E, sim, já agora, antes que perguntem, é possível ganhar trocos com blogs, chamam-lhe ser-se problogger e, sobretudo nos Estados Unidos ou na Inglaterra, há muita a gente a fazer muitos, mas mesmo muitos, trocos a bloggar. Em Portugal ainda é tudo muito pequenino e anacrónico, por isso é ainda prática rara e incipiente. Mas já há alguns a dedicarem-se a isso e com muita qualidade e relativo bom retorno financeiro, devo dizer. O facto é que os blogs, antes de mais uma revolucionária ferramenta editorial, têm um fantástico potencial comercial que por aqui toda a gente desperdiça. Olimpicamente. Alguns, aliás, aqueles a que se poderá chamar “puristas” de uma certa forma de blogar, tradicionalistas reaccionários, diria eu, nem querem ouvir falar de rentabilizar um blog. Vade retro nossa senhora! E invocam os mais disparatados argumentos, nomeadamente o da independência do blogger. Como se a independência do director do Público, por exemplo, estivesse em causa porque o jornal traz anúncios…
É óbvio que um blog não é o Público. É outra forma, bem diferente, de editar e publicar. Mas não tem necessariamente de ser menos séria que um média convencional (e vê-se para ai tanto jornal e revista merdosa sem seriedade nenhuma…). Além disso, qualquer problogger que escancare a sua dependência para com os anunciantes, tal como um jornal, não vai durar muito. Desde logo porque os leitores (pelo menos muitos) não são estúpidos. E percebem perfeitamente quando algo é ou não “independente”. Se não percebem logo, mais cedo ou mais tarde chegam lá e é a morte do artista.
Seja como for, há muitas formas de rentabilizar um blog (tal como um site), entretanto tenho-me especializado nessa matéria e a única que eu conheço que possa comprometer minimamente a liberdade do autor é a dos chamados posts pagos. É um sistema utilizado por milhões de bloggers e nem sempre implica que o autor minta em relação ao objecto da sua escrita, até pode estar a escrever uma opinião sincera, seja como for tem de ter sempre indicação que é post patrocinado. Além disso, não gosto nem utilizo esse sistema. Os meus posts são, naturalmente, livres. Assim como é livre o meu blog-porno-erótico-didáctico-libertino.
O meu blog chama-se O Jardim das Delicias. Chamei-lhe assim porque é sugestivo e remete para duas obras homónimas de charneira na cultura erótica: O triptico de Bosh e a obra seminal do tunisino sheik Nefzaui, traduzida no Brasil como O Jardim Perfumado, por volta dos anos 1349 e 1433 (há quem fale em séc. XVI), que é uma espécie de compêndio árabe (do tempo em que o Islão era uma cultura civilizada e interessante) para as delícias do amor e do prazer. O blog também reflecte uma postura filosófica pessoal próxima do ideal libertino, cujo expoente máximo será, sem dúvida, o gigante Marquês de Sade. Em Portugal, talvez Luis Pacheco e Bocage sejam as figuras mais proeminentes desse “sistema” de pensamento libertário, algo anarquista e profundamente humanista.
Seja como for, não tendo a coragem ou sequer a vontade para viver o libertinismo com tamanha intensidade e entrega, admiro a postura livre e ajo em consequência com muitos dos princípios destes homens. O blog é uma expressão dessa filiação filosófica, digamos assim. Pretende celebrar, basicamente, o corpo, o prazer e o eros. E contrariar o puritanismo hipócrita dominante, adstrito a uma moral judaico-cristã supostamente consensual.
As religiões do livro desenvolveram um pavor e um nojo irracionais ao prazer e ao corpo e essa aversão acabou por se disseminar pela sociedade. Disseminando também a dissimulação e a beatice: Continuamos todos ao mesmo, só que o fazemos às escondidas. E ainda por cima com problemas de consciência… A questão da prostituição, que tem sido ultimamente um dos meus temas de reflexão no jardim, a propósito da escandaleira do governador de Nova York, é outra manifestação evidente dessa hipocrisia generalizada, que leva a que permaneça uma actividade clandestina e à margem do sistema, muito mais vulnerável a situações de risco como tráfico humano ou violações.
Nos domínios do sexo e do erotismo, como em tantos outros, impera para mim a Lei, não a moral de uma qualquer organização religiosa, por muitos adeptos e anos de vida que esta tenha. Simplesmente não sou crente e essa moralidade não me vincula. Além disso, a própria Lei já está suficientemente contaminada por essa moral.
É por estas e por outras que acho importante que o sexo saia definitivamente do armário. E enfim, serve esta para apresentar então o meu Jardim ao povo, juntando o útil de garantir mais tráfego por via de referência em tão concorrido blog e o agradável de passar eventualmente a ter tão ilustres leitores. E colaboradores, se quiserem colaborar com alguma coisinha que tenha a ver com aquelas temáticas – a propósito, entretanto estou a tentar resolver um problema com os comentários, que estão inoperacionais.
Ainda a propósito, serve esta também para anunciar que, neste contexto, foi celebrado ontem um protocolo entre as chefias dos dois blogs, a pocilga e o jardim, no sentido de serem neste último republicados os posts do porco da série porno e afins, material do mais alto gabarito que muito abrilhantará o meu humilde jardim.
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