14/11/10

A Bola Fede!, por Fedorov

A Bola, jornal que tenho como referência desde os tempos em que ainda lhe chamava A Bíblia, está em estado cadavérico. O óbito deu-se na semana passada quando o seu director, Vitor Serpa, cometeu um acto de censura indigno dos pergaminhos do jornal sobre o Zé Diogo Quintela. Logicamente, porque a censura é inadmissível, o Zé Diogo foi-se embora.... E, em consequência e por acto básico de solidariedade que devia ser seguido por todos os colunistas da Bola (excepção feita, claro, ao Tavares) Ricardo Araújo Pereira seguiu o mesmo caminho.

O comentário do director do defunto jornal, Vitor Serpa, é uma tentativa falhada de passar por entre os pingos da chuva sem se molhar. Escreve o Serpa num curto e cinzento editorial: “Ricardo Araújo Pereira e José Diogo Quintela terminam a sua colaboração com A Bola”.

Isto é falso! Não foram eles que terminaram a sua colaboração. Quem os censurou foi o Serpa. E, a uma pessoa com um mínimo de dignidade, não restaria outra alternativa que não a demissão. Aceitar a censura e continuar é que seria inaceitável.

Explica Serpa que o jornal não está disponível para “prosseguir um cansativo e desinteressante (para os leitores de A Bola) contencioso particular com Miguel Sousa Tavares(…) até por haver mail, SMS e CTT para o efeito”. Pessoalmente achava o «contencioso» muito elucidativo e não creio que fosse assim tão pessoal. Pelo contrário, o Tavares é uma figura pública que não se coíbe de mandar podoada em tudo o que mexe. É quase um serviço público que um mascarado fique assim desmascarado, como era notório nas colunas de opinião dos Gatos.

O que é interessante é que só o texto do Zé Diogo foi alvo da censura da Bola. Mas os textos do comentador tavares não justificaram a mesma atitude.Porquê, pergunto eu na minha candura? Nem quando chamou rafeiros e mais não quantos encómios aos Gatos... Se o Serpa acha que aquele ping pong não interessa ao jornal, por respeitáveis razões editoriais, porque razão apenas se meteu com o Zé Diogo e não com o Tavares? Até parece que para haver pong não é preciso haver primeiro ping... Só os gatos alimentavam aquilo? Parece que só o Ricardo e o Zé Diogo responderam ao Tavares e não o Tavares aos gatos...

“É, assim, a vida. Cá pela nossa parte gostamos (aos Gatos) muito de os ter entre nós», remata o serpa no mesmo editorial. Cheira a pura hipocrisia... Se gostaram porque razão os censuraram? Repito: zé diogo e ricardo araujo pereira só se foram embora porque foram forçados a isso! E foram-no por acção expressa e intolerável de uma inqualificável direcção de um jornal que tem uma história, uma imensa história, que só sai aviltada por pessoas capazes de procederem desta maneira.

Zé diogo declara que uma das frases cortadas pela Bola era a seguinte: “Em Janeiro, [Miguel Sousa Tavares, portista declarado] pediu a Pinto da Costa [presidente do Futebol Clube do Porto]” que me processasse. Desta vez, vitimiza-se e ameaça abandonar a sua crónica n’A Bola, pretendendo que o Ricardo e eu sejamos responsabilizados pela sua saída. Depois das queixinhas, uma ameaça de amuo”.
Tavares, claro, nega ter feito qualquer pressão para a saída de zé diogo. Mas todos conhecemos o estatuto moral e a honestidade intelectual de tavares. Ponto parágrafo.

Compreende-se até que o homem andasse moído com o trabalho meticuloso e aturado feito pelos Gato que lhe foram apontando penosas contradições e volumosos engulhos de boca. Não era difícil numa criatura que debita verborreia sobre praticamente todos os assuntos, mesmo que, numa boa parte deles não passe de um desleixado ou de um ignorante. Digamos que estava mesmo a pedi-las...Os Gato tiveram o mérito de meter a nu os maus fígados de um indivíduo que estava habituado ao papel cómodo de criticar sem ser criticado. O tavares vive da crítica mas não gosta que o critiquem! Pena é que não haja mais Gatos! Pena é que isto seja antes um país de serpas!

