
A mensagem é simples e directa: Tonel sonha com um mundo com a forma de Cuba, um mundo em que todos os países seriam uma reprodução do país de Fidel. Um pesadelo, pois! O quadro é pois uma representação fiel do chamado internacionalismo comunista cubano que levou, por exemplo, de 1961 até ao fim da década de 90, à mobilização de cerca de 200 00 cubanos para missões militares em África (Angola, Guiné, Etiópia, Argélia, etc).
Tive oportunidade de ver este trabalho ao vivo e achei curioso que nos pedaços de Cuba que correspondem à península ibérica falte, precisamente, o que corresponde a Portugal. A peça correspondente, por incrível incúria do staff do Museu, caiu, perdeu-se, esfumou-se. Pensei no imprevisto sentido que este desleixo deixou em aberto. Podemos interpretar o apagamento de Portugal como uma espécie materialização da ficção de Saramago - Tonel ou a manutenção do Museu sem o saber, materializou pictoricamente a Jangada de Pedra. Ou podemos pensar que o internacionalismo comunista realizaria a erradicação nuclear de Portugal...
De qualquer modo, no espaço que corresponde a Portugal, ficou um rasto sujo de cola (a cola com que a peça-sintagma tinha sido colada). Portanto, no lugar de Portugal, neste Mundo Soñado por Tonel, resta agora um sujo vestígio . Afinal sempre teremos deixado uma marca da nossa presença no mundo. Um ténue e persistente rasto de sujidade...
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