07/04/09

Meridiano de Sangue de Cormac McCarthy ou Dá-lhes Falâncio!, por Jerónimo


C.M. consegue criar neste livro um universo demencial e cinematográfico. Começa-se a ler Meridiano de Sangue e a sensação é de rendição. Por isso não posso dizer que não gostei da escrita de Cormac McCarthy, pelo contrário. Mas, fónix, vou na página 224 de Meridiano de Sangue e ainda não aconteceu mais nada que não seja um grupo de pistoleiros americanos que se vão embrenhando pelo deserto do México, enquanto chacinam navajos pelo caminho!

Lê-se e relê-se e aquilo parece que não anda: as agruras do deserto os navajos e bang, bang, bang... Os gringos cavalgam e re-cavalgam pelo deserto adentro e vêm ossadas e crânios espalhados nos socalcos, montanhas inóspitas e asperezas das sierras onde correm lúgubres fios de água. Entretanto aparecem os navajos aos guinchos e levam chumbo. A malta descansa e segue a jornada, enfrentando de novo os planaltos ventosos do deserto, as extensões mórbidas de zimbro e alvoreceres acinzentados. Entretanto, eis que passam, de novo, os navajos e, claro, levam mais chumbo. Eu resumia este livro em duas ou três frases:Um grupo de cowboys fez-se ao deserto, cruzou-se com os navajos e deu-lhes mocada, continuou deserto adentro viu mais navajos e deu-lhes ainda mais mocada. Pelo meio, para variar, aparecem umas aldeias de mexicanos que, obviamente, também são varridas a chumbo grosso.

E pronto, cá fica a síntese. Escusam de me agradecer por vos ter poupado o tempo que iam perder para desistirem do livro 224 páginas depois. Ou então sou eu que sou arraçado de navajo, é o mais certo…

23 comentários:

Anónimo disse...

É evidente que este paleio simplista vale como piada e conhecendo-se o autor, sabe-se que a tirada é de gozo e de provocação.

Fazer a redução de um livro como o Meridiano de Sangue a isto, dá para tudo e pode-se resumir uma biblioteca inteira sem grande custo. Para quem não quiser ler aqui fica meia biblioteca:

Herman Melville - Moby Dick - Um alucinado conduz alguns curiosos numa caça a uma baleia armada em esquisita. No final morrem todos menos um que fica para contar a história.

Amin Maalouf - Leão, O Africano - Um desgraçado da queda de Granada foge para Tanger onde o sultão lá do sitio o manda como embaixador a Timbuctu e ao Cairo. O rapaz é capturado pelas tropas do Papa que o levam para Roma.

Gora Vidal - A Criação - Mais um Embaixador, desta vez Persa, que deambula pela Grécia clássica a vai até à India e China. Pelo meio apontas umas coisitas ilógicas do Budismo, Confucionismo e Zoroatrismo. Há escravos e gaijas pelo meio. Chacinas também,

William Faulkner - Na Minha Morte - A mãe vai a enterrar numa carroça e ao longo do enterro o resto da família pensa na morte da bezerra.

Ernest Hemingway - O Velho e o Mar - Um velhote via pescar e quase se lixa com tubarões tamanho-família.

Joseph Conrad - O Coração das Trevas - Um europeu sobe um rio africano ao encontro de um conterrâneo para descobrir que o rapazola estiolou e mata pretos comó catano e à catana.

Herman Melville - Bartleby - Um escrivão teimoso teima em dizer preferia de não de cada vez que o patrão o manda fazer alguma coisa. acaba mal.

Machado de Assis - Dom Casmurro - Mais um teimoso que teima em que a mulher lhe mete os palitos quando a mulher é uma santa. De casmurrice em casmurrice o livro vai para mais de 200 páginas e não saímos daquilo.

Vargas Lhosa - A Tia Júlia e o Escrevedor - Há uma tia que é boa comó milho e há um lucutor de rádio que não gosta de argentinos. Pelo meio o narrador cresce e conhece o grande amor.

Júlio Cortazar - Rayuela - Tanto faz como fez. Na leitura, ou se segue tabela de ordem de leitura de capítulos do autor ou se segue uma outra que ele também aconselha. Se se ler à gelfa também dá. Há um Oliveira que está em Paris perdido de amores e depois vai para Buenos aires perder-se também e não necessáriamente por esta ordem.

Turgueniev - Pais e Filhos. Há dois jovenzarros que vão para o campo das estepes com um deles armado em niilista. No pasa nada e há frio comó catano.