Pode o tavares ficar mais descansado que agora não tem quem o contrarie nas páginas da Bola. Pode escrever as habituais inanidades odientas que não haverá ninguém a ridicularizá-lo (na Bola, claro)... Mas saiba o zelozo serpa que há milhares de leitores da Bola que não mais comprarão o jornal. Pessoalmente vou baixar a minha dose de dependência e pena tenho eu que a concorrência seja constituída pelo medíocre record e pelo pasquim do jogo. Estou a pensar seriamente em mudar para a Marca ou para o Lance...
Saiba ainda o serpa que havia muito quem lesse a bola ao sábado só por causa do ricardo araújo pereira. E que há muito quem já não comprava o jornal à terça só por causa do tavares. Pessoalmente acredito que o homem não só não faz lá falta nenhuma como até devia escrever noutro lado. Mas isso sou eu... O que jamais faria era censurar-lhe um texto. Muito menos faria queixinhas ao director do meu jornal para tirar de lá o outro menino que não gosta de mim.

O tavares foi tavares porque não sabe ser outra coisa. E o serpa é serpa e ainda quer parecer que não é. Quanto aos Gato golearam por 20-0 e o único a perder foi um jornal que não merecia estes directores. Digam-me onde é que passarão a escrever o Ricardo Araújo Pereira e o Zé Diogo Quintela. Passo a comprar esse jornal, em vez da Bola, imediatamente.

20 comentários:

Anónimo disse...

A bola já metia nojo há décadas, o pior pasquim da história do jornalismo desportivo, um pau mandado dos corruptos lampiões. A bola é o que sempre foi: abaixo de cão

Anónimo disse...

A Bola já tinha despedido o Ferreira Fernandes, benfiquista dos sete costados, só porque este disse que o Benfica do Trapattoni ganhou o campeonato à custa de manobras de bastidor. Não me lembro de tanta ira contra o Serpa nessa ocasião. enfim, benfiquismos....

Anónimo disse...

Enquanto estiveram no topo, foi sempre a bombar idiotices. Agora que levaram com 5 acabou-se lhes a boa disposição. Meteram o rabinho entre as pernas e foram-se à vida. Esconderam-se. O MST bem ou mal, ganhando ou perdendo, umas vezes a favor do sistema "Pinto da Costa" outras vezes contra, lá se vai mantendo e nessese dias o jornal até vende mais. Curioso.

Corrector desportivo disse...

O anónimo é BURRO. O Ferreira Fernandes era cronista do RECORD e não da BÍBLIA!

Anónimo disse...

tss, tss, "burro"?, em letras grandes? se há um lapso, porque se não aponta o mesmo com a devida elegância? custa muito?

The Right Path

Anónimo disse...

Com a devida elegância és um distinto burro. E ignorante esclarecido.

Anónimo disse...

A mim não me parece um lapso, tipo, um pormenor que falhou mas não anulou oo essencial. A mim parecce-me é que o argumento do ferreira é um profundo disparate.

Bad disse...

Incrível como se defende alguém como o Tavares só por ser do Porto. As pessoas não entendem que o que está em jogo é muito mais do que o simples clubismo. Enfim, são as mesmas pessoas que votam no Socas porque "sempre votaram PS". Eis o povo que temos...

Anónimo disse...

Concordo com o Bad, há princípios éticos que superam, ou devem superar, as fanatismos clubísticos. A violação de um princípio básico, como é a censura à opinião livre e assinada, justifica o abandono do ZDQ do pasquim a Bola e a indignação do autor deste post. Assim como, há umas semanas, a violação de um princípio básico do estado de Direito (a divulgação de escutas não autorizadas na net e a sua utilização como argumento clubistico pelo António Pedro Vasconcelos) justificou o abandono do Ruim Moreira do programa Trio d'Ataque. Não se deve censurar nem violar o segredo de justiça. Quem pactua com a censura e com a divulgação não autorizada de escutas só merece um título: canalhice!

Anónimo disse...

Isto é como comparar Uma obra prima com a prima do mestre de obras. Censurar é uma coisa. Condenável. Agora, mostrar, divulgar algo que aconteceu é, exactamente, não censurar. A questão é: aconteceu ou não? Não vi alguém a dizer que era uma montagem. Portanto deve ser mostrado a toda a gente, sem censura, para sabermos quem é quem. Esse paralelo é bem visto nesta perspectiva. E não dão o de confundir os planos

Anónimo disse...

Ficamos então a saber que há direitos fundamentais diferentes, apesar de igualmente fundamentais. Se der jeito, viola-se o segredo de justiça e divulgam-se escutas declaradas ilegais pelos tribunais, ofendendo-se pessoas já inocentadas pela Justiça e o Direito deixa de ser fundamental. É um «plano» diferente, diz o anónimo. Lindo!

LSD

Anónimo disse...

