13/11/12

Ay Carmela, por Falâncio

Vi ontem o último filme (2012) de Phillip Kaufmann, «Heminghway e Gellhorn».Trata-se de um tema recorrente na obra de Kaufmman - os casais literários. O realizador já tinha filmado Henry and June sobre a relação do escritor americano Henry Miller, sua mulher June (Uma Thurman) e Anais Nin (Maria de Medeiros). Nada de especial. Este Heminghway e Gellhorn segue o trilho e narra a relação atribulada entre o autor de Por Quem os Sinos Dobram e a sua mulher Martha Gellhorn (Nicole Kidman). Os filmes não são maus mas também não são nada de especial. Mas numa coisa temos que dar mérito a Kaufmann: o homem tem olho para escolher actrizes!

Apesar de não ter ficado muito impressionado, houve, contudo, um aspecto mais ou menos lateral que me impressionou. Refiro-me a uma música antiga, imemorial, daquelas que estão indelevelmente gravadas na nossa memória mais recôndita. Onde terei ouvido aquela música tão antiga? Algures na minha infância no velho rádio lá de casa? Alguém a terá cantado ao vivo? Não sei, mas a música soou-me familiar.

Procurei no google e descobri-a. A música chama-se Ay Carmela, mas segundo li, já foi conhecida por muitos outros nomes. É obviamente uma música icónica das forças revolucionárias espanholas em luta contra os franquistas e tem essa carga ideológica e mítica. É dedicada à Quinta Brigada, uma brigada revolucionária composta por militantes antifascistas voluntários internacionais e espanhóis. Mas o mais interessante é que esta música não foi criada durante a guerra civil espanhola. Não, ela provém, pelo menos do século XIX, e era cantada pela resistência espanhola que fez frente às tropas gabachas de Napoleão aquando da invasões francesas. Já no século XX, durante a guerra civil, foi adoptada pelos revolucionários e rebaptizada - foi Ay carmela (o nome de uma revolucionária), Viva la Quinta Brigada, Marchamos contra los Moros, etc. Esta música tem uma carga mítica que não passa despercebida - está viva e bem viva, sabe-se lá o que ainda lhe reserva o futuro... Aqui fica a versão mais antiga de Rolando Alarcon, que é preferível à do filme:


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