JM Le Clezio - Diego e Frida - Diego pinta e encorna a Frida. AS Frida pinta e encorna o Diego. Pelo meio o Diego quer pintar Lenines e o Capitalista do Rockefeller não deixa e saca da marreta.



Por hoje chega ou vocês ainda rebentam os olhos de tanto ler.

ass: Llettraferits

Anónimo disse...

Camilo José Cela - Vagabundo Ao Serviço de Espanha - o narrador vai a pé por espanha a fora, bebe uns copos e morfa umas buchas. Pelo meio marra com alguns estalajadeiros e com Madrid.

Anónimo disse...

A Reliquia - Eça de Queiroz- Um cachucho engana a tia com a pretensa devoção religiosa e saca-lhe umas boas massas para os copos e as putas.

Anónimo disse...

Daniel Abrunheiro - A Terminação do Anjo - Um jovenzarro armado em místico e um bocado dado às melancolias olha de lado os deserdados da vida como ele e mata como quem não quer a coisa e não se chega a saber se a coisa quer ou não.

Anónimo disse...

Yasunari Kawabata - A Casa Das Belas Adormecidas - Dois velhos jarretas pagam bem para vigiarem o sono de jovenzinhas drogadas e a dormir. Velam-nas e cheiram-nas. De manhã pagam e saem.

Anónimo disse...

Gabriel Garcia Marquez - Cem anos de Solidão - A família Buendia começa por conhecer o gelo, marra com a United Fruit, sobe aos céus com as saias ao vento e termina mal onde começou perante o pelotão de fuzilamento.

Gabriel Garcia Marquez - Memória das Minhas Putas Tristes - O mesmo do Kawabata da Casa das Belas adormecidas mas aqui o velho tarado quer mesmo saltar para a cueca à menina de catorze aninhos mas arrepende-se por amor e comiseração. O tradicional não vai nem sai de cima.

Anónimo disse...

Charles Bukowsky - Mulheres - O narrador conhece uma mulher, fode-a, rouba-lhe o dinheiro pra copos e vomita-lhe em cima. Conhece outra, fode-a, rouba-a, bebe e vomita-lhe em cima. E mais outra..., e mais..., etc etc...,ad nauseam.

Anónimo disse...

pôrra que isto é viciante. agora não leio mais. pim.

Anónimo disse...

O paleio do post não é simplista nem deixa de ser. Ou melhor se calhar é. Mas é tão simplista como o paleio do autor dos 8 comments anteriores quando vem apelidar os livros de que gosta e que julga serem obras primas com frases lapidares à maneira do post só que de sentido inverso. Do estilo, comentário à mesa: «esse autor não me parece»... Ah prontos...
Se há coisa que não gosto é de vacas sagradas e não é porque me dizem que um livro é genial que tenho obrigação de dizer o mesmo. Isto é tão simplista como o paleio do 8 comments a dizer laudas e a fazer classificações das obras primas da literatura universal ao estilo «5 estrelas em 4 e 10 etrelas em 600».

Convém ter presente que isto é um blog. Se quisesse fazer uma tese de mestrado não era aqui. Aqui limitei-me a dar conta das minhas notas e das minhas preferências ou «desgostos» literários pessoais. Pode ser que as pistas que lanço sobre o que me parecem ser os limites do Meridiano de Sangue sejam entendidas de maneiras diferentes por diferentes leitores. Sendo uma abordagem pessoal, é claro que não gostei do livro e que lhe reconheço muitas insuficiências (o que não passa da minha singela opinião, claro)... E azar se toco nos ídolos em ferida de alguém. Isso lá é com cada um...
Jerónimo

Anónimo disse...

Entretanto era giro que o 8 Comments deixasse aqui as razões pelas quais achou este livro tão brilhante. só para que se ultrapasse o primarismo do post e fiquemos todos a saber da grandiosidade ofendida do livro...
Jerónimo

Anónimo disse...

eia, eia tanta pomba assassinada.., calmex. o post diz alguma coisa do livro? há navajos e mais navajos que sºao mortos.., é isso o livro?, eu entendi que não gostaste do livro tudo bem, alguém falou em vaca sagrada?, outra coisa é reduzir aquilo a meia dúzia de mortandades. e já aqui falei do meridiano de sangue. com direito a post, basta ver:

http://tapornumporco.blogspot.com/2007/04/o-juiz-holden-personagem-mais-terrfica.html


eu gostei do livro. já o li há uns anos e remeto para o post acima que já fiz sobre o mesmo e recordo a extraordinária construção da personagem do Juiz Holden que nos começa por ser simpática ao estilo de herói do far-west. a pouco e pouco cormac faz-nos instalar a dúvida e a personagem começa a deixar algum mal estar a principio inidentifica´vel. no final e apesar do horror com que nos apercebemos do que para ali vai ainda há e sempre uma réstia de simpatia pelo dito.

pelo meio recordo a descontrução tijolo a tijolo da maioria dos mitos do far west e de um ambiente de selvajaria onde não se sabe onde está o bem e onde está o mal. toda a gente, incluindo os bons, como o jovem ou o rapaz, personagem central da história, incorre e pratica atrocidades. os wasp, os mexicanos, os agentes da lei, os indios etc etc. é um livro cruel que explora as milhentas nuances de cinzento e nos deixa um mal estar profundo em relação a qualquer das posições ou personagens.

no mais e como não sou critico literário é ler o harold bloom que o consagra como uma das grandes obras de sempre. eu fui lá por ele e gostei. com ou sem navajos.

ass: bitaite

É Ver Aqui O Meridiano De Sangue disse...

Ver este link do Tapor com o meridiano postado, com navajos escorraçados e tudo

A disse...

dois doidinhos às duas da manhã à marrada por causa de um livro obscuro de um autor mais obscuro ainda. ao vivo num blog perto de si. só no tapor.

o terceiro doidinho assiste mas não se mete. fónix.

Jói-se disse...

Ulysses- um gajo sai de casa cedo depois de comer rins e de cagar no pátio, demora-se fora o dia todo, a mulher põe-lhe os cornos e ele dá-lhe um beijo no cu, no fim é ela a falar sozinha.

Anónimo disse...

Ah prontos, ó 8 Comments, o teu post sobre o meridiano não é nada simplista. Pelo contrário é boé da profundo, mene... O que um gajo aprende aqui no tapor!

Ó A, já te meteste, fónix, tás às duas da manhã a ver os doididnhos à marrada no blog. ainda és mais maluko, mene! Então um «livro obscuro de um autor mais obscuro ainda»? Tu lês o quê? O Astérix?

Jerónimo

Anónimo disse...

A Biblia

Um dia uma gaja roubou uma maçã para dar a um gajo e o dono do pomar zangou-se e armou um bazé que ainda não acabou.

cochise

Anónimo disse...

Ó Jerónimo deste-lhe na mouche e de facto o meu post é simplista. Já o teu é o quê...?

Lletraferits

Anónimo disse...

Jerónimo, meu velhaco, tu não gostas desse livro porque não gostas de histórias felizes e edificantes como essa, com moral para os jovens! Aposto que gostas é do Estrangeiro, do Camus, e coisas assim chatas. Tu tem mas é juizinho…

General Custer

J disse...

Ainda hei-de ler esse meridiano um dia, mas seja como for tá excelente esta posta e esta conversa. eis um blog. a despropósito, já alguém tinha reparado que estamos linkados no blog do pedro passos coelho que se chama votar pela positiva - o futuro é agora? Pois estamos: http://ofuturoeagora.blogs.sapo.pt/75201.html

Anónimo disse...

General Custer não sejas cabrãozito. Já não te lembras da monumental enrabadela que levaste do meu primo Sitting Bull? Vê lá, vê...

Pois é Jota, pois é, por este andar ainda somos processados pelo socas... A moda pegou.
jerónimo

Maomé Maria disse...

O Alcorão: um deus sem cara que detesta que lhe façam o retrato e que distribui às 40 virgens por cada bomba cá em baixo contra o zamericanos-

J disse...

Não são 40 virgens, são 72.
Ó jerónimo, processados porquê? Qual moda pá?

Anónimo disse...

O Alcorão por Maomé:

Um bardana crivado de dividas saca uma viúva ricalhaça que encorna com uma data de jeitosas. Para se justificar diz que foi ao meio do deserto e uma voz amandou-lhe com uma pedra preta na carola. A partir da calhauzada, a voz passa a dar-lhe uns conselhos sobre corte de mãos, pontaria com calhaus, moda feminina, e corte de cabeças, com a ressalva de que quem cortar cabeças aos gajos que ele apontava iria papar 72 virgens como ele andava a fazer, embora no caso deles só depois de morrerem. Estranhamente a coisa pegou.