14/09/11

O Nosso Agente em Havana de Graham Greene, por Cp. Kirk

Acabei de ler O Nosso Agente em Havana de Graham Greene e fiquei com fome de literatura. O livro lê-se bem, tem um argumento interessante e uma arquitectura narrativa sólida. Greene tem sentido de humor e um registo irónico cativante. Mas falta-lhe a mestria da língua. Definitivamente ele não é um grande escritor e, quando fechei a última página do livro, fiquei com uma vontade brutal de ler Eça, Aquilino, Camilo, enfim, grande literatura.
Ainda por cima o livro interessava-me pela referência a Cuba que, afinal, não passa de um mero contexto da acção. O livro passa-se em Cuba como poderia passar-se noutro lado qualquer. Greene entendeu não dar qualquer relevo ao espaço, à identidade e à cultura da ilha. Demasiado british, isto é, distante, para isso.
Falta-me agora ver como é que Carol Reed filmou este enredo em 1959 em Our Man in Havana. Reed é um excelente cineasta e a sua versão cinematográfica de outra obra de Greene, O Terceiro Homem, é uma obra prima do cinema noir. Pode ser que em filme o enredo de O Nosso Agente em Havana resulte melhor. Até lá vou ver se leio literatura a sério. Para desenfastiar...

P.S. o tube é, nem mais nem menos, a parte 1/11 do filme de Reed. Enjoy it.

2 comentários:

o terceiro homem disse...

Kirk, boas leituras. Os temas do Greene não são os lugares onde os seus personagens actuam, a sua paisagem é humana: os temas do pecado, da traição, do heroismo, dos ideais, as misérias e fraquezas humanas, etc, e nisso os homens são iguais em havana e em freixo de espada à cinta. Num dos livros dele, o Agente Secreto, o personagem principal nem tem nome (é o senhor D.) nem se identifica o seu pais. Passa-se na Inglaterra, para onde ele é enviado como agente secreto, como se poderia passar noutro local qualquer. O Lé Carré, no género (espionagem, politica, etc) preocupava-se mais com esses pormenores de que sentes falta.
O estilo é só aparentemente seco.
Onde é que está o grão para comentar, ele que já deve ter lido e marcado e cuspido e feito dobrinhas e colocado nódoas de leitão no livro?

Anónimo disse...

Bem observado, Terceiro, concordo inteiramente contigo, pelo menos no que respeita a este livro, já que é o único greene que li. A minha relativa decepção é, sobretudo, porque li o livro a partir de uma expectativa determinada.