27/11/12

O Problema zbordinguista, por Visconde de Alvalade


O Tapor recebeu este mail de ilustre zbordinguista que aponta algumas soluções para a crise leonina. Aí vai sem mais comentários:

Sejamos realistas: com os B também não íamos lá e lutávamos para a manutenção. O problema é que com os A também… Portanto a solução melhor é como fazem os israelitas que em tempo de guerra incorporam os reservistas. Eu despedia esta cambada toda a começar pelo Pequeno Godo que substituía imediatamente pelo sousa cintra. Despedia o belga e ia buscar o juca pa treinador se ainda for vivo. Para adjunto voltava a apostar no Pál Serge um incompreendido que passou no nosso clube. E apresentava-lhes este plantel:

GR: patrício e vendia os outros todos porque o patricio mesmo lesionado é melhor que os outros todos juntos. Além disso porque é que precisamos de um GR de classe mundial para disputar a manutenção? Não faz sentido não é?
LD: manaca;
DC: despedia tudo e recuperava o virgílio, o zezinho, o laranjeira e o duilio. Tínhamos assim um quadro de centrais como deve ser: todos de bigode!
LE:  Contratava o paíto e corria o insua a pontapé.
Trincos: um gajo qualquer careca. Gosto de trincos carecas. Dantes havia um no braga que era o caccioli. O gajo ainda deve jogar numa equipa de veteranos do brasil. Ia buscá-lo e pagava-lhe só bucha e alojamento.
MD: fraguito. Este gajo era titularíssimo, é o melhor nome de guerra do futebol português.
ME: tiuí. Quanto a mim foi mal aproveitado no nosso clube porque estava fora do lugar. Como médio esquerdo dá uma abada ao pranic.
ED: oliveirinha, o irmão do gajo da olivedesportos. É especialista em carimbos e ainda mexe na chincha. Qual carrilho qual caralho?
AC: o grande manel fernandes, a verdadeira alma leonina. Tem uma barriguinha respeitável mas trata bem a bola e era genial a lançar-se pá piscina (ainda deve ser).
EE: o bóbó, claro, um jogador que não era de «bocas» e que nunca jogou no nosso clube porque os nossos olheiros andam a dormir e deixaram passar um jogador desta qualidade. Deve estar um bocado azedo mas com a merda do capel que ali anda ainda jogava de caras.
Esta equipa jogava por amor à camisola, vendíamos aqueles merdas todos que lá estão agora a desbarato, fechávamos o estádio e fazíamos uma grande festa stromp com bifanas à borla prós sócios com quotas em dia.
Bibó Zbordem!

22/11/12

Um blog que é must, por Manoel Cascavel

Aconselho vivamente este blog, ou, mais exactamente, os comments às carradas que alegram os seus magníficos posts. Por favor zbordem, não acabes, não acabes nunca porque se acabasses perdíamos o prazer de ler o http://ocacifodopaulinho.wordpress.com/.

13/11/12

Ay Carmela, por Falâncio

Vi ontem o último filme (2012) de Phillip Kaufmann, «Heminghway e Gellhorn».Trata-se de um tema recorrente na obra de Kaufmman - os casais literários. O realizador já tinha filmado Henry and June sobre a relação do escritor americano Henry Miller, sua mulher June (Uma Thurman) e Anais Nin (Maria de Medeiros). Nada de especial. Este Heminghway e Gellhorn segue o trilho e narra a relação atribulada entre o autor de Por Quem os Sinos Dobram e a sua mulher Martha Gellhorn (Nicole Kidman). Os filmes não são maus mas também não são nada de especial. Mas numa coisa temos que dar mérito a Kaufmann: o homem tem olho para escolher actrizes!

Apesar de não ter ficado muito impressionado, houve, contudo, um aspecto mais ou menos lateral que me impressionou. Refiro-me a uma música antiga, imemorial, daquelas que estão indelevelmente gravadas na nossa memória mais recôndita. Onde terei ouvido aquela música tão antiga? Algures na minha infância no velho rádio lá de casa? Alguém a terá cantado ao vivo? Não sei, mas a música soou-me familiar.

