27/09/12

The Horror!, por Kurtz

«O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) emitiu um parecer em que defende que o Ministério da Saúde “pode e deve racionar” o acesso a tratamentos mais caros para pessoas com cancro, Sida e doenças reumáticas.»

RTP Notícias

Esta notícia faz-me lembrar a arrepiante cena final de Apocalipse Now: «the horror», dizia o coronel Kurtz, algures, em plena guerra, numa selva profunda do Vietnam. Esta designada «Comissão de Ética» não está nas profundezas do Vietnam, nem no meio de uma guerra sanguinária entre canibais que exibem as cabeças decapitadas dos inimigos; está em Portugal, na Europa civilizada (?) do século XXI! Este não é o parecer de  uma comissão de contabilidade mas, pasme-se, de ética!!!

Como é possível que estes senhores venham defender que, cito de memória, «não se justifica gastar muito dinheiro com pessoas cuja esperança de vida é, por exemplo, de dois meses». Como podem saber que os dois meses de vida que restam a um doente já não justificam despesas «exageradas»? Quem decide o que vale e quanto vale uma vida, a vida de outra pessoa? A partir de quantos meses se justificam os gastos para salvarmos uma pessoa?

O que estes senhores da ética proclamam é a mais cruel das insensibilidades: o abandono de outro ser humano perante os inimigos que a todos nos acossam - a morte, a doença, o sofrimento. Albert Camus rejeitava a pena de morte porque consistia, precisamente, na deserção do homem perante o sofrimento que, a todos, nos faz  «próximos», homens e mulheres, pretos e brancos, justos e injustos, polícias e ladrões...  Neste caso é do que se trata é de algo muito pior que a condenação à morte de um criminoso - aqui trata-se de cortar o apoio a quem dele mais necessita. É o Inimigo Comum que nos faz a todos seres humanos - mas em que é que nos tornamos quando esta solidariedade que a todos deve unir é esquecida? Que diria Camus?

No país das reformas pornográficas, das mordomias e dos salários estratosféricos de alguns, das obras faraónicas, dos governantes das frotas de automóveis, há uma comissão de ética (?!) que está preocupada com os gastos excessivos com aqueles que sofrem atrozmente. Está tudo do avesso quando aquilo que devia ser prioritário é desprezado. Sabem quando devemos abandonar os doentes terminais e as vítimas de doenças terminais? Isto eu sei: nunca, enquanto houver um tostão neste país.

Nestes casos nem se aplica o conceito de «despesa excessiva», tenho dificuldade em pensar que há gente que enche a boca com a ética capaz de conjugar a linguagem da solidariedade para com um doente de cancro com a dos «gastos excessivos». Portugal, afinal, não é assim tão diferente da selva profunda de Apoclypse Now...

18/09/12

Paulo Morais: fixem este nome, por Cândido

 Trata-se do vice-presidente da associação cívica Transparência e Integridade, uma organização que se vem destacando no estudo e na denúnica da corrupção em Portugal. O diagnóstico de Paulo Morais é simples e certeiro: estamos numaa situação de falência devido à corrupção que grassa à solta em Portugal. A corrupção organizada e institucionalizada levou-nos à ruína.

O diagnóstico  de Paulo Morais contrasta brutalmente com a candura da sra cândida da procuradoria geral da república que diz que não, não senhor, os nosso políticos não são corruptos. Mas as organizações internacionais que monitorizam a corrupção, dizem que Portugal de 2000 até até 2012 (e em velocidade acelerada nos últimos três anos), desceu de vigésimo terceiro para trigésimo segundo. Só há dois países europeus atrás de nós: a itália com a sua «cosa nostra» e a grécia ( mas no caso da itália também é verdade que a corrupção é punida, coisa que cá não acontece).

Portugal é um charco, o estado da degradação da nossa vida pública é uma realidade. Paulo Morais tem do país a mesma visão que eu tenho. Este homem diz o que tem de ser dito - falta fazer o que ele diz para resolver o problema. Ontem apanhei este programa, por acaso, enquanto zapava. Foi uma revelação. Este homem é digno de admiração. E o programa de ontem devia ser obrigatório para todos nós:


13/09/12

Bardamerda!, por Major

As recentes medidas de austeridade anunciadas pelo governo merecem o consenso de toda a sociedade portuguesa, da esquerda à direita, de patrões a empregados, da manela ferreira leite ao francisco louçã: são uma asneira monumental, uma injustiça flagrante e uma burrice incomensurável. Todos de acordo.

Mas mete-me nojo, é o termo, ver como, de repente as ratazanas xuxas que andavam metidas nas tocas, perderam a vergonha, levantam as cabecitas e entopem os media com declarações escandalizadas de protesto contra o governo. É vê-los, os galambas, os silva pereiras, as edites, os soares, os alegres, os almeida santos e uma imensidão de ex-ministros que deviam estar arrumados definitivamente num canto negro da nossa história recente, a multiplicarem-se em declarações. Esta gente, pura e simplesmente, não tem vergonha na cara. Foram eles que fizeram o país chegar ao estado de falência em que se encontra!

Uma parte deles devia ser responsabilizada criminalmente e anda a curtir alegremente «la douce vie». Onde estavam os comentadores indignados que agora pedem a revolução, que agora declaram o ambiente irrespirável, quando zé socas e a sua tralha levaram este país à ruína? Durante dois mandatos e oito longos anosdefenderam-nos sem pudor e agora reencontram, finalmente, o sentido de decência perdido? É bom recordar que os portugueses foram obrigados a votar em passos para se livrarem da maior doença da democracia portuguesa - zé socas. Não, não pega, esta gente perdeu o ethos...

É certo que existem todas as razões e mais algumas para censurarmos este governo, para nos escandalizarmos, para nos revoltarmos. Mas atenção: nem todos temos legitimidade para o fazer. Os xuxas - corresponsáveis pelo caos - não têm esse direito. Tão simples como isso. Se lhes sobrasse um pingo de decência voltavam a enfiar-se nos buracos fétidos onde têm estado. Deviam estar caladinhos - como disse alguém, «governaram como se não houvesse futuro e agora comentam como se não tivessem passado».

05/09/12

Toni em grande, por Mangas

Para ver até ao fim.

http://www.miragens.abola.pt/videosdetalhe.aspx?id=17280