31/10/11

Dicionário do Mofino: adúltero, por Mofino

Adúltero, adj. Pluralmente fiel; da definição precedente se infere que o corno é aquele que partilha com outrem a fidelidade do seu cônjuge. Jules Renard estranhava que este pequeno nome, corno, não tivesse feminino, parecendo sonegar o equânime princípio da paridade dos géneros gramaticais, vindicado pelos feminismos, e fazer deste retorcido vocábulo um género assexuado e embolado. Javier Marias definiu vividamente a fidelidade como a constância e a exclusividade com que um determinado sexo penetra ou é penetrado por outro igualmente determinado, ou se abstém de ser penetrado ou de penetrar noutros, mas a definição é demasiado visual e fescenina; a condição do adulto.


(extraído, com a devida vénia, daqui: http://dromofilo.blogspot.com/ )

30/10/11

Leitor Sofre!, por Masoch

Estou a ler uma obra prima da literatura universal - o grande D. Quixote de la Mancha do imortal Cervantes. Como grande literatura que é, o livro coloca ao leitor as dificuldades próprias dos desafios que nos fazem crescer. Mas essas são bem vindas, essas são, aliás, a razão de ser do gosto mais profundo pela literatura. Difícil, difícil nem sequer é suportar os erros de tradução, nem sequer as gralhas. O maior problema - e este desagradável, quase insuportável - é conseguir ler as minúsculas letras de tamanho 6 ou 7 da edição que cá tenho em casa! A melhor prova de que D. Quixote de la Mancha é um grande livro é que, nem mesmo assim, eu paro de o ler.

11/10/11

Parabéns, Pedro!

Pedro Rosa Mendes ganhou o prémio PEN Clube na categoria Narrativa (e já é a segunda vez que ganha um PEn Clube). É bom que um dos melhores novos escritores portugueses seja reconhecido numa altura em que por aí passa tanto gato por lebre. O romance "Peregrinação de Enmanuel Jhesus" (Dom Quixote, 2010) é um reencontro do escritor de mundos consigo próprio. Pedro destacou-se logo com o seu primeiro livro - o excelente Baía dos Tigres que também é o seu melhor (mas eu já lhe conhecia um outro trabalho excelente que mereceria honras de uma reedição: o Café Brasileira de Braga, não me recordo se é este o título exacto). Depois de Baía dos Tigres, PRM perdeu-se em pouco em algumas experiências de co-autoria em que, do meu ponto de vista, deu mais a ganhar do que ganhou. Agora voltou de novo. Parabéns, Pedro!

10/10/11

Harry Reems, Ode A Um Herói Desconhecido, por Herb Streicher

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Conhecem o homem da foto? Não? Pois, já sabia que não! E isso é grave, muito grave, porque todos nós devemos muito a este homem. Este homem é um herói. Este homem é Harry Reems, o que, até aposto, continua a não lhes dizer nada. Grave, muito grave, mesmo!

Harry Reems é um Resistente. Foi à luta e acabou por se lixar, como mexilhão. Como se vê na foto. Foi preso, condenado a 5 anos de prisão e obrigado a desencadear uma das maiores batalhas legais das Américas. Arruinou-se, deu em bêbado, mas nunca desistiu da sua luta. E tudo isto para que todos nós possamos hoje ver filmes libertários e libertinos em plena liberdade. Reems foi um lutador e um mártir. Foi condenado a 5 anos de prisão maior em nome de todos nós. Um segundo Jesus Cristo. Sacrificou-se por nós. Amén.

Para que se saiba e ajoelhe, Harry Reems é o homem que contracenou com a Linda Boreman no Garganta Funda. Não a conseguiu fazer engasgar, mas engasgou-se ele com avalanche moralista que procurou combater o filme que alcançou a sua condenação por conduta obscena a 5 anos de prisão maior.

O engraçado da questão é que a grande protagonista do Garganta Funda é a Linda Lovelace e as suas habilidades de garganta. Mas quem se lixou foi o mexilhão, o pobre do Harry. É claro que, para a horda defensora da moral e dos bons costumes, era impensável prender a cachopa, embora o número de circo passasse por ela e quase só por ela. Só que prendê-la a ela, era um bocado como prender o Leão e deixar seguir o Domador. O Leão continuou a rugir com força e o homem do pingalim passou a ver o sol aos quadradinhos. O circo seguiu em frente mas com pingalins diferentes. A horda de selvagens que perseguiu e condenou o artista, correu em massa a todas as salas onde o circo se instalou. Foi a primeira vez que um actor de cinema foi preso por causa da distribuição de um filme. Tá bem que chamar actor ao Harry é um bocado forçado, mas porra, que o homem era esforçado lá isso era.

Harry Reems nem sequer soube o que lhe aconteceu. Por isso tem mais valor ainda o seu apostolado anónimo. Harry era um mero assistente de produção no Garganta Funda, mas naquele dia o actor principal sumiu-se. E aí chamaram o bom do Harry, pagaram-lhe uns míseros dólares para o fazer entrar na jaula, desapertaram-lhe a braguilha e o homem afundou-se naquela garganta sem fundo. Quando deu por si e voltou à tona, já estava com a mona na pildra. Cá fora o Garganta Funda prosseguia a sua cavalgada triunfal. Harry Reems merece um busto em cada cinema e em cada clube de vídeo deste planeta. Harry Reems e o seu bigode farfalhudo mereciam um poster de face sombreada a olhar o futuro em cada quarto de adolescente, à la Che Guevara. Viva Harry Reems! Um lutador da Liberdade!

04/10/11

maRio Testino RJ



O Rio já é o que é. Mario Testino, o célebre fotógrafo de moda peruano, fotografou-o assim num álbum de 2010 para Taschen. Podem vê-lo aqui:
http://www.taschen.com/lookinside/05732/index.htm