Procurei no google e descobri-a. A música chama-se Ay Carmela, mas segundo li, já foi conhecida por muitos outros nomes. É obviamente uma música icónica das forças revolucionárias espanholas em luta contra os franquistas e tem essa carga ideológica e mítica. É dedicada à Quinta Brigada, uma brigada revolucionária composta por militantes antifascistas voluntários internacionais e espanhóis. Mas o mais interessante é que esta música não foi criada durante a guerra civil espanhola. Não, ela provém, pelo menos do século XIX, e era cantada pela resistência espanhola que fez frente às tropas gabachas de Napoleão aquando da invasões francesas. Já no século XX, durante a guerra civil, foi adoptada pelos revolucionários e rebaptizada - foi Ay carmela (o nome de uma revolucionária), Viva la Quinta Brigada, Marchamos contra los Moros, etc. Esta música tem uma carga mítica que não passa despercebida - está viva e bem viva, sabe-se lá o que ainda lhe reserva o futuro... Aqui fica a versão mais antiga de Rolando Alarcon, que é preferível à do filme:


10/11/12

I was born in a crossfire hurricane, por Dandelion

Era o tempo em que eles estavam no auge - 1972, Texas, os Rolling Stones num dos concertos da digressão mais incrível de toda a história do Rock, a insana e fabulosa STP, a Stones Tour Party. Este vídeo, uma peça de museu, mostra os Stones numa versão electrizante de JJFlash. Mick Taylor, à data, o novo guitarrista da banda sobrepõe-se ao próprio Richard. Depois dele sair nunca os Stones recuperaram aquele efeito de solos em arabesco - ganhou-se o efeito de conjunto, dizem alguns. Ok, mas mas perdeu-se a selvajaria solista de Taylor, um factor maravilhosamente dissonante que acentua a anarquia sonora característica dos Stones. O som dos Stones, depois dele, tornou-se mais integrado, é certo, mas acontece que a desintegração é que foi, sempre, a marca da banda.

Este vídeo tem uma particularidade engraçada - ao minuto 3.29. Alguém percebe o que acontece? A gaffe ocorrido torna esta excelente versão de JJFlash, uma peça digna de colecção - como aquelas obras de arte que têm um defeito indelével que acaba por lhes dar ainda mais cor. Minuto 3. 29... What happened?

07/11/12

Jagger ou Richards?, por Dandelion

Os meados dos anos 80 foram tramados para os Rolling Stones. Em 1986 fizeram um dos seus piores álbuns de sempre, o famigerado Dirty Works, claramente marcado pelos atritos entre os glimmer twins. Pelo meio Mick Jagger resolveu que queria tentar uma carreira a solo - em 85 gravou She´s the Boss e em 87 Primitive Cool. Keith Richards haveria de se confessar chocado com o novo rumo do amigo e acusou Jagger de egocentrismo, de pensar na banda como Mick Jagger and The Rolling Stones...

Richards respondeu aos anseios individualistas de Jagger lançando dois discos de originais (Talk is Cheap de 88 e Main Offender de 92). Na altura a carreira a solo de Jagger teve muito mais impacto mediático (She`s the boss é até um belíssimo disco). Richards estaria então perdido no meio de uma banda de negros, os Xpensive Winos e eu nem dei por ele.

Mas a promessa Jagger não se confirmou nos álbuns seguintes, o homem aligeirou-se, tornou-se cada vez mais pop, pelo meio fizeram-no sir, e podemos hoje afirmar com segurança que a carreira a solo de Mick Jagger contribuiu, em grande medida, para desfazer a lenda que ele era enquanto líder dos Stones. Felizmente, ambos, Jagger e Richards, perceberam que os Rolling eram mais importantes que cada um - e também davam muito mais dinheiro. A banda voltou a juntar-se e as suas digressões foram as mais memoráveis e lucrativas da história do rock. E no regresso da banda Reef tornou-se muito mais importante do que fora antes, ao invés de Jagger, que viu reduzida a sua importância. Passados estes anos ficou-me uma curiosidade por desfazer - qual dos dois se saiu melhor, afinal, nos seus trabalhos a solo?

Não tenho dúvidas na resposta (com tudo o que isto tem de subjectivo): Keith Richards fez dois álbuns excelentes ao passo que Mick Jagger se perdeu no emaranhado do seu vedetismo pop. Richards fez músicas dignas de figurarem nos melhores álbuns dos Rolling; Jagger nem tanto. Para um Stoniano fica sempre a mágoa de pensar o que os Stones poderiam ter feito se eles não tivessem dispersado a sua energia criativa durante aquele período. Mas, ao passo que a voz de Jagger a solo se tornou um repositório de tiques mais ou menos irritantes, Richards aperfeiçoou o seu lado marginal, a sua face dark e roufenha. E o som da sua guitarra continuou a ser, do meu ponto de vista, o autêntico traço de personalidade dos Rolling Stones. Depois ainda há a feliz associação de Richards a músicos tão talentosos como os Xpensive Winos. O resultado é que, tantos anos depois, re-descobri os álbuns a solo de Richards e com eles soube para onde tinham ido os Rolling Stones nos meados dos anos 80 - tinham estado onde sempre estiveram, no fundo da alma rebelde de Richards e na negritude dos Winos. Deixo-vos com Make No Mistake, uma pérola de Talk is Cheapr, uma balada fabulosa que deveria ter feito parte de um grande disco dos Rolling Stones. Não precisam de agradecer, tou cá para isto...