Anteontem assisti ao monólogo do primeiro ministro na entrevista da RTP. Melhor; assisti a parte, não consegui ver tudo. Tive oportunidade de ouvir o homem a falar da crise, do desemprego, da justiça, do investimento, do presidente, mas a minha televisão devia estar avariada. Não se ouvia nada do que ele dizia!
Mas na testa dele, em letras garrafais, piscava como um letreiro néon, a palavra Freeport. Parecia que aquelas irritantes notas de rodapé que agora passam no fundo das televisões quando estão a dar os telejornais lhe tinham passado para a testa. O homem falava do emprego e só se via Freeport a brilhar-lhe na testa; do investimento e lia-se Freeport; perorava sobre a crise e o Freeport cintilava cada vez mais agressivo, cada vez mais urgente. Este homem apanhou um vírus comunicativo: não pode falar de nada que não se lhe acenda a palavra Freeport na testa.
Depois, finalmente, falou sobre o Freeport mas não disse Freeport disse «fripó» e eu pensava que o letreiro fuorescente a dizer Freeport se apagasse. Ouvi-o falar em «campanha negra»; vi-o «malhar» (termo querido ao ideólogo S.S. do seu partido) com a jornalista porque esta lhe colocou questões que ele não queria que lhe fossem colocadas. Comparou-se a Jesus Cristo com uma cruz às costas e tudo (Haja Deus!) mas acrescentou que não tinha o hábito de se vitimizar. Cristo, esse clamou contra o Pai que o abandonara...
Eu pensei que depois dele falar em «fripó» o letreiro a dizer Freeport saía-lhe da testa. Até nem era complicado. Mas não. Quando a entrevista estava quase a chegar ao fim deu-lhe uma sulipampa e até a cara do homem se sumiu da televisão. No écran tinha ficado apenas, a acender e a apagar em letras garrafais, uma enorme, berrante e imensa palavra Freeport. Devia ter comprado uma Sony, bem me avisaram para não comprar esta marca de televisão...
8 comentários:
a do SS está bem vista.
hoje, no diário de coimbra, um tal autodenominado escritor, de seu nome vilhena, armado ao pingarelho, vem marrar com a judite de sousa pq foi implacável contra o pobre, o mártir. acaba a dar um abraço a um "camarada" do ps. enfim, mais um boy, um xuxa, que nada diz de substancial.
zébio
Não era da tua televisão, Sónia. A minha estava na mesma... :) :) :)
Meu Deus, mais uma comédia dos reality shows e eu a perder tempo a ler Calvino e afins, a partilhar 'sentires sobre o sentido do que não tem sentido' com amigos, a beber uma fútil cervejola com uns pindéricos tremoços, mais uns compêndios sobre o comportamento humano e ali, ali mesmo à mão de semear, na RPT1, um autêntico laboratório do comportamento humano à Laranja Mecânica mais electrónica, que eu perdi…acho que não me recuperarei
Não sei, Truta... Não sei se perdeste alguma coisa em não ter visto o talk show. Por mim prefiro cervejolas e tremoços áquele rapaz com o letreiro na testa. Mesmo que seja azeda e tudo. Prefiro.
Sónia
tás aqui tás a levar cum processo, ai tás tás
portolivre
o vilhena de coimbra! essa coisa! essa catástrofe orgânica da poesia coimbrinha! o vilhena! o freeport de coimbra!
Ei maralhal, estava eu a ver o jornal nacional na 4 e, afinando o olharapo, isto é, olhando bem para a Manuela Moura Guedes - a beiçola inflada,a facies macerada e fanada - fez-se-me luz, eureka. Andava eu há fenícios a cismar hermeneuticamente na verberação verrinosa do Sócrates ao "jornal nacional travestido" e... foda-se! foda-mo! foda-lo!, a Manuela Moura Guedes é um travesti, o SIS descobriu e informou o Sócrates. Só pode ser!
Feliz com a abdução refastelei-me, senti o bafor espirituoso do Vasco Pulido Valente e pensei na douta ignorância do Sócrates Pinto de Sousa - " conhece-te a ti próprio, mas não fiques íntimo". Entrementes, peguei num palito e tirei uma redúvia da cova dum dente como quem desentoca um grilo. Belo fim de tarde, sim senhora!
ganda comentário, brit!
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