Agora que 2012 está a chegar e em que ano após ano somos assombrados com novas estirpes cada vez mais mortais do vírus da gripe, The Stand renasce e surge como uma obra quase profética que nos envolve num mundo pós-apocalíptico, numa clássica luta entre o Bem e o Mal tão comum no génio de Stephen king.
This is the way the world ends
This is the way the world ends
Not with a bang but a whimper.
T.S. Eliot
E eis que aos primeiros segundos nos é dada a apresentação da mini série de quatro episódios com aproximadamente uma hora e meia cada (The Plague, The Dreams, The Betrayal e The Stand), através dos últimos versos de “The Hollow Men” de T.S. Eliot, poema que viaja pelo reino dos mortos.
The Plague
Tudo corre bem, afinal, há crianças a brincar numa Reserva do Governo americano bem guardada por uma cerca electrificada. Tudo normal! É nessa reserva/ laboratório que um vírus da gripe está a ser manipulado. Sob a observação de um corvo (Randall Flagg), o vírus escapa e enquanto um guarda das instalações foge com a sua família vemos um laboratório cheio de corpos que nos são mostrados ao som de (Don't Fear) The Reaper dos Blue Oyster Cult, nesta passagem, e enquanto o apocalipse ganha forma, vê-se uma televisão preocupada com concursos tão úteis para a felicidade do mundo! Estava lançado o mote. Em “The Plague”, aquele que para mim é o episódio da série mais bem conseguido – o episódio que agarra, assistimos ao avanço do vírus e ao circo militar, somos levados pela Califórnia, Texas e Arizona. New York e Maine, a casa de King (outros estados e cidades serão atravessados ao longo da série). São introduzidas algumas das personagens de maior relevo na história. Randall Flagg (o Mal), a velha Mother Abigail, que é a personificação do Bem e que reúne as tropas em sonhos, Nick Andros (surdo-mudo), Stu Redman (um habitante de shit hole, Texas USA) e Larry Underwood (um cantor). Este episódio termina a fazer lembrar o filme de John Carpenter “In the Mouth of Madness” cabendo a Stu Redman a visão de John Trent no filme de 1994.
The Dreams traz-nos o resultado da propagação do vírus e começa com uma imagem forte, ao mostrar uma filha (Fran) a ultimar a mortalha que envolve o pai. É visível neste episódio o vazio e a solidão que abraçou a Terra, por todo lado há cadáveres a apodrecer.
Surgem novas personagens, com destaque a Nadine, que haverá de ser a esposa de Randall, e Tom Cullen, um mentally retarded analfabeto que luta para dar um toque de normalidade à sua cidade e que acaba por se cruzar com Nick Andros dando início a uma amizade difícil mas que acaba por vencer as barreiras à comunicação. Neste episódio a construção das personagens ganha força e começa a viagem das mesmas para Hemingford Home (a casa da mãe Abigail). Os sonhos começam a dar cada vez mais pistas e muitos deles tornam-se em pesadelos. É o episódio do recrutamento por parte de Randall que começa a organizar os nomes da sua ofensiva, escolhendo como quartel-general a cidade do pecado!
Surge nesta segunda hora e meia da série o primeiro frente a frente do Bem e do Mal.
The Betrayal marca a mudança de Hemingford Home para Boulder, a Zona Livre. Estabelecem-se novas relações e solidifica-se a união de Flagg e Nadine, ela que irá servir a traição numa refeição em que o prato principal será palavras confeccionadas com veneno e acompanhadas com uma sobremesa sexual. Esta cena é concretizada através de uma boa harmonia entre representação, realização e música (na minha opinião a melhor cena a nível cinematográfico do episódio). Neste episódio é criado, pelos sobreviventes e ao som de The Star-Spangled Banner, um comité que surge como o centro de decisões de um novo Governo. Esse comité será responsável pelo o envio de três espiões a oeste na tentativa de observar as movimentações de Flagg. Assume grande importância para o desenrolar da série a ida e volta de Mother Abigail de um retiro do qual traz as suas ultimas directivas e das quais resulta a viagem de quatro salvadores rumo á destruição do Mal. Uma nota neste episódio para o tributo de Stephen King a Hitchcock. King gosta sempre de fazer uma aparição nas suas adaptações ao cinema/TV e neste episódio é agradável ver a sua representação.
Com argumento de Stephen king e realização de Mick Garris (Sleepwalkers, Tales from the Crypt, The Shining TV mini-series, Masters of Horror) The Stand é uma adaptação para televisão do livro homónimo de King. Conta com boas representações, outras nem tanto, com caracterizações muito bem realizadas e tem no seu elenco nomes como Gary Sinise (Snake Eyes), Molly Ringwald, Jamey Sheridan, Ruby Dee, Miguel Ferrer (Twin peaks), Corin Nemec, Adam Storke, Rob Lowe (Brothers & Sisters), Laura San Giacomo e Ossie Davis. O elenco é ainda abrilhantado com as participações de Ed Harris (Pollock), Kathy Bates (Misery), Kareem Abdul-Jabbar (Game of Death) e Sam Raimi (realizador de The Evil Dead).
É uma série a não perder sobretudo para quem é fã das adaptações de King, estes sentirão a falta de uma personagem como Molly Anderson ou Mrs. Carmody, e para quem gosta de filmes que metam à prova a condição humana. Tem efeitos especiais que deixam algo a desejar mas é agradável ver uma produção com puppets em vez do cada vez mais habitual recurso ao CGI. The Stand leva-nos a viajar por um mundo em ruína enquanto aproveitamos a paisagem americana através da fotografia da série.
8 comentários:
Bem vindo ao Porco, Super, isto precisa de sangue novo...
Não conheço a série, mas o post reúne informação que me parece bastante completa. Bom trabalho, Super. Onde é que dá nos canais cabo, se é que dá?
o S. King não é escritor que eu tenha lido, mas já vi adaptações cinematográficas dele de que gostei e, por acaso nem foi o Shining que é dos poucos Kubricks que não me bateram.
Astaroth
Astaroth esta é uma serie que se calhar só se apanha pela net. Não sei se conheces a versão do shining que referi no texto, se não conheces é uma mini serie a ver. Isto até parece mal mas para mim vê-se melhor que o filme do Kubrick só não tem o Jack Nicholson:)
Obrigado pelas palavras.
Um abraço ao Mangas, sem ele não haveria este texto.
Supernova a estrear-se com estilo e conhecimento. Excelente esta série na adptação da monumental obra do Stephen King - é a minha preferida, logo depois, A Tempestade do Século. Astaroth, eu tenho cá a série completa k o Supernova me gravou, (A Tempestade também), passo-te isso quando te encontrar.
um filme interessante que me lembro de ter visto e que é realizado a partir do S. King foi o Carrie do Coppolla. Inda hoje estive com o livro nas mãos (uma edição barata da eur-am). o que é que tens a dizer Super?
The Prince
The Prince, o livro nunca me passou pelas mãos mas com certeza carrega o selo de qualidade de King pelo que uma edição barata seria sempre de adquirir principalmente para quem gosta de historias com revoltas abençoadas ou almadiçoadas por poderes paranormais. Quanto ao filme posso-te dizer que foi realizado pelo Brian De Palma e não pelo Coppolla. É um bom filme com uma óptima representação por parte da Sissy Spacek que lhe valeu uma nomeação para melhor actriz. Mais um bom filme, feito apartir de uma obra de King, a não perder. Contudo se o retirarmos do ano em que foi realizado não foi o melhor filme que fizeram apartir de uma obra dele.
Exactamente, o Coppola no Carrie não meteu fósforo. Excluindo The Shining k é um filme maior - Misery, (com a espantosa Kathy Bates no papel de uma da maiores cabras do cinema, Annie Wilkes, The Bitch), Dead Zone com o Christopher Walken e, Os Condenados de Shawshank, são as minhas adaptações cinematográficas mais bem conseguidas a partir de obras do Stephen King. Stand by Me, era uma short-story k também não saiu mal. Já Os Caçadores de Sonhos saiu uma cagada.
Qual o teu preferido, Supernova?
Cabra é favor. O Misery é sem dúvida alguma um filme que está no top. O Stand by Me gostei bastante, tal como o Dead Zone (apesar de gostar mais do Christopher Walken como sacana)o Shawshank é outro grande fime mas continuo sem perceber como é que o poster ficou tão esticadinho quando ele saiu pelo buraco de cabeça e com a roupa num saco atado às pernas eheh. O Green Mile é dos melhores, o Dolores Claiborne com a Kathy Bates... Tudo filmes excelentes. E depois existem as series como Nightmares and Dreamscapes(nesta o William H. Macy ganhou o globo de ouro para melhor actor de serie) e o Kingdom Hospital. Quanto ao melhor talvez o Misery ainda que o Storm of the Century para mim tenha sido um filme que me deixou completamente satisfeito. Muito bom mesmo.
Fónix, estes gajos sabem da poda (sem h).
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