11/10/10

Libertem os Buffets, Porra!, por Free Willy

O meu amigo Grunfo é um filósofo e eu já sabia disso. Ele é uma prova viva de que os grandes temas da filosofia, as questões intemporais que preocupam o homem há milhares de anos, continuam vivas e actuais. Por exemplo, a questão da liberdade, ou se se quiser, num esforço de up grade pós moderno, «serão os free buffets verdadeiramente livres?».

A este respeito o grunfo é defensor de um conceito de liberdade radical e absoluta nos buffets. Entende o meu amigo que quando um restaurante, como o brasileiro, apresenta numa placa os dizeres «buffet livre: só 5.99», isto significa que um marmanjo pode literalmente servir-se do que entender e só tem a pagar os ditos 5.99. O problema é que o empregado do tal brasileiro não é da mesma escola filosófica e quando viu o Grunfo a fazer pirâmides de comida encavalitadas no prato, tratou de avisar: ná, ná, a partir dos 700 gramas paga mais... O grunfo protestou, que liberdade é liberdade e que se o buffet só é livre até aos 700 gramas, então já não é liberadade coisa nenhuma. Mas tá escrito na placa, senhor, disse o funcionário, e o grunfo foi ver e era verdade, mas em letras miudinhas, sacanas do caraças, vão mas é roubar para a estrada, pago mas é a última vez. Isto é um restaurante jurídico, um gajo para entrar aqui só aompanhado de advogado. Ou de filósofo, digo eu...

No sábado como sempre encontrámo-nos no café do costume e o grunfo levantou a questão (é certo que ajudado por interposto amigo): e vocês, o que é para vocês um buffet livre? Dizia o grunfo que um restaurante que tem um entendimento correcto do que é a liberdade no buffet, não é o brasileiro, é o japonês. Aí sim, o buffet é livre, pagas 6 euros e comes o que queres e enches o prato à tua maneira.
Retorqui que não me parece porque, até mesmo aí, caro grunfo, a liberdade não é absoluta. Por exemplo, não podes encher dois pratos de comida, os 6 euros é só por um prato. Fora as bebidas, lembrou alguém. Lá está.

Depois de dois dias de discussão creio que chegámos, enfim, a um consenso filosófico: a liberdade nunca é absoluta, pelo menos, no caso dos buffets. É sempre limitada. Mesmo no caso mais radical do free buffet, modalidade all included, que faz parte dos pacotes de férias de alguns operadores turísticos, mesmo aí, há limites: quanto mais não seja a qualidade dos próprios géneros: temos bar aberto ok, mas o gin é manhoso... Isso significa uma falsa liberdade, já que não temos direito, de facto, a gin, mas a uma mistela com essa designação. E até mesmo o buffet all included precisa de parar, nenhum all included funciona a 100% vinte e quatro horas por dia. Em matéria de liberdade, meus amigos, não existem buffets livres.

Mas o Grunfo não está convencido e continua a dizer que se eles não existem, os buffets livres, temos que lutar para os libertarmos. Saibamos fazer real esse conceito ideal de liebrdade, façamos a nossa tomada da bastilha, a nossa revolução dos cravos, o ipiranga dos buffetes, mas não desistamos: libertem os bufftets!Juntemos a nossa à voz do grunfo. Free buffet forever!

Sartre disse que «o homem está condenado a ser livre», Toqueville discutiu a liberdade a propósito da América. O grunfo inaugurou um novo patamar e discute-a a propósito dos buffets. Quem sabe quando o veremos discutir a imortalidade da alma a propósito do bacalhau à zé do pipo, das rabanadas ou dos miúdos de leitão...

7 comentários:

Supernova disse...

existe buffet livre, e é de repetir quantas vezes se quiser, em Poiares e na Figueira. Alias, na Figueira essa liberdade é de tal forma consentida que há empregados que vão às mesas tirar os pratos com os restos enquanto agarramos num prato lavadinho e vamos chafurdar novamente na comida.

Anónimo disse...

Ora bem, ora bem, o Supernova trás aqui um testemunho que podemos coniderar da existência do sobrenatural. Não estou muito bem a ver buffets absolutamente livres como os que citas,mene, iss parecem-me fantasmas. acaso não serás tu médium, supernova? Ou deverei dizer, professor Caramba?

Supernova disse...

... o da Figueira da ultima vez que fui tinha um preço de 11€ o de Poiares, se não me engano, de 8. The truth is out there. Pelo menos durante a hora de almoço. eheheh

Anónimo disse...

liberdade absoluta na figueira e em poiares? onde? onde? meu carissímo amigo?

ass: grunfo

Anónimo disse...

Pá, se há liberdade absoluta na figueira e em poiares organiza-se já uma expedição para confirmar se isso é mito ou realidade. Podemos estar à beira da resolução de uma das questões mais candentes da filosofia: a da existência da liberdade.
Ghostbuster

dromofilo disse...

Não fosse a contriçãozinha alimentar do momento, também iria deslindar a magna questão. Ide e enchei-vos!

Supernova disse...

Em Poiares fica na descida para a zona industrial à direita( se a estrada que lá nos leva for a do lado da Lousã), de frente para o que agora é só uma fachada d'A Grelha. É o restaurante com o parque maior.
Na figueira é uma quinta junto à Vasco da Gama lá do sitio. indo pela a14, corta-se à direita no sentido zona industrial-vila verde. Penso que só se é livre á hora de Almoço que é para o pessoal ir a abarrotar para o trabalho ....