16/08/06

Perdoável ou Não?, por Simão Visentálo

Li agora no «Público» uma breve notícia que me perturbou: Gunter Grass apresta-se para editar uma auto-biografia onde confessa, 60 anos após, que pertenceu às SS! Isso mesmo, às SS! Não foi à Juventude Hitleriana, na qual Ratzinger militou, cuja filiação era obrigatória para todos os jovens e, apesar de os submeter a treino nacionalista e militