30/12/08

A baixa da Baixa, por Baixote

Ontem fui passear na Baixa. Passear na Baixa foi, durante muitos anos, ainda antes da invenção dos shopings, um clássico coimbrinha. Mas a Baixa está diferente, está mesmo muito diferente... Agora salta a olho nu a decadência do pequeno (outrora grande) comércio com as suas montras foleiras que anunciam espantosos descontos de 50 e mais por cento em produtos que não interessam nem ao menino Jesus. E fazem falta os cafés, o Arcádia e a Brasileira, principalmente, agora substituídos por lojas de roupa em «Liquidação Total».
Mas há uma espécie de sublime justiça divina na putrefacção do comércio da Baixa. Chega a ser irónico que alguns comerciantes que nos seus bons velhos tempos tratavam os clientes com um desdém inenarrável venham agora recorrer ao slogan estafado do «atendimento personalizado» como imagem de marca que os diferenciaria dos shopings impessoais que cercam a cidade. Importam-se de repetir? «Tratamento personalizado» é coisa de que esta gente se lembrou quando já foi tarde demais. Mil vezes o anonimato do Fórum ao «tratamento personalizado» que dantes nos davam nas lojas da Baixa. É verdade que mete uma certa pena a desolação em que a Baixa se tornou, mas não deixa de haver uma espécie de justiça irónica nisto tudo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Certeiro post. Também dispenso esse "atendimento personalizado", não gosto de gente a melgar quando faço compras, acto íntimo que exige grande concentração. O problema da "baixinha" de Coimbra não é só da decadência do pequeno comércio, é o mesmo de todas as outras "baixas" de muitas cidades portuguesas, e não só, com centros ditos "históricos" (leia-se antigos e a apodrecer) e prende-se com a desertificação do centro das cidades, que deixaram de ser sítios para morar. Se os centros urbanos fossem repovoados, o pequeno comércio voltaria a florescer. Vem-me à lembrança o exemplo de Greenwich Village em Nova Iorque, um bairro habitadíssimo no centro antigo da cidade onde abundam movimentados restaurantes, bares e lojas.
É uma questão de reabilitação, sobretudo, acho eu. Como? Com que dnheiro? Pois, não sei.

Anónimo disse...

Ora foda-se, ó Baixote!
E então onde é que se pode comer um lídimo galináceo, que de manhã debica horto e à noite jaz corado e amesendado? No Forum?! No Dolce Vita?! Não lugares onde servem umas caralhamas irreais!Onde é que em Coimbra, in situ, se pode comprar m-ú-s-i-c-a a não ser na discoteca Nova Almedina?! Na FNAC Hit Parade?! Quem já comeu iscas a desoras no "Mija Cão", acolitadas por vinhaça de Almalaguês e pelo Pavarotti a cantar o “nessun dorma” só pode dizer ora foda-se, ó baixote!

Anónimo disse...

Tou completamente de acordo contigo ó btit, mas não é, obviamente, ao zé manel dos ossos, ao casarão (do outro lado da cidade)ou à nova almedina (não só a dos discos, a dos livros também) que eu me refiro no post. Nesses casos falamos da boa velha baixa que ainda resiste. Eu estava era a pensar nos outros que são a maioria. Fónix, mene, uma vez disseram-me numa loja de sapatos com o nome em eu que não me vendiam os sapatos da montra... E havia um paspalho engravatado que estava sewmpre à entrada da loja dele que só o ar me enfastiava. O mija, a almedia, o zé manel e outros tantos, esses são de outra cepa, claro. O meu sonho era voltar a uma Baixa cheia desses...
Baixote

Anónimo disse...

Atenção ó baixote que eu também gosto do forum e do dolce vita! Mas só por causa das raparigas imensamente putáveis (é com um "u" ou com um "o"?) da Zara, Fnac e quejandas. Nada de adipose e cheiro a sopa a espipar-se dos jeans e das blusa como as viragos da baixa.