos que me foi contada por um amigo neste fim de semana. O sr. Carlos acredita piamente em Fátima e, portanto, no sol a zunir a 13 de Maio e no aparecimento da Nossa Senhora em cima de uma azinheira na Cova da Iria. Mas há duas coisas que não convencem o sr. Carlos: não acredita, precisamente, na ida do homem à lua (antes a nossa senhora na azinheira) nem no surf… Pois, no surf. O sr Carlos não acredita no surf, é lá possível gajos a andarem na crista das ondas do mar em cima de tábuas de passar a ferro... Tudo conspiração da televisão para manter as pessoas agarradas… A caminhar na água só houve um e foi Nosso Senhor. Também tá bem! Eu por mim tenho muitas dúvidas acerca da existência do Messi. Acho que é um holograma criado pelos russos, pela CIA ou pelos chineses para nos manter agarrados à TV.
21/09/11
Gracias a la vida, por Cão
A vida é mais parecida com Alberto João Jardim do que com Salgueiro Maia. Trata-se de uma infelicidade simples e objectiva, tal verificação. Parece-me incontestável, porém e aliás.
Se um argentino me mostra Piazzolla, eu aponto-lhe Carlos Paredes – mas, na verdade, estou a mentir-lhe. É uma mentira piedosa, mas é uma mentira: porque a nossa lusa verdade é Tony Carreira, aliás e porém.
Outra mentira (não piedosa, esta): a de sermos um país de brandos costumes. Somos nada disso. Seremos, quando muito, um país com o costume do brandy (mas daquele de Sacavém).
Seríamos mais dignos da dignidade de Salgueiro Maia se tivéssemos a coragem de rever a Constituição tal que as eleições das regiões ditas autónomas passassem a ir a votos de todos os portugueses, continentais naturalmente incluídos.
Seríamos herdeiros legítimos da pureza de Carlos Paredes se interditássemos os autarcas da chafurdice imobiliária e das adjudicações pato-braveiras. Seríamos. Nunca o fomos. Temo que o sejamos jamais.
À excepção de coisa de três anos e meio em Lisboa, sempre vivi localmente. Isto é: perto da fossa a céu aberto, do poço destapado, da aldeola desertificada, da fábrica falida, da oficina de zundápes e da taberna com chão de serradura pontuada a escarros mucosos, do bacalhau às moscas e das moscas ao bacalhau, do vereadorzito sem ortografia e do padreca vinófilo de bochechas atoucinhadas, dos caçadores de pombas, das sete-maravilhas da parolice endógena, das feirolas medievais com sabor a sévanète e ademanes de pechisbeque cóltural, das garraiadas desumanas em prol de um divertimento subanimalesco, das suiniculturas mais infectas e das infecções mais suínas, das escolas sem crianças e das crianças sem escola, das novas oportunidades tão equivalentes a velhas manhas, dos têgêvês a carvão que não passam o Tua nem chegam a Marvão, dos incêndios com hora marcada e impunidade judicial, dos rios sufocados de porcaria e das barracas de alterne onde por vinte euros se pode comprar uma facada em brasilês.
Tudo isto me surge em elevado grau de impureza e incontestabilidade. Dir-me-eis que nem tudo é assim, ao que vos redarguirei que sim, que de facto não, que nem tudo nem todos são assim.
Carlos Paredes e Salgueiro Maia não eram.
Nós sim somos, com um “penalte” de brandy gaseificado de sevanéte à saúde do sôprezidentedajunta. Ou do da Madeira. Aliás. E porém.
18/09/11
O Paraíso é um Gigantesco Clube do Bolinha, por Cipriano
Agamben recupera algumas questões embaraçosas para a teologia medieval, como por exemplo, em que idade deverão ressuscitar os corpos dos ressurrectos? A criança ressucitará no seu corpo imberbe de criança, o idoso no seu corpo decrépito de idoso, o homem maduro no seu apogeu? S. Tomás de Aquino respondeu que o o homem deve ressuscitar sem defeito algum e, portanto, a natureza reportará cada um à sua perfeição que coincide com sua juventude. Isto é, segundo Tomás, mais ou menos aos trinta anos, a idade de Cristo. Claro que existem aqui algumas dificuldades, nomeadamente:
