«E pronto, que se lixe, acabei a redacção – agora parece que se escreve
redação. O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa
nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de
superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos.
A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que
se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil,
como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos
não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a
entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.»
Teolinda Gersão, escritora
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