Aquilo que mais nos separa, a nós, europeus de educação cristã, deles, tunisinos, muçulmanos, ainda assim moderados, é evidente. Trata-se da presença permanente, maçissa, obsessiva, totalitária da religião. Enquanto um europeu vive uma boa parte da sua vida como se a religião não existisse, um muçulmano não pode deixar de viver todas as horas e todos os minutos do seu quotidiano sem que a presença tremenda da sua religião se faça sentir. Aquilo está lá sempre, quando os homens se sentam numa esplanada, quando as mulheres tomam banho na praia com escanfandros protectores, na frieza das gentes, na comida e na bebida, na forma como vestem, em tudo... O Islão é uma religião do quotidiano, um sistema de regras e de prescrições impostas ao crente em todas as horas da sua existência. Não se pode ser muçulmano não praticante, é uma contradição nos termos. Ao contrário do Budismo e mesmo do Cristianismo que têm substracto filosófico, o Islamismo é filosoficamente pobre. Baseia-se na crença absoluta na palavra do profeta e na aceitação radical das suas normas de vida. Não convida a pensar mas a aceitar e a praticar. Nem o Budismo nem o Cristianismo são assim.
É pois esta presença de uma religião que não é como a nossa que sentimos como uma grande barreira invisível em países como a Tunísia. Seria impensável que um padre católico pregasse na nossa televisão - pública ou privada, tanto faz - todos os dias durante uma hora, das 19 às 20. Mas na Tunísia, das 19 às 20, um Imã risonho prega todos os dias aos fiéis no principal canal do país. Creio que é essa presença constante e absoluta da religião que faz dos árabes, de um modo geral, uma cultura hostil para nós. Senti, permanentemente em relação a mim, uma vaga arrogância daquela gente, do mais pobre ao mais rico com quem contactei. Dir-se-ia que tudo o que entendemos por cultura é, na melhor das hipóteses, irrelevante para eles.
O Islão assenta em cinco pilares, cinco obrigações que todo o muçulmano deverá cumprir. Imaginem como seriam diferentes os nossos dias se seguíssemos à letra tudo isto:
O primeiro - a conversão. Ser muçulmano é submeter-se a Alá, reconhecer que só há um Deus, Alá, e que Maomé é o seu profeta.
O segundo - a oração. Todo o crente deve rezar, prostrado na direcção de Meca, cinco vezes ao dia. A primeira oração começa às quatro da manhã! O ritual envolve ainda tarefas de purificação, como a higiene. Eu repito: rezar cinco vezes ao dia!
O terceiro - a esmola aos pobres.
O quarto - cumprir o Ramadão, que este ano, acabou hoje, precisamente. Durante um mês o bom muçulmano não pode comer, nem beber, nem ter relações sexuais desde o nascer até ao pôr do sol. Eu repito: durante um mês!
O quinto - a peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida, desde que o crente tenha meios económicos e não tenha impedimentos de saúde graves.
... Deve ser complicado ser muçulmano... Mas há ainda, para alguns muçulmanos mais radicais, um sexto pilar, o mais tenebroso de todos: consagrar-se a Alá inteiramente mediante a prática da Jihad, isto é da Guerra Santa aos inimigos de Deus. E aqui, o salto que nos separa é, muitas vezes, mortal!
8 comentários:
maçissa?!
é muita Harissa, muita Harissa e depois dá maçissa!
FÓNIX, TAMBÉM NÃO PEDOAM NADA. e SOBRE O POST NÃO HÁ NADA A COMENTAR?
"PEDOAM"? "PEDOAM"?
e qual é o problema de durante um mês só fornicarem desde o nascer ao por do sol? Ainda dá pra foder o suficiente até ficar tísico! Tomara a muitos cristãos só ter esse impedimento!
Ó Burac, ainda não acabaste a discussão no post ali em baxo, pá!
O último anónimo é burrro! E vens para aqui assinalar erros ortográficos, minha cavalgadura? Lê outra vez a borrada que escreveste no comment anterior: «e qual é o problema de durante um mês só fornicarem desde o nascer ao por do sol?» (sic)
Percebes a imensidão da burrice que escreveste? Não, pois não... Mas tens lata de vir para aqui assinalar erros ortográficos. Santa ignorância...
Aquilo do erro ortográfico era a brincar, ó Burac, Fónix, que pareces um muezin no alto de um minarete! E tá claro que queria dizer "e qual é o problema de durante um mês não poderem fornicar desde o nascer ao por do sol?» (sic radical). Mais chato, é não poderem beber... nem um copito de água? E a música por lá, e a música, heim?
Mustafá
Sim senhora, gostei da posta e da guerra santa gramatical.
Mas minarete é uma palavra que não me atrevo a dizer depois da meia dúzia de traçados - e se houver senhorio presente, claro está. Um destes dias, depois de jogada um bisca lambida ao perde-pagas com o padre Fabião,arribou à colação a arquitectónica do religioso. Ábsides prá aqui, campanários, naves, pináculos e mísulas prá acoli, e eis que a retentiva fanada me lembra a mesquita de Hassan II, em Casablanca, que tem um minarete grande comó catano - 21o metros.
Começo a tentear as sílabas e a forcejar o aparelho fonador: mi... mi... mina... mine ...mini...mine... e foda-se!: por via do traçado de Almalaguês e das mines, encortiçou-se-me o lingual numa síncope fonética e numa inversão quinética e foi o caralho co padre Fabião.
É por isso que "Minaretes" "Minaretes" só com a soltura de língua que a sobriedade concede.
ponham-lhes a burka e façam-nos marchar pelo deserto da Austrália no pico do verão... e depois verão
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