27/09/09

O Laranjeiro, O Rapaz Que Não Gosta de Bicicletas e o Buddha Bar, por Mangas


Ontem o final de tarde foi em casa do Rapaz Que Não Gosta de Bicicletas com direito a sessão dupla de futebóis: o Glorioso a dar mais uma chapa cinco, antecedido pelos outros, tripeirada e lagartagem a sangrarem à cabeçada, aquilo mais parecida cabidela de malandragem. Estava o Rapaz, eu e o Buddha Bar, essa instituição peregrina que abarca o perímetro de um sofá onde só as manápulas permanecem livres para chegar ao chouriço e ao frango assado, consoladinho estava ele da abada de não sei quantos holes-in-one no golf, aos de handicap consagrado. Às tantas a conversa foi dar às bicicletas. O Rapaz não gosta de ciclismo. Acha que aquilo tudo é uma compita entre laboratórios e anabolizantes. Nunca leu sobre os duelos míticos nos Pirenéus entre o Ocaña e o Merckx quando o Canibal limpava a amarela ao espanhol e nesse ano ainda ia ganhar a Vuelta ou o Giro. Nem ao rapaz nunca interessou aquela vitória lendária do Joaquim Agostinho, no Tour de 79, em pleno Alpe d`Huez, quando arrancou por ali acima sozinho até ao cimo deixando para trás homens como Bernard Hinault ou Joop Zoetmelk. Para o Rapaz, pedalar é um suplício em duas rodas e, selim, é uma memória traumática daquela tarde em que foi convidado por duas moçoilas trigueiras a dar uma volta pelo campo e apanhar amoras, mas desistiu a meio com o cu esfolado por falta de prática. Orgulhosamente, o Rapaz defende-se que tem um cuzinho sagrado e, até à data, nunca o deu por calejado.

Adiante, porque vai começar a jogar o Glorioso e, qual não é o meu espanto, lá está o Laranjeiro na defesa do Leixões! O Laranjeiro é um ódio de estimação com o qual embirro por devoção e que todos as épocas se cruza no meu caminho pelo menos duas vezes. É um tipo alto e magro, lívido, cabelinho aloirado entre o anjo de Botticelli e o rapazito hermafrodita que, com doçura cândida, nos quer cravar uma rifa para o baile da Associação. Como é muito alto e tem o cabedal de um ponto de exclamação, as pernitas são muito fininhas, muito delgadinhas, e mais parecem canivetes entortados porque descaem para dentro dos joelhos para baixo. Este paradoxo de chuteiras, contra o Glorioso, entrega-se ao jogo como uma carraça ferra os tomates de um cão. Entrega total! Ai vai ele, deixem-no ir porque ninguém o agarra! Ainda o Laranjeiro alinhava pelo Leiria já ele fazia aquele corredor todo pela esquerda como um fio-de-prumo escanzelado, sobe e desce, cruza e recupera, dá pau, dá cacetada, remata do meio da rua, volta a descer, olha já lá está atrás outra vez!, dasse!, não há quem lhe dê uma mocada nas tíbias e o arranque pela raiz! Ontem foi igual a si próprio, ora à esquerda, ora à direita, o aranhiço de perna longa não parava quieto, parecia um etíope albino às voltas na pista. Numa equipa de Zé Maneis, Zé Motas e outros carroceiros, Laranjeiro é, decididamente, uma flor rara, uma planta trepadeira que se agarra a qualquer solo e a qualquer obstáculo. Mas de nada lhe valeram a entrega e as pernas de alicate contra o Aimar e sus muchachos. Esperem pela segunda volta quando ele jogar em casa e vão ver o fôlego do rapaz.
Foi assim o nosso final de sábado. E só ficou completo com a chegada do Puto Pedro, cabelo ao vento, sorriso aberto, primeira época de seniores, já lhe tinha passado o cansaço de mais uma grande exibição a médio centro com o golo que deu o empate e prolongamento mesmo a acabar o jogo. Parabéns Puto Pedro! E tu és o único que percebes alguma coisa de bola.

8 comentários:

Anónimo disse...

Mangas, pá, pergunto: mas quem é o zootemelk?
O laranjeiro também é um dos meus ódios de estimação porque o gajo parece completamente inabilitado para correr 20 metros, quanto mais para fazer um jogo de futebol durante 90 minutos, é contra o Glorioso esfola-se sempre que nem um cão. Não vale uma merda, mas esfola-se contra nós. E mesmo depois da ripada de 5-o que ontem levou na Luz, a Bola ainda lha dá 5!
Falas noutro personagem o zé mota, outra abencerragem. Se ser treinador de bola é esta merda metam lá um capataz das obras . Aquilo não tem nada de saber,e meter um comboio em frente á baliza e onze tamancos a dar pau em tudo o que mexe. Não tenho qualquer dúvida que no tempo em que os pintos nortenhos, valentins e quejandos mandavam mais do que mandam hoje nos árbitros, o resultado de ontem eseria 1-0 pó leixões e o aimar com uma perna partida. Felizmente a coisa tá má, mas já não tá tanto. Nesses tempos, certamnte, o zé mota acabava a treinar o fcp e o laranjo era titular a defesa esquerdo. Assim comássim não é muito pior do que era o paulinho santos...
Cu Imaculado

Anónimo disse...

Foda-se só agora reparo na merda de foto que ilustra este post. Mas é impressão minha ou falta ali um merdas baixote e barrigudo vestido de calças de fato de treino?

Cão disse...

quéque queres dizer coísso de carraça que ferra os tomates dum cão? diz.

Mangas disse...

Cu Imaculado, tens razão méne. E repara no duplo efeito das goleadas: as equipas vão à Catedral já naquela de não encaixar muitos. Já não é só o perder, é o não perder por muitos. Complicado. Com o Marítimo foi o que se viu e agora é o que se vê: até em casa os merdas não ganham uma.

Cão, caraças, não eram nos teus tomates as carraças, tu és cão sem pulgas.

Katsouranis disse...

Porra pá!
Andou aqui um gajo a partir pernas aos murcões e já ninguém se lembra de mim. Então e tíbia do Anderson? Esqueceram-se?

Rodoviária Vitor Pereira disse...

Ainda assim reduzimos o autocarro de 11 lugares para 9. Já não foi mau.

Presidente disse...

E já agora, parabéns para o primo Pedro. A jogar assim, não tarda é Dragão.:)

Anónimo disse...

ó presidente não insultes o rapaz que não merece e ainda é novo para traumas.

O verdadeiro presidente