12/09/13

E Posso Respirar?, por Mau Mé Mé

Nos outros países onde já estive tenho, geralmente, a sensação de ser do mundo e do mundo ser uma extensão de mim próprio. A alegria da viagem tem muito a ver com essa sensação de descoberta do mundo que é, ao mesmo tempo, a descoberta de mim próprio ou, dito de outro modo, de como sou muito mais do que pensava ser. Pessoa já dizia que somos do tamanho do que vemos e não da nossa altura e assim é.

Mas nos países muçulmanos, como agora o Dubai, tenho a sensação contrária: a de não ser do mundo  e do mundo não ser meu. Num país muçulmano sinto-me a pisar solo que não devia, a respirar ar dos outros, a mover-me para a esquerda quando devia mover-me para a direita, a olhar em frente quando devia estar de olhos postos no chão, a dizer sim quando devia ter dito não e vice versa, a correr quando devia andar... Eu sei sempre que, seja o que for que faça estou certamente a fazer algo proibido (e para uma mulher ainda é pior). A negação deve ser a ideia mais cara aos muçulmanos: «não» é a palavra preferida desta gente.

1 comentário:

Kruzes Kanhoto disse...

São uns chatos esses mouros. Esses e os outros todos.