
A experiência de incomunicabilidade é constante porque aqui
ninguém fala inglês e os que o julgam fazer, falam apenas um idioma vagamente
semelhante, praticamente ininteligível. Embora alguns sítios tenham indicações
em Inglês, na esmagadora maioria estas são apenas em mandarim. E nem os códigos
gestuais nos são comuns – podemos levantar 1,2,3,4 dedos para significar os
números de 1 a 4, mas do 5 em diante, os chineses usam gestos próprios que não
correspondem aos nossos. O 10, por exemplo, não é simbolizado pelas duas mãos
abertas mas por dois dedos cruzados… Assim é difícil.
As barreiras culturais também são omnipresentes, por exemplo,
quando peço water ao jantar e esse
pedido, uma vez descodificada a palavra, o que não é imediato, lança o alvoroço
entre os empregados até que, finalmente, há um que nos aparece de ar sorridente
com um copo de água…fervida (e depois eu procuro disfarçar e peço um saco de
chá que me trazem, com um ar espantado e eu percebo que criei mais um ruído adicional
porque, pelos vistos, eles bebem mesmo água a ferver ao jantar e não chá). Até
o funcionamento do elevador é invulgar porque é necessário passar o cartão
digital do hotel para que funcione e, à primeira vez, o meu não funcionou (por
inabilidade minha, certamente) e eu decidi-me a descer pelas escadas, 14
andares, não fosse o diabo tecê-las. E o 4º andar, onde anda o quarto andar?
Pois, não anda. Os chineses suprimem frequentemente o numero 4 porque, para
eles, é o número do azar e por isso o elevador passa do 3º para o 5º, mas o bar
do hotel fica no quarto andar que não está indicado… Confuso? Também achei.
Ainda por cima temos que aguentar com o famigerado jet leg, mas jet leg a
sério, já fiz outras viagens para sítios distantes mas isto supera tudo, a
China é mesmo nos antípodas. Bom, eu sinto-o tão fortemente, ao jet leg, que é por isso que estou agora
aqui sentado no hall do hotel às 4 da
manhã, quando deveria estar a dormir para recuperar da viagem…
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