24/11/09

Pedreirada!, por Bulhão


Para quem tinha gostado tanto do Código da Vinci como eu, este último Dan Brown foi uma enorme, uma grandiosa decepção! Dan Brown demorou não sei quantos anos para fazer este Símbolo Perdido. Não se percebe porquê. Para repetir uma fórmula de sucesso, como é o caso, mais valia fazer um livro por mês.
Neste novo livro é tudo decalcado dos outros, especialmente do Código da Vinci - o assassino psicótico que repete Silas, outra gaja boa à volta de um segredo, uma perseguição permanente, alguma indefinição na caracterização ambígua dos polícias, o mesmo Langdon estereotipado. Só que, desta vez, para além do clima déjá vú, os segredos não têm a força do livro anterior, eu diria que parecem até, segredos de polichinelo. O livro faz lembrar aquela brincadeira que jogávamos em miúdos e que era a casa ao tesouro: os adultos faziam uns quebra cabeças com umas adivinhas e tal, a pequenada, nós, ia decifrando um e outro e passava ao seguinte até que no fim encontrava um tesouro invariavelmente ridículo que a mim pessoalmente me dava uma azia dos diabos pela trabalheira que tinha custado. Foi o que achei dos mistérios do dan brown neste livro.

Além do mais, há aqui uma inquestionável reverência do autor para com a Maçonaria que não teve para com a Opus Dei no Da Vinci. Ora a mim, não me agrada nem uma nem outra organização. Aliás, para dizer a verdade, até tenho a Maçonaria como uma organização ainda mais perniciosa pela razão simples de que, neste momento, é a Maçonaria e não a Opus Dei aquela que tem mais poder...Tentacular. por isso não encaixo sem espernear tentativas de branqueamento maçónico ainda que venham da pena de um aparentemente inocente escritor de perseguições norte americano.
Por falar nisso, outra coisa de que não gostei foi a tentativa forçada de Brown em impingir-nos os States. O Símbolo Perdido parece um mega prospecto de uma agência de turismo a promover a América e Washington DC. Brown tenta dar patine aos monumentos de Washington e às suas instituições, recorrendo aos tais mistérios que estariam associados ao crescimento daquela cidade.Mas é forçado: Washington não é Roma, nem Londres nem Florença nem Madrid... Quanto a mim, não pega. Não fiquei nada mais interessado em ir a Washington por causa do livro. O contrário do que me aconteceu quando li o Da Vinci, que me suscitou interesse em voltar a Paris ou a embrenhar-me em leituras sobre a Ordem do Templo.

Uma vez que a escrita de Dan Brown não tem um brilho por aí além, e que a narrativa, comprova-se agora, é standardizada, talvez tenha sido isso que falhou neste último livro: enquanto o mistérios que estão na base do Da Vinci são, de facto, ricos e interessantes, os que estão na base d´O Símbolo Perdido, parecem forçados e são descritos de uma forma parcial: por um claríssimo simpatizante da maçonaria! Este Símbolo Perdido é, afinal, uma grande oportunidade perdida.

2 comentários:

Coprófilo disse...

Ainda há quem leia desta merda.

Anónimo disse...

É isso que eu digo, pá. Mas com uma diferença em relação a ti: falo com fundamento porque li, não falo de cor.