Ontem o Gabriel veio à Latada aqui em Coimbra. O concerto foi bom mas teve coisas completamente escusadas. Por exemplo, eu nunca tinha visto antes um músico a desfazer, enquanto não estava a tocar, aquilo que tinha conseguido quando estava a tocar. Eu explico: em certas músicas o homem conseguiu atingir climas bastante interessantes. Mas depois, no intervalo de cada música, o Pensador falava durante cinco minutos de como é bom estar no país irmão e na académica e na mística de coimbra... Foi uma espécie de back to reality permanente, uma espécie de corrente que nos impedia de ascender aos cumes emocionais que a música, aqui e ali, conseguia criar.
Pessoalmente também achei muito exagerada a exploração dos mitos academistas: o homem entrou em palco em fato académico, vestiu uma camisola da AAC, uivou o famigerado «coimbra tem mais encanto» e ainda tivemos que gramar com um tal de Diogo que terá sido jogador da Briosa em tempos idos. Eu sei que o Mick Jagger se embrulha à bandeira da argentina em buenos aires e que entra em palco em L.A. com um equipamento de futebol americano, mas esses são símbolos mais poderosos. Os símbolos da AAC não têm aquela carga, são um bocado pífios, pelo menos quando explorados tão exageradamente. Eu, pelo menos, fico sempre com a noção daquela coimbrinha muito pequenina a cantar os mesmos eternos clichés como um cão que morde o próprio rabo (ou então isto é uma característica minha que me arrepio até com a parolice dos hinos nacionais cantados nos estádios da bola).
Finalmente, do ponto de vista estritamente musical, notei a falta das teclas no show. Perdeu-se, assim, a componente melódica da música de Gabriel e aquilo ficou só ritmo. O que funciona bem quando se trata de um rap (excelente aquele efeito Limp Biskit dos dois cantores da banda, um deles irmão do próprio Gabriel) ou de um reggae mas fica sempre um sabor a «falta alguma coisa» noutro género de músicas. Pelo meio ainda assisti a uma ou duas cenas de porrada e aos clássicos nocautes de miúdas que não aguentam o álcool (e as drogas) tanto como gostariam.
3 comentários:
É gajo que não perco tempo a ouvir. Nada contra. Mas é que répes e hipópes, fodam-se lá com eles. Ainda por cima na língua de trapos chamada brasilês...
Dog amigo: «língua de trapos» como? E o Machado de Assis, o Ubaldo, o ruy castro, o xico, o caetano (que também é um poeta enão apenas um grande músico), o vinicius, o drummond, o nélson rodrigues, o laurentino gomes?
Excepções à regra, excepções à regra...
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