Fixem bem o jovem da foto da primeira página do Expresso. Este jovem é um símbolo. Uma espécie de bandeira, um testemunho vivo e expressivo da ideia de educação do governo do ingenheiro socas. O jornal conta a a história de Tó-Jó (chamemos-lhe assim, nem sequer fixei o nome), o aluno com a média mais alta de todo o Secundário: 20-valores-20, é obra! Há só um pormenorzito: esta média foi conseguida mediante a frequência nas espantosas Novas Oportunidades e a aprovação num único exame (de inglês). Tó Jó obteve 20 valores no exame de Inglês e com 20 valores ficou de média final. Com esta média Tó Jó entrou no Curso Superior que fiz, deixando, obviamente atrás de si, muitos outros colegas que perdeream o seu tempo a fazer os estudos secundários no ensino regular. E é possível? É.Vivemos no país disparatado e obsceno inventado pelo ingenheiro socas e sus incríveis muchachos xuxas!
Não é obviamente, o Tó Jó que eu critico. Limitou-se, apenas, a aproveitar uma aberração do sistema e fez muito bem. O que critico é um governo que é autor de uma coisa tão aberrante e obscena como as Novas Oportunidades, que permite um escândalo destes. O Tó Jó, de resto, nem sequer é caso único: o caso dele apenas deu brado porque a média de vinte valores que conseguiu deu muito nas vistas. Mas sabe-se que existem centenas senão milhares de alunos que, como o tó jó, aproveitaram a abébia e passaram a perna aos totós dos seus colegas do ensino regular que andam a perder quatro anos (se a coisa correr bem) para fazerem, como deve ser, o 9º, o 10º, o 11º e o 12º anos. Repito: totós!
Se o governo do ingenheiro permite que se passe pela porta do cavalo, se é possível fazer um só exame (à escolha) em vez de uns quantos, se se podem gastar 2 anos quando outros gastam 4, se se aprendem com êxito garantido conteúdos da treta em vez de coisas que interessam, com que legitimidade andamos a convencer os nosso alunos a frequentarem o ensino regular em vez das NO? Não estamos a enganá-los? Os professores das nossas escolas secundárias deviam aconselhar os seus alunos a deixarem o ensino regular e a passarem para as NO. Queria ver. Não passam porque são totós é o que é.
Toda esta história daria vontade de rir às gargalhadas se não fosse tão grave. E é vergonhoso que responsáveis do Governo ainda venham defender que isto está bem, que isto é «discriminação positiva» (sic) (mas de quem e porquê?) e que é muito delicado «fazer só um exame porque pode correr mal» (sic)... Incrível até onde chega a falta de decoro na apologia da mediocridade, da incompetência e da irresponsabilidade! Parabéns ao tó jó e a todos os tó jós deste país que passaram a perna a dezenas senão a centenas de estudantes que não entraram nos cursos que pretendiam porque foram ultrapassados pela malta das Novas Oportunidades.
Para o estado de ficção em que este país vive ser total, só faltava agora que se viesse a descobrir que temos um primeiro ministro que tirou a licenciatura no Omo, num domingo de Agosto, com trabalhos feitos em casa,com um mesmo professor amigalhaço a 4 cadeiras numa universidade compulsivamente encerrada porque estava ligada a actividades dúbias. Se isso fosse possível era pelo menos compreensível o caso do tó jó. Compreenderíamos, assim, porque é que a concepção que o governo xuxa tem da educação não é mais que uma sórdida, vergonhosa e irresponsável BANDALHEIRA!
5 comentários:
Esta noticia não espanta nada.
Há muito que isso acontece. As novas oportunidades não são mais que o Bolonha cá do sítio. A regra para um futuro passou a ser estudar até o 9ºano, sair da escola e ir ganhar uns trocos voltar aos 20 e apanhar o comboio das oportunidades entrar na faculdade com a media do comboio ou pelos mais 23, tirar a licenciatura e mestrado em tempo record e depois de estarmos bem processados rezar por um emprego.
Tou a ver que conheces o tó, ó Super ;-)
O sarcasmo subjacente e este post é de muito mau gosto. As Novas Oportunidades é um feito extraordinário deste governo, quiçá apenas comparável às melhores escolas dos nossos irmãos finlandeses.
Tivesse havido governo com coragem para anterioremnte criar esta maravilha educativa e já escusávamos de andar em bolandas com Modernas, Internacionais e Independentes e evitavam-se os escândalos das licenciaturas do Nosso Primeiro Ministro José Sócrates e do Notável Armando Gama.
Acresce que não há qualqer motivo para negar um diploma ao jovem que emperra e que de outra forma andaria ali uns anos largos a gastar o orçamento e moer os professores.
Só pessoas de vistas curtas é que não vêm o alcance fantástico destas Novas Oportunidades.
Eu próprio um dia destes vou ser Engenheiro também, quiçá professor de ginástica.
ass: Bisnaga
Concordo com o bisnaga. Por mim até acho que devíamos poupar tempo e dinheiro com esta coisa do ensino. Esperto mesmo era dar um canudo de ingenehiro, de doutor ou de advogado às criancinhas mal nascessem. Assim como assim a fraude era a mesma e era uma poupança brutal. Doutor bébe´, engenheiro bébé... Até soa bem.
Alto aí, rapaziada!
Atão e a animação nocturna que a escola
quinhoou?! Ele é a serigaita gaitera do xóping, a fregona buliçosa, o acidental bombeiro, o incidental polícia, a filiforme flausina... Todo este gentio a pensar na fodição imaginosa do sistema educativo que é como a Geni do Chico Buarque: dá pra qualquer um.
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