20/07/09

A Geração dos Transístores, por Rádio Pirata


Fez hoje anos 40 anos que o homem foi à lua pela primeira vez. Foi uma coisa espantosa e, depois destes anos todos, a principal pergunta que me faço a mim próprio é: como foi possível? Não «como foi possível termos ido à lua», mas, pelo contrário, como foi possível nunca mais lá termos voltado. Estamos em 2009. Como foi possível que desde 1972, ano da última missão Apolo 17, nunca mais tenhamos posto um astronauta noutro planeta, ao menos, de novo, na lua?

Fico estarrecido quando penso que a Apolo 11 que pôs Arsmtrong, Aldrin e Collins na lua pela primeira vez foi em 1965! Estes homens foram à lua com a tecnologia do transístor! Os computadores da Apolo, sofisticadíssimos na época, hoje dar-nos-iam vontade de rir. Se os astronautas tivessem, à data, os computadores de brinquedo que agora oferecemos às nossas crianças ficariam eufóricos. E no entanto com meios que hoje ultrapassámos largamente, com tecnologia que consideramos primitiva, a geração dos nossos avós fez viagens à lua de 65 a 72! É fabuloso!

Que foi feito da coragem, da ambição, do pioneirismo, da curiosidade e das vistas largas da geração de 60? Dos anos 70 atá 2009 avançamos alguma coisa - principalmente no envio de sondas espaciais à superfíceie de Marte. Mas é tudo muito incipiente ao pé das missões Apolo. Esperava-se mais, muito mais... Deixou de haver homens de visão e inteligência na NASA, como o grande Carl Sagan? Já não há heróis, como Armstrong, Aldrin e Collins? Com a tecnologia de que hoje dispomos não há uma razão séria para termos desinvestido tanto da exploração espacial.

Eu sei que a corrida espacial foi acicatada pelo contexto da guerra fria, que foi uma espécie de guerra simbólica entre os USA e a URSS, mas se a lógica não fosse uma batata a cooperação internacional deveria, agora, permitir-nos ir ainda mais longe. E também é verdade que muita gente distinta criticou o projecto de exploração espacial, como Martin Heidegger, um dos maiores génios do século XX. Heidegger confessou-se chocado com o abandono do planeta mãe. Mas ele enganou-se muito, noutros temas também, como na política...

O semi-abandono da exploração espacial foi, para mim, um dos maiores escândalos da nossa geração. Neste aspecto, não mostrámos ser dignos daqueles homens que acreditaram numa viagem impossível a outro mundo. Não fomos dignos da sua coragem, nem da sua dádiva. Fomos mesquinhos e achámos que era muito caro, que fazíamos melhor em aplicar as avultadas verbas da exploração espacial a equipar exércitos com felinos aviões invisíveis e armas atómicas capazes de estoirarem com o nosso planeta num ápice.

Nos séculos XV e XVI, quando homens como D. Henrique, D. João II e D. Manuel, Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama e Cabral decidiramdesafiar, com as suas caravelas, monstros desconhecidos, também se levantaram as vozes do costume. Como os astronautas de Apolo as suas naves eram obsoletas, à luz dos vindouros. Mas nada impediu os portugueses de darem início à viagem que Armstrong e os seus continuaram. Estamos em dívida para com uma geração. Mais: estamos em dívida para com a história! O repto é claro: para a lua primeiro e depois para Marte! O maior sonho do velho Buzz Aldrin é não morrer sem ver um homem em Marte. Infelizmente, creio que já não vamos a tempo de lhe dar essa alegria.

1 comentário:

Anónimo disse...

Good Luck, Mister Gorsky!


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