13/08/10

Who the Fuck is Bebé? ou de Como é Árdua a Vida de Olheiro, por Mr. Magoo

Toda a comunicação social pasmou - Bebé, jovem jogador de futebol recentemente transferido do Estrela da Amadora para o Guimarães por 50 000 euros foi agora comprado pelos milionários do Manchester United ao clube do Minho por 9 milhões de euros!

Bebé? Depois de um Nani só faltava agora um Bebé... Mas o Manchester quer fazer uma equipa de futebol ou uma família? Para o puto, oriundo da Casa do gaiato e ex internacional português na categoria de «futebol de rua(!)», foi a realização de um conto de fadas. O Manchester já disse que ele jogará na primeira equipa e isto sem nunca se ter estreado na nosso campeonato maior...

Parece que os olheiros dos clubes portugueses, sempre tão atentos a novos valores sul americanos, estiveram a dormir no caso do Bebé. Parece e é, não há duas interpretações. Acontece que, como quase todo o portuga que gosta de bola, eu tenho uma mania particular que é a de achar que daria um excelente olheiro. Costumo ver jogos de camadas jovens e acho que ganhava um dinheirão a aconselhar jovens jogadores aos nossos clubes. Mas pelos vistos, o ofício de olheiro não é tão fácil como me parecia - eu já tinha visto o Bebé a jogar e não reparei que estava ali um craque. Chumbei! Mas também não tive uma nota assim tão baixa porque, de qualquer modo, já tinha reparado nele.

Vi o Bebé em acção quando ele ainda alinhava pela equipa de juniores do Loures que disputava a segunda divisão do campeonato nacional de juniores em 2007-08, por sinal uma excelente equipa... Dessa equipa marquei na minha agenda mental quatro jogadores: um lateral direito muito bom e rápido que não sei onde pára, um trinco dinamarquês, o Adilson de quem falarei mais adiante e o Bebé.

O Bebé destacava-se, desde logo, pela envergadura - já então tinha cerca de 1.90, era muito rápido e, vendo agora, corresponde ao perfil do avançado-tipo do Manchester que joga nas linhas, pela esquerda ou pela direita, e pelo meio. Rooney, Ronaldo e Tevez têm estas características, tal como, agora, Nani e Valência. No jogo que vi dele, o Bebé demoliu o defesa esquerda da equipa adversária que teve de ser substituído. E ainda marcou um golo... No entanto não me impressionou por aí além. Por duas razões:

Em primeiro lugar porque, com aquela envergadura, eu parti do princípio que ele era júnior de segundo ano ou pior, que teria a idade falsificada; mas vejo agora que não - aquele atleta supersónico de 1.90 tinha, afinal, na altura em que o vi, apenas 17 anos. Ou seja ainda era júnior no ano seguinte! Qualquer olheiro profissional que verificasse a idade dele não podia ter deixado de o assinalar. A minha observação não levou em conta a sua idade...

Mas a segunda razão foi a mais importante e chamava-se Adilson. O Adilson era o melhor jogador dessa equipe do Loures. Era o criativo, o número 10, um neguinho com uma técnica apuradíssima com os dois pés e uma velocidade de execução notável. Um craque! Eu costumava ver os jogos com um olheiro amador de uma equipa da primeira divisão que concordou comigo - os outros três eram bons e mereciam ser referenciados, mas o Adilson não enganava. Depois vim a saber que esse meu amigo olheiro tinha indicado o Adilson ao seu clube, mas que este não se tinha interessado porque ele já estava no seu segundo ano de júnior... Mas voltando ao que interessa, o brilho do Adilson ofuscara o do Bebé que, assim, me passou mais ou menos ao lado. Nunca serei um olheiro de jeito, fónix...

Curiosamente, a Bola de hoje, na reportagem que traz sobre o percurso do Bebé, faz uma micro entrevista ao Adilson. Ele diz, exactamente, que era ele o craque da equipa - o que é verdade - mas que não se esforçou o suficiente para chegar longe, ao contrário do Bebé que parece ser um trabalhador humilde e incansável. De qualquer modo, como o Adilson deve ter agora 21 anos apostaria que ainda está muito a tempo de ir longe no futebol. Se eu fosse dirigente de uma equipa a sério não teria dúvida nenhuma em dar-lhe uma oportunidade - com 21 anos não pode ter desaprendido de jogar e se o Bebé está onde está, este miúdo também pode ir, ao menos, até a uma equipa média da nossa primeira liga. E já agora, por onde andarão o trinco dinamarquês e o excelente lateral direito da equipe de Juniores do Loures 2007-08? Parece que os olheiros deste país estão todos de férias no Brasil...

1 comentário:

Anónimo disse...

EM VEX DE UM OLHEIRO TEMOS UM ZAROLHEIRO.