Cinema policial de produção nórdica, em registo moderno da tradição noir, intenso, sádico e explícito. Da galeria de personagens politicamente incorrectas arrancadas daquele frio civilizado e tenebroso, sobressai Lisbeth Salander (notável Noomi Rapace!), a andrógina tatuada na carne e na alma que solta, sem dó nem piedade, a fúria justiceira de um passado maldito - ao ponto de roubar o protagonismo central a Blomkvist, ainda que a química entre a sociopata e o jornalista funcione sempre por cumplicidade. Corrupção, sexo, BDSM, vingança, poder e finanças, terríveis segredos de família, o mal. Raymond Chandler escreveria sobre isto se fosse vivo. James Ellroy escreve sobre isto, mas à época de Chandler.
Os dois filmes foram adaptados a partir dos dois primeiros títulos da trilogia Millenium - Os Homens que Odeiam as Mulheres e A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo -, de Stieg Larsson, sueco, jornalista e activista político que sobreviveu a inúmeras ameaças de morte mas não resistiu a um ataque cardíaco fulminante. Tinha 50 anos e escrevia à noite para descomprimir, dizia. Os livros foram de edição póstuma e rapidamente atingiram o top de vendas em todo o mundo. Aguarda-se a estreia do final da história em A Rainha no Palácio das Correntes de Ar.
2 comentários:
Cinema nórdico... Não sabia que isso existia para lá do grande bergmana e do lars von trier. Tá na lista, mangas.
Iceborg
já lá tenho os calhamaços, mas acho que me falta um deles. cinco aéreos na pulga de há uns tempos.
R.
Enviar um comentário