08/10/10

Metafísica de Barbearia, por Zidane

As conversas no barbeiro são um clássico. É praticamente imemorial, os barbeiros sempre se destacaram socialmente e não apenas pela sua excelsa habilidade na arte do rendilhado capilar - tempos houve em que faziam também de médicos de aldeia. Hoje tornaram-se, regra geral, verdadeiros psicanalistas sem divã, habituados a ouvir as biografias mais incríveis dos seus «pacientes». Mas, pessoalmente, nunca incentivei muito a conversa de barbearia. Geralmente prefiro passar por uma pessoa pacata e calada - que estou longe de ser - e deixar o sô João,adepto do sportem, fazer o seu trabalho em silêncio. A razão é simples: prefiro que ele esteja concentrado, não me agrada a ideia de distrair um tipo que tem uma navalha ou uma tesoura por perto do meu pescoço. Quanto mais não seja receio que a qualidade do corte não saia tão bem. Acho mesmo que é possível estabelecer uma espécie de lei universal das barbearias: quanto maior é o envolvimento do barbeiro na conversa, pior é o corte do cliente!

Mas hoje abri uma excepção. Não sei como, mas dei por mim a discutir o tema da corrupção na arbitragem. O sô João defendeu encarniçadamente que não há nem nunca houve neste país corrupção na arbitragem. Os árbitros são pessoas sérias, que diabo... Como eu não parasse de rir com a fé dele, para contrariar o meu cepticismo cínico, toca de dar o seguinte exemplo:

- Tenho aqui um cliente com anos de casa que foi árbitro a sério. E contou aqui que, uma vez que foi lá acima apitar um jogo, estava ele no quarto do hotel com os dois colegas bandeirinhas, batem-lhes à porta. Isto na véspera de apitarem o jogo com o tal clube. Eram três gajas brasileiras boas comó milho. O que é que um homem faz, tá a ver, han, os homens estão lá sossegadinhos e aparecem-lhes três brasileiras cada uma melhor que a outra... Comeram-nos, claro, e no fim perguntaram, educadamente, «quanto é?». Resposta das meninas: «não se preocupe que já está pago».

Pergunta-me o sô João «então isto é corrupção? isto não é ser corrupto, um homem tá sossegado a descansar no hotel, concentrado no jogo e tal e aparece-lhe a fruta. Não há como evitar e se no fim já está pago, pois melhor. O que é que isto tem a ver com corrupção?»

Perdi o pio. Discutir ética com o sô João não é, definitivamente, tarefa fácil. No fim nem me reconheci no espelho: o corte de cabelo ficou horrível!

5 comentários:

Anónimo disse...

Os gajos do Benfica também pagam putas. Ó Drª Morgado, vamos lá inbestigar:
http://antonioboronha.blogspot.com/search?q=elefante+branco

Anónimo disse...

Vamos lá lembrar o Estorilgate:
http://futebolar.portugalmail.pt/artigo/20090126/os-enganos-de-um-estoril-benfica-de-ma-memoria

Anónimo disse...

Sobre o pdacosta basta ir ao You tube e pôr escutas: está lá tudo.

Supernova disse...

Estou contigo, também prefiro não falar muito aquando o corte. Principalmente porque passo o tempo todo a rezar para que o sô Júlio (também do zborting) acerte com o mesmo. Porque só 1 em cada 5 ou 6 é que corta como eu gosto. Mas não troco o homem por outro ainda que quando chego a casa tenha de retocar o trabalho dele.

Reinaldo, O homem da fruta, Teles disse...

A fruta do norte sempre foi melhor que a do Sul, principalmente desde que se começou a importar fruta do Brasil.