03/12/08

Assim Não Dá, Porra!, por Cegueta

Hoje foi dia de greve de professores. Não é necessário mais que, simplesmente, ter olhos na cara para se perceber que a adesão à greve foi esmagadora, mesmo em escolas que nunca ou raramente aderiram a outras greves no passado. As taxas de adesão andaram entre os 90 e os 100% . Os sindicatos contabilizaram cerca de 132 000 professores em greve num universo de 140 000. Nunca se viu coisa assim e isso foi claro no pulsar das cidades e vilas de Portugal.Um olhar atento às escolas às moscas à nossa volta, às notícias e reportagens da comunicação social, ao trânsito, insolitamente fluído para uma quarta feira, às próprias declarações dos responsáveis do ministério que admitem ter sido a greve «significativa» (inédito!), até aos jornais oficiais do governo pê-esse como o JN e o DN, bastavam para se perceber que é verdade: a adesão foi esmagadora.

No entanto o governo continua a querer negar a evidência... Para não destoar, aliás, do que é a sua prática corrente. Segundo o secretário de Estado da Educação, valter lemos, que falou à hora do almoço, a taxa de adesão às 11h da manhã era de 61%. Um gajo não acredita, não pode acreditar, isto é mentira e das descabeladas. Como é possível avançar-se com um número tão desfasado da realidade (ainda por cima com o pormenor rídiculo do «60 e 1», parecem os preços dos produtos dos hipermercados que custam 29.99 e assim)? O Blog A Educação do meu Umbigo (http://educar.wordpress.com/) explica como são feitas pelo ministério as contagens das adesões às greves nas escolas:

«Às 9/10h telefonam para as escolas a perguntar quantos Professores estão em greve a essa hora. E depois fazem as contas da % em relação ao total de Professores da Escola. Muitos entram às 10h ou mais tarde e alguns nem têm actividades lectivas hoje.Por exemplo, às 9h na minha escola só 23 Professores teriam aulas. No entanto, houve mais de 50 que fizeram greve, só que eles só contaram com estes 23!!! Além disso, parece que também contam com os que estão de baixa , de licença de maternidade, ou seja o total de Professores da Escola .»

Assim se explica que às 11 da manhã o secretário valter tenha vindo para as televisões anunicar os 61% (que ainda assim coinsiderou ser um número «significativo»!) e que, no balanço final, ao fim do dia, o ministério tenha confirmado os mesmos 61%. Ou seja, segundo o secretário valter e o seu colega pedreira, das 10 da manhã até às 6 mais nenhum prof fez greve!É claro que este método de contar as adesões é desonesto. Se houvesse um pouco de decência as coisas não eram feitas desta maneira, porque aquela gente sabe que isto não é sério.

Deixemos agora de lado a questão central, que é a de saber quem tem razão no meio desta guerra. Esta forma de actuar, revela um padrão, um modo de estar, uma prática e uma «filosofia» que têm sido recorrentes desde que socras chegou a primeiro ministro e resolveu, por razões propagandísticas, ofender, humilhar, apoucar e insultar toda uma classe profissional. Ainda há quem se admire não ser possível dialogar com esta gente? Mas como é que se dialoga com gente de tal quilate? Em vez de enfrentarem com coragem e honestidade a realidade que lhes entra pelos olhos adentro, eles teimam em negá-la e, de cada vez que o fazem, colocam mais mil professores em luta... Há alturas em que a negação da realidade é tão flagrante que já nem pode ser considerada mentira: só pode ser compreendida no âmbito da patologia. Pensando bem, isto nem mentira é. Tem outro nome, um nome clínico: isto, meus senhores, chama-se esquizofrenia!

4 comentários:

Anónimo disse...

Excelente e mui "pedagógico" postal. Mais do mesmo noutra leitura aqui

http://www.ilhas.blogspot.com/

JNAS

Anónimo disse...

E quando, num universo de 50 pessoas, só 23 é que têm trabalho nesse dia, não estamos perante uma classe calões?

Anónimo disse...

Calão é a excelentíssima mãezinha do sr anónimo. Que além do mais é burro. Porque se não fosse e soubesse ler percebia que o post não diz nem dele se pode deduzir porque não é verdade que «num universo de 50 pessoas, só 23 é que têm trabalho nesse dia». Seria bom que o anónimo fosse aprender a ler antes de abrir a boca para dizer asneiras... É aproveitar o programa das novas oportunidades do governo: parece que ainda há vagas para analfabetos.

Anónimo disse...

o anónimo deve ser secretário de estado. essa alimária não sabe ler, interpretar, ou é burro congénito? esse ódio aos docentes tem explicação e é tão básica que até ele pode perceber. se estudares ainda conseguirás chegar a porteiro da escola. aliás, se não fosses calão tinhas feito a antiga quarta classe.

avaliador