1. E a criança que morreu antes de atingir a sua perfeição?
2. E o velho que já a deixou para trás?
3. Serão mesmo os trinta anos a idade do apogeu do corpo? Na idade média a esperança de vida ia mais ou menos até aos 40-50 anos. Um indivíduo de trinta seria ainda considerado um jovem? O futebol, por exemplo, joga-se muito melhor aos 20 que aos trinta, idade considerada já de pré-reforma para a maior parte dos desportistas. O Eusébio aos trinta estava a jogar no Beira Mar e já metia um bocado, vá lá, de dó vê-lo fintado por um qualquer lateral esquerdo do Leixões, com menos 10 anos em cima. O Eusébio fará falta no Paraíso aos seus vinte e não aos trinta anos e há aqui uma diferença substancial...
Seja como for, se dermos razão a S. Tomás e apontarmos os trinta anos como a idade da perfeição, seremos levados a concluir que o paraíso é um mundo de gente de trinta anos. Mas uma dificuldade acresce. Tal como é lembrado por Agamben o corpo ressurrecto não pode conter imperfeições e terá que ser por natureza perfeito. Logo, não haverá lugar no paraíso para as mulheres dada a evidente imperfeição teológica (reconhecida quer no cristianismo quer no islamismo, por exemplo) da condição feminina.
O argumento, defendido por alguns opositores de S. Tomás, de que as mulheres não podem ressuscitar dá que pensar: eu não gostaria muito de nascer como uma das setenta mulheres virgens que estão no paraíso à espera de um barbudo malcheiroso do Cairo ou de Meca. Aquilo pode ser um paraíso para o Moahmed Atta mas nunca ninguém pensou no ponto de vista das desgraçadas 70 virgens que estão lá à disposição das suas taras? É esta a recompensa de uma vida terrena passada a esconder a cara? O paraíso do fundamentalista deve ser o inferno das suas 70 mulheres.
Donde, para evitar estas aporias, deve concluir-se que, muito possivelmente, não há no Éden lugar para mulheres ( e assim se evita a imperfeição e se garante boa frequência do Estabelecimento). Todos os que forem salvos renascerão como homens! De trinta anos... O Paraíso é,então, um lugar frequentado por multidões de homens de trinta anos onde não há espaço para uma única mulher! Desconfio que um paraíso como este não deve ser lá grande coisa...
14/09/11
O Nosso Agente em Havana de Graham Greene, por Cp. Kirk
Ainda por cima o livro interessava-me pela referência a Cuba que, afinal, não passa de um mero contexto da acção. O livro passa-se em Cuba como poderia passar-se noutro lado qualquer. Greene entendeu não dar qualquer relevo ao espaço, à identidade e à cultura da ilha. Demasiado british, isto é, distante, para isso.
Falta-me agora ver como é que Carol Reed filmou este enredo em 1959 em Our Man in Havana. Reed é um excelente cineasta e a sua versão cinematográfica de outra obra de Greene, O Terceiro Homem, é uma obra prima do cinema noir. Pode ser que em filme o enredo de O Nosso Agente em Havana resulte melhor. Até lá vou ver se leio literatura a sério. Para desenfastiar...
P.S. o tube é, nem mais nem menos, a parte 1/11 do filme de Reed. Enjoy it.
12/09/11
E o Povo, Pá? por Comandante
A Plaza da Revolution é, talvez, o único sítio bem conservado de Havana. Mais uma nota absurda na capital do non sense: deve haver quase tanto dinheiro investido aqui como no resto da cidade. Enquanto o povo ocupa os restos mortais de edifícios decadentes, o regime instalou-se nos edifícios contíguos à Praça da Revolução. Fidel injectou neste local uma quantidade obscena de dinheiro na construção de um mamarracho, o memorial José Marti (donde, aliás, se tem uma vista espantosa da cidade) e nas instalações do exército que rodeiam a imensidão desta praça tianamen. No interior do obelisco a José Marti há um dos vários museus da revolução da cidade e, dádiva suprema, uma grande sala que reúne uma colecção permanente de retratos de fidel de todas as formas e feitios: fidel a pensar, fidel a escrever, fidel a ler, fidel no WC, fidel cubista e fidel surrealista, fidel, fidel, fidel... Cúmulo do narcisismo, um dos retratistas chama-se Alexandre Castro (será primo, filho , neto?).
Dois dos edifícios que ladeiam a imensa praça são ícones revolucionários. Num está a famosa escultura estilizada de Che, versão Korda, em tamanho gigante com os dizeres «hasta la vitória, siempre». Noutro, menos conhecido, um desenho no mesmo estilo de Camilo Cienfuegos rematado com a inscrição«Vas bien, Fidel». .. Reza a lenda que durante um discurso em Havana, no início da revolução, Fidel teria perguntado a Camilo acerca da eficácia das suas palavras à multidão: «Voy bien, Camilo?». «Vas bien, Fidel», terá sido a resposta imortal de Cienfuegos.
São estas as palavras que ilustram o enorme desenho de Camilo na Praça da Revolução. Mas agora, em 2011, olhando para o gritante contraste entre a capital em ruínas e o esplendor sino-soviético da Praça da Revolução, as palavras de Camilo Cienfuegos soam profundamente irónicas: Vas bien, Fidel... Que é como quem diz, em português corrente, vais bem, vais, olha a linda merda que fizeste a este país...
11/09/11
Havana: A Beleza da Decadência, por Comandante
07/09/11
All You Need is Love, por Comandante
O acontecimento literário desta semana, do mês, do ano, da década, segundo o Granma, o jornal oficial do PCC, foi a publicação na Argentina das reflexões de Fidel nos últimos anos. Assim mesmo, nem interessa saber sobre o que é que o homem reflectiu, se foi sobre culinária, acupunctura ou física nuclear. As Reflexões de Fidel, simplesmente, as últimas...
Os vendedores da Plaza de Armas vendem livros sobre sobre o pensamento pedagógico de Che, o pensamento económico de Che, o pensamento de Che para a cultura... Os alfarrabistas vendem sacrários-cadernetas de cromos do tempo da revolução. Enquanto os jovens portugueses andavam a coleccionar os Águas e Colunas do grande Benfica, as crianças cubanas dos anos 60 coleccionavam as aventuras de Camilo Cienfuegos e de Raúl Castro em luta contra o ditador Baptista.
- Mas não posso encontrar livros de poesia nesta livraria? - pergunta a G. ao funcionário de uma livraria estatal.
- É mais fácil eu começar a namorar contigo que encontrares aqui um livro de poemas. Mas se não quiseres política sempre podes comprar livros sobre «como combater o cancro» ou «como fazer uma alimentação saudável».
Contemplo os excelentes edifícios em ruínas de Havana la Vieja e penso que a revolução não produz construtores civis, nem poetas, sei agora...
06/09/11
Mais coisas que me agradaram em Cuba: os hiper-realistas no Museu Nacional de Bellas Artes, por Comandante
05/09/11
Cuba Libre, por Comandante
Adorei o carnaval de Havana, um acontecimento primitivo e eufórico, uma onda de energia que varre o Malecón que é literalmente ocupado por milhares e milhares de foliões. É como ver o carnaval do Rio mas há 70 anos atrás. Também devia ser assim, ainda desorganizado e popular. Os ritmos, aqui, são caribenhos e africanos e os metais limitam-se a seguir o frenesim dos batuques. As máscaras fazem lembrar os nosso próprios carnavais transmontanos, há gigantones, bonecos vermelhos como os de barcelos e uma vaca descontrolada que faz rir toda a gente, graúdos e pequenos. E há bailarinas praticamente nuas que se movem ao som dos ritmos dos trópicos a uma velocidade vertiginosa. São 23 horas devem estar 30 graus mas a temperatura parece aumentar com o passar da noite...
Mas segundo o taxista (que combateu em Angola nos anos 80) o carnaval de Havana nem é o melhor:
- Deviam ver o de Guantánamo que dura 24 horas, noite e dia, durante uma semana. Ao pé desse o de Havana é muito certinho. Em Guantánamo bebe-se ainda mais rum e as chicas é só escolher e apanhá-las...
Outra coisa que foi para mim uma grata surpresa foi a pintura cubana. Como este Carnaval de Víctor Patrício Landaluze (1830-1889), um basco que viveu na colónia, um retratista de costumes. Era assim, como o ilustra o pic do início do post, nem de propósito, que ele via o carnaval do seu tempo. O de hoje é mais assim: