02/09/09

Korbous, por Buraq


De Lisboa à Tunísia são apenas duas horas e meia de voo. Mas é impressionante como um sítio tão próximo geograficamente seja, ao mesmo tempo, tão distante culturalmente. Da Palermo a Cap Bon vai-se de ferry boat; de Barcelona a Tunes é uma hora de avião. E, no entanto, a tunísia é, para nós, um mundo insomensuravelmente tão distante...

Viajar para a Tunísia é viajar para outra civilização, é fazer uma mudança cultural, apesar de demorarmos o dobro do tempo a chegarmos de carro ao Algarve, se sairmos de Coimbra. O Brasil fica a cerca de 10 horas de voo de Lisboa; e no entanto sentimo-nos em casa, está logo ali, em termos culturais...

Sim, bem sei que há países muçulmanos muito mais duros, portanto, muito mais distantes de nós, culturalmente. A Tunísia é até apontada - juntamente com Marrocos - como o país mais moderado e ocidentalizado do Magreb. Os próprios Tunisinos estão sempre a dizer que são gente calma e que os argelinos e os líbios, esses sim, é que são agressivos e nervosos. Mas, mesmo assim, sente-se e não é pouco, a mudança de registo e o impacto do abismo civilizacional.

Pode ser que eu volte ao tema, um destes dias. Por agora deixo-vos com esta foto de um lugar fantástico chamado Korbous, situado na província de Cap Bon. Desce-se da montanha com paisagens rochosas mediterrânicas de cortar a respiração, a água azul, a brilhar lá ao fundo das falésias, e chega-se a Korbous. É um lugar famoso entre os nativos pelas qualidades termais das suas águas. Sentimos logo, ainda longe, um cheiro intenso a enxofre, porque a este sítio vai desaguar uma nascente da montanha de águas quentes. Os nativos, gente humilde, muitos com o típico «bronzeado à pedreiro», acotovelam--se para se apinharem no sítio mais próximo da cascata de águas ferventes milagrosas. Há centenas de pessoas e uma vaca a paseear na estrada, como na ìndia. Estilhaços de polvo esvoçam por todo o lado (os nativos estão constantemente a apanhar polvos que estilhaçam contra os rochedos).
Experimento mergulhar ao pé daquela multidão dos homens e das poucas mulheres que se banham com os seus púdicos fatos islâmicos. A sensação é excelente, à medida que me afasto a temperatura da água vai esfriando, junto às cascatas é quase fervente. É interessante: para os padrões ocidentais Korbous pode parecer um lugar ascoroso. «Que nojo! Isto é uma porcaria», diz o R. Mas eu não acho. Não sinto nojo nenhum naquele sítio, a água quente vem de uma nascente na montanha, o cheiro intenso é do enxofre e não de esgotos a céu aberto, como na Figueira da Foz, e o mar é azul, límpido e infinito. O que será mais nojento - Korbous, a da foto, ou uma piscina de hotel, tratada a baldes de cloro e povoada de hordas de ingleses vermelhos do sol a suarem em bica?

6 comentários:

Anónimo disse...

Cliquem na foto para terem uma ideia mais paroximada.

Anónimo disse...

quer-se dizer que a modos que tu também foste ali pró meio da esfregação e da órgia?


enxofrino

Anónimo disse...

Pá, andei lá perto, mas é dif´cil um gajo aapnhar lugar perto da cascata. Inda para mais se fores louro de olhos azuis, como eu...
Buraq

Anónimo disse...

já repararam que anda ali um tarado com óculos de mergulhador no meio das mulheres?

Por acaso não és tu ó Buraq?

ass: Cipião O Africano

KKK disse...

tanto preto

T disse...

As gajas vão vestidas para não lavarem a roupa em casa?! Bem, pelo menos ali ainda estão juntas cos homes delas (e dos outros) no esfreganço... Noutros sítios chegavam à praia mas era para dar comida aos peixinhos...