Não. O que se passa é o que o direito à privacidade do criminoso não se pode colocar à frente do direito à informação das vítimas do crime. Só isso.
Qualquer dia estamos a defender que um crime comprovado documentalmente não o é porque o documento que o provava estava escrita em caracteres times roman e devia, para ter legalidade jurídica, estar escrito em colibri. Legalidade é difernte de ética, my friend...

Anónimo disse...

Oh la la! temos jurista! Se quiseres discutir Direito Constitucional comigo, terei muito gosto. Mas, para início, ficas já a saber que a questão, tal como a apresentas, dava para chumbar logo na 1ª frequência.

LSD

Anónimo disse...

Este LSD tem um problema com ácidos. Portanto, é contra a censura. Muito bem. Mas censura a audição das escutas. Ops. Afinal, a censura é para quando? Quando dá jeito? O que foi dito foi ou não dito? Foi. Então pode-se ouvir. Ou censura-se? Mas tu não és contra a censura? Responde lá, objectivamente, sem devaneios

Anónimo disse...

O LSD argumenta de cátedra e quem sou eu para discutir direito constitcional com tão eminente sábio. Ná, eu por aí não posso entrar, sou um simples mortal e não um doutor da mula ruça...

Anónimo disse...

Introdução ao Direito Constitucional

Lição nº 1
Sumário: Da não conflitualidade entre os Direitos Fundamentais. Conflito, colisão e Harmonização de Direitos Fundamentais.

Bibliografia: Wikipedia (entrada «Direitos Fundamentais», confirmei agora que tem uma introduçãozinha fácil de entender e que coloca bem a questão, de um ponto de vista preliminar, é certo).

Exercício prático (T.P.C.)

1. Explique, com base no princípio da não conflitualidade entre os direitos fundamentais, como harmonizaria o direito à intimidade com o direito à liberdade de opinião?

2. Considera a liberdade de expressão um valor absoluto? E o direito à privacidade? Justifique a sua resposta.

3. A redução de um direito fundamental, como o da liberdade de expressão, com o objectivo de o harmonizar com outro direito fundamental, como o direito à intimidade, constitui, no seu entender, um acto de censura?

Cotação:
pergunta 1: 6 pontos
pergunta 2: 6 pontos
pergunta 3: 8 pontos (era aqui que o amigo anónimo chumbava)

O Professor Doutor da Mula Ruça:
LSD

Anónimo disse...

ò mula és um cómico, pá...

Anónimo disse...

O "Doutor da mula ruça" existiu na realidade. Em 1534, o livro da Chancelaria de El Rei D.João III refere explicitamente a sua existência. António Lopes, que exercia medicina na cidade de Évora, cidade onde aliás D. João era visita frequente, terá alegadamente estudado medicina em Alcalá de Henares de onde transitou para Portugal. Sem conseguir exibir uma prova factual do respectivo curso, era frequentemente contestado pelos então denominados físicos diplomados que o tentavam desacreditar profissionalmente. Dirigiu então António Lopes uma petição ao Rei, pedindo-lhe que o seu médico principal pudesse testar os seus conhecimentos de ciência médica, facto que terá efectivamente ocorrido segundo o extracto do livro da Chancelaria mencionado:

"Dom Joham 3º a quantos esta minha carta virem faço saber que o doutor António Lopes, físico de Évora, me apresentou ua carta do doutor Diogo Lopes, meu físico moor, de que o theor de verbo é o seguinte: O doutor Diogo Lopes, comendador da Ordem de Christo e físico moor del Rey Nosso senhor em seus regnos e senhorios, faço saber a quantos esta minha carta de doutorado virem como por António Lopes, físico da mula ruça, morador em esta Évora, me foy apresentado hum allvará dellRey nosso senhor, por sua alteza assygnado e passado per sua chancelaria do qual o trellado he o seguinte: Eu ell Rey faço saber a vós Doutor Diogo Lopes seu fisico moor, que António Lopes, físico da mula ruça, morador en esta cidade, me dice por sua petiçam que elle estudou nove ou dez annos no estudo de Alcala de Henares."

Anónimo disse...

Obrigado, Anónimo, mas chumbas na mesma.

LSD

Anónimo disse...

Sim ó LSD, isso de desviar para canto pareces o Nani a tirar o golo ao outro. Responde lá: os factos existem (escutas) e devem ser censurados? Por exemplo, uma pessoa que te é querida foi violada e um puto fotografou com o telemóvel. Mas deixa-se o violador em paz porque não é legal. É isso? Sem chutar para o ar, nem desvios tipo IP3. E sem sumários. Responde, mesmo