11/02/10

The Office, por Sumo Sacerdote

The Office, na versão original produzida pela BBC (não conheço nem tenho grande curiosidade em conhecer o remake americano da série) é humor do melhor, na grande tradição das grandes séries britânicas do género. E quando digo humor falo de inteligência que o humor é uma das manifestações mais sublimes de inteligência. Recomecemos, pois:

The Office, na versão original produzida pela BBC, é inteligência pura. A série, realizada pela dupla Ricky Gervais e Stephen Merchant, tem o formato de um pseudo-documentário e aborda o dia a dia de uma pequena firma. Os personagens têm espessura e alguns são mesmo hilariantes. Pessoalmente adoro o fuinha do Gareth e o Robert (Ricky Gervais) é uma criação patética e adorável.
Aquela malta fala para as câmeras com um ar muito sério e há, permanentemente, um registo não verbal cheio de sentidos a que é preciso estar atento. De facto, muita da força de The Office vem-lhe da absoluta excelência dos seus actores e do modo como tudo aquilo é filmado. O género «pseudo-documental» dá um tom meio amador, parece que há um camera man a seleccionar a seu critério os pormenores e tudo funciona. A focagem contribuiu para o delírio geral: é como quando estamos a ver uma cena marada na vida real e nos apercebemos de um aspecto burlesco, mas só nós e um amigo é que nos damos conta disso e essa cumplicidade que então se cria é que é divertida. The Office tem este efeito, cria o mesmo tipo de cumplicidade entre o espectador e o camera-man e é isso que faz parecer tudo aquilo hilariante.

Ricky Gervais e Stephen Merchant não são só os homens de The Office. São também os ciradores de outra série excelente, Extras, o que prova que nada do que ali se vê é por acaso. Depois dos Monthy Pithon e de Larry David e do fabuloso Jerry Seinfeld, a humanidade estava a precisar, desesperadamente, de nova dose de inteligência em estado puro. The Office realiza essa necessidade. Mas é pena que em Portugal a série vá chegando a conta gotas. Das quatro temporadas que The Office já leva no Reino Unido, só vimos as duas primeiras no nosso país (embora eu já as tenha visto e revisto praí meia dúzia de vezes cada). Assim é difícil de aguentar a vil e apagada tristeza deste portugal cada vez mais pequenino.
Deixo-vos com malta lá do escritório a dar uma de Marretas: http://www.youtube.com/watch?v=aMWLNlPXcrs !Fabuloso!

6 comentários:

Cão disse...

Boa posta.

Quimbóio disse...

Mas "fabuloso jerry seinfeld", pruquê? Monthy Python, sim, absolutamente. Ou o Big Train, por exemplo, e outros exemplos do british humour. The Office, também claro, esta é uma comédia de situações, onde parece que não se passa nada, quase em underacting. O Ricki Gervais é um génio. O Seinfeld é uma comédia de slaptstick, de piadolas, punch lines, gente histérica, com os olhos muito abertos, movimentos frenéticos a puxar pelo público. Igual a milhares e sem nenhuma piada particular que fique na memória. Que tem a coisa de fabuloso, fónix?

Anónimo disse...

Por exemplo no endereço indicado http://www.youtube.com/watch?v=aMWLNlPXcrs, the office muppets, o elemento chave, para mim, é a reacção do Tim. a cena exige ao espectador alguns conhecimentos acerca dos personagens e, para além do rídiculo daqueles tipos que julgam estar a fazer um número do outro mundo, a reacção meio embraçada do Tim, naquela de «o que é que eu tenho a ver com este filme?, mas trabalho aqui e tenho que ser cooperante» é que cria uma certa cumplicidade com o espectador. Eu já me senti assim, na pele do Tim, um milhão de vezes nos meus offices... Ainda por cima quando o Gareth e o outro parecem ter dado a cena por terminada, para alívio do Tim, quem é que aparece em grande? o Robert, o director himself, o que é uma verdadeira bomba atómica para o pobre do Tim. Como eu o compreendo, menes :-)

supernova disse...

"sem nenhuma piada em particular que fique na memoria" isto 'e que 'e humor do bom. provvelmente o amigo quim viu meio ep de seinfeld. o amigo quim nao 'e capaz de reconhecer o estilo de comedia unico que o seinfeld e o larry david inventaram e que sem eles nao haveria as outras comedias que diz serem tao iguais. muito me espanta entender as piads inglesas e nao entender as de seinfeld.

Anónimo disse...

E tenho mais Super, para o nosso amigo quim:
O Seinfeld vai voltar depois de anos e anos de inactividade e quem é que vai integrar a sua nova equipa, como actor e argumentista, quem é quem é? Adivinha, quimbóio... Pois, acertaste, o Ricky Gervais em carne e osso! Pelos vistos nem o Ricky concorda com o quim, acerca da genialidade do seinfeld.

Quimbóio disse...

Pá, eu admito que seja falha minha não apreciar a genialidade do Seinfeld, ok. Mas aquilo, para mim, é o tipo de comédia de três-ou-quatro-amigos-meio-neuróticos-a-quem-acontecem-coisas-ridiculas-e –a-dizerem-coisas-engraçadas-uns-aos-outros. Ponto. Não alcanço a suprema singularidade da coisa no âmbito da típica comédia americana, que é quase só isso, e no género já me ri muito mais com outras coisas. Mas se tiveres aí algum diálogo genial da coisa que me deixe em transe, coloca aí.
Quanto ao meio Seinfeld, já disse uma vez, acho eu: não preciso de comer um bolo inteiro para saber ao que sabe; basta uma fatiazita. Nem precisaria de ver um gervais inteiro para apanhar a coisa.

O Ricky gervais, como sabes, é diferente do Seinfeld. Ele vai pra lá transformar-se em Seinfeld, ou levar o conceito do Office? Se é este ultimo, aquela gente vai ficar um bocado diferente, ai vai, vai.