Este é um livro anacrónico. Parece que estou a ver os personagens
de calças à boca de sino, suíças e cabelo comprido. Mas se fossem só os
personagens até se percebia, já que o livro foi editado em 1970... O problema é
que são as ideias que cheiram a naftalina, não só os personagens. «Ele» é nada
menos que o margalho descomunal de um tipo; «Eu» é o próprio indivíduo, isto é, o
seu lado social. Eu e Ele é pois uma versão mais ou menos grosseira dos
princípios freudianos da realidade e do prazer. O resultado é uma amálgama mal
amanhada de psicanálise cruzada com marxismo.
Não sei como é que cheguei ao fim
deste livro. Mas cheguei, o que quer dizer que Moravia é um bom escritor,
malgré ça…
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