06/12/11

E Porque não as bifanas do Bigodes?, por Godo

O país, ou pelo menos a sua comunicação social, rejubila com o reconhecimento pela Unesco do fado Património Imaterial da Humanidade. Subitamente descobrem-se novos fadistas ao virar da esquina, o que até pode nem ser mau (depende dos fadistas). Mas pior, muito pior que a nova vaga de fadistas é a nova velha vaga de politicos e seus apêndices que se vêm agora orgulhar do meritório trabalho que tiveram para que a Unesco desse ao fado tão nobre título. Que seria do fado sem o António Costa, o inenarrável presidente da câmara de Lisboa, por exemplo? O homem toma-se pela própria Amália tão convencido está do seu imprescindível contributo para a causa. Pois eu tenho para mim que difícil, difícil seria que a Unesco não reconhecesse ao fado os seus indiscutíveis méritos. Era só que faltava.

Aliás, se analisarmos a lista das outras manifestações que foram reconhecidas como património imaterial da humanidade, concluímos, facilmente, que o fado está muito, mas mesmo muito acima da maioria delas. Mais: creio até que o fado, em tais companhias perde mais do que ganha, isto do ponto de vista estritamente cultural, que não comercial.

Eu não entendo, por exemplo, que a música mariachi do méxico seja minimamente comparável ao patamar estratosférico em que o fado se situa. Naquela lista da Unesco aparecem lá procissões não sei se da hungria se da república checa, práticas agrícolas do brasil e de áfrica e outras coisas que tais. Estão a brincar comigo? Fado e mariachis? O fado é património da humanidade como a música de Mozart e de Bach, como a bossa nova, como o tango, como o flamenco. Agora como os mariachis?

É por isso que eu acho que, do ponto de vista cultural o fado é aqui puxado para baixo e não para cima. E por isso não me espanta nada que já se esteja a preparar em Portugal a candidatura do, pasme-se, cante alentejano a Património Imaterial da Humanidade. A seguir virá o corridinho, o kuduro e ainda havemos de chegar a apresentar as candidaturas do bacalhau à zé do pipo ou da chanfana a património imaterial da humanidade. Bastaria um critério para distinguir o fado destas manifestações mais ou menos folclóricas: o fado (como o tango, a bossa nova ou a ópera) teve uma intérprete genial e imortal: a divina Amália! E sem um intérprete desta dimensão nenhuma manifestação cultural devia ser declarada património imaterial da humanidade.



1 comentário:

alcides disse...

mariachi é um estilo de vida e nesse aspecto dá 15 a zero no fado. Este tipo de listas só dà é vontade de rir. O tuga é que devia estar na lista. É com cada preocupação! O rock o metal o jazz o pop... Também lá estão? Ou será o fado mais que uma agulha num palheiro comparado com esses estilos?