26/11/06

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1923 - 2006

21/11/06

Anais do Porco. Por Manel, o Empalador

Olhem o que eu fui buscar ao baú, umas disquetes que aqui tinha:

«Coimbra, adega do Galgo, 27 de Fevereiro de 1999


«(....) até que um dia o Senhor, desagradado com o rumo empirista e subjectivista do seu rebanho, irado com o episódio do Barca Velha, [alusão à degustação de um Barca Velha prova cega e que foi desqualificado pela generalidade dos confrades] tomou a decisão de enviar um anjo com a missão de apontar o caminho da Verdade e do rigor científico. Foi então, qual novo Moisés, que o abençoado anjo do Senhor ofertou aos bárbaros os instrumentos com os quais eles inauguraram uma nova era das suas vidas. Mas advertiu-os: acabai de vez com as apreciações tipo pica, escorrega bem, bate bem, etc. De ora em diante, exijo-vos o rigor no discurso e a objectividade na análise.»
A História ensina que estes momentos de ruptura têm que superar as naturais reacções conservadoras. Sabe-se como as massas ignaras são adversas à novidade, apegadas à tradição e reagem negativamente à introdução de elementos que perturbem a harmonia pacata do seu quotidiano. E, por isso, também então se fizeram sentir vozes espantadas e ignorantes que, em face dos aparelhos, indagaram "Qu'é isto !?", enquanto coçavam o cocuruto com o indicador esquerdo e com as costas da mão direita limpavam a baba que lhes pingava da beiça embasbacada.
Mas a provar que esse momento não foi um dado isolado, e que reflecte um salto civilizacional qualitativo, temos que, mais ao menos pela mesma altura, como que anunciando a grande novidade revolucionária, os membros da sociedade satânica acolheram uma outra novidade: nada menos que o famoso cardiovelocímetro. Este aparelho é assim uma espécie de conta-quilómetros só que, segundo o nosso Mister especialista em bola científica (isto é, treinador sem bigode) em vez de estar ligado à roda, está ligado ao coração e capta o ritmo da frequência cardíaca, enviando depois, através de um emissor electrónico fixado no pulso, elementos sobre o esforço dispendido pelo utilizador. Assim se desmascara, reportando-nos à aplicação exclusivamente desportiva do instrumento, o sub-rendimento dos praticantes, forçando-os à exaustão. Porém, a importância desta geringonçça consente outro tipo de utilizações. Sirva de exemplo a aplicação do cardiovelocímetro no domínio das relações interpessoais. Pela consulta dos dados obtidos pelo aparelhómetro torna-se possível detectar o subesforço de uma das partes, advertindo-a mais ou menos nos seguintes termos:
- Desculpa lá, mas não deste o litro. O cardiovelocímetro não engana! Vais ter que amochar outra vez!»

Esclarecidos então acerca da importância histórica do repasto, passemos à apreciação do dito.
No referente aos sólidos, nada a opor. O chouriço caseiro cumpriu e o queijito não envergonhou. De 1 a 5, as entradas merecem nota positiva. Os torresmos estavam óptimos, temperados à portuguesa, apenas com vinho, segundo o anfitrião, e fritos na própria gordura. O arroz de míscaros apresentou-se em duas versões, a saber: com carne e sem carne. Nenhuma das versões envergonhou e qualquer delas bate a versão do Cantinho dos Reis, uma sub-espécie que constitui uma terceira categoria: arroz com carne, colorau, pimentão, massa de tomate e alguns míscaros.
As duas variedades foram provadas e aprovadas, muito teriam ganho se algumas alimárias retardatárias entendessem o significado de 8 horas. De facto, se é às oito, não é às 8 e meia e, por maioria de razão, muito menos às nove menos um quarto! Não é preciso ter um rolex para entender isto! Ou alguém tá a precisar de slides?
O arroz perdeu, e é em memória do que perdeu que agora se estipula o princípio de iniciar os jantares futuros à exacta hora marcada. Quem chegar atrasado traz pão com fiambre!
Passando aos líquidos, deve comentar-se a já proverbial sovinice do vice-mestre que trouxe um miserável Porca de Murça do ano, porque não havia mais barato.
Quanto ao Grão-mestre, et son partenère, porventura ainda ofendido com a estrondosa indiferença com que apreciámos o Barca Velha, decidiu dar uma de educador das massas! Como quem diz (e escreve, reportando-me à assinalável importância e elevado sentido de humor da sua crónica dactilografada) que o mal não deve ser do vinho (ainda que o José Salvador sublinhe a precipitação motivada pelo «efeito Expo 98»), por isso deve ser das bestas com sentidos empedernidos. Ora, aplicando agora os básicos príncipios da economia, trocar de bestas sairia caro e moroso, portanto, educam-se! Foi assim que ambos vieram munidos de uma garrafitas adquiridas no Pingo Doce, em saldo, e que eram vinhos de casta única. Um Trincadeira e um?????, numas garrafitas de 0,50. Julgavam, através deste método ensinar os rudimentos da enologia, o b-a-bá da matéria. Ora bem, caros grandes timoneiros, as bestas a educar entendem por conveniente dizer duas coisas:
1º: Esses vinhos de casta única não valem uma merda!
2º: Se acaso persistirem nessa tendência para apresentar vinhos em garrafitas de 0,50, daremos validade à hipótese que propõe que o volume da garrafa é directamente proporcional ao tamanho do membro viril! Não repitam pois a ousadia se não querem acrescentar ao nome o epíteto O Meio-litro!
Assunto encerrado! Não queremos ser educados! Estamos felizes enquanto bestas! Mais, orgulhamo-nos de ser bestas e só aceitamos uma metodologia educativa para deixar de ser bestas: mais Barca Velha! Até parece que nunca ouviram falar no método pela descoberta, em que a besta é que determina o ritmo do processo ensino-aprendizagem. Nós não queremos ficar traumatizados!»
Já lá vão uns anos. Exceptuando o eclipse do Galgo e a banalização do cardiovelocímetro que na altura era uma novidade, está tudo na mesma: à marrada e à morteirada!

16/11/06

Muito acerca de nada, por Mangas

Encontrei os meus cães a lamber o sangue de um pavão que saltou a cerca para o lado de cá. Fitaram-me, quietos, à espera de uma carga de porrada, mas deixei-os entregues ao que restava daquele campo de batalha de onde sobravam ossos, carne rosada e penas coloridas.

Cenários idênticos podem acontecer após o anúncio da classificação dos tintos numa prova cega, ou no rescaldo da cirurgia plástica a um porco.

Depois disso apontei-lhes o caminho para casa, mas os cabrões ainda não regressaram.

09/11/06

Rosebud, por Fernão Lopes

Aaron Delwell Penglast é um multimilionário norte-americano da Pensilvânia, considerado pela revista Forbes entre os 15 mais ricos do Mundo, que acaba de constituir uma fundação com um propósito exclusivo, bizarro e muito curioso. O senhor Penglast, de 63 anos, dotou a sua Fundação com largas dezenas de milhões de dólares, contratando especialistas das mais variadas áreas, que vão da arquivística à informática, ou da robótica à psicologia, com a intenção de reconstituirem a sua vida desde a mais tenra infância até à actualidade, bem como de procederem ao registo de todos os factos da sua vida futura, mesmo os mais ínfimos e irrelevantes. O objectivo é produzir um guião diário da vida do multimilionário e reconstituir a sua vida em espaço virtual 3D de modo a que, após a sua morte, se cumpra a disposição testamentária já redigida e mantida em segredo mas que, no entanto, dispõe que um colectivo formado por um vasto número de sábios e especialistas nas mais diversas áreas seleccione um casal que esteja disposto e aceite livremente que o seu ffilho viva a vida de acordo com a reconstituição virtual, e devidamente documentada, da vida de Aaron Penglast. Isto é, diariamente, os arquivos digitais ora produzidos deverão ser consultados e a jovem réplica deverá viver a sua vida de acordo com o guião. Isto é, ler os mesmos livros, ver os mesmos filmes, visitar os mesmos locais, estudar as mesmas matérias, tomar as mesmas decisões, tanto quanto for possível, tudo igual à vida de Penglast. A Fundação manterá um curador e um colégio de acompanhamento que deverá não só manter a vigilância sobre o quotidiano do contemplado como decidir sobre os factos dificilmente replicáveis ou até impossíveis de repetir. Deverá o colectivo de curadores reunir e recomendar, em caso de impossibilidade de se observar o quotidiano original, a alternativa mais próxima e exequível. Discreto, o sr. Penglast aceitou apenas dizer que este processo foi o que mais próximo se assemelhou com a conquista da imortalidade. «Não creio na clonagem», acrescentou.

Foto: http://universe-review.ca/F10-multicell.htm#evolution

05/11/06

Hermanizaram-se!

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O Júlio Isidro foi ao Gato Fedorento! Melhor, ao Diz Que É Uma Espécie de Magazine! Até o título é um flop! É a morte dos Gatos? Engravatados, com palmas enlatadas, com público contratado, com momento musical, com trocadilhos idiotas. O Júlio Isidro! Por amor de Deus! O Herman, apesar de tudo, aguentou mais tempo. Tirando o dito boneco do Paulo Bento, ao cabo de dois programas, não vi nada de jeito.

foto:
http://designersalliance.co.uk/wp-content/uploads/2006/05/shit.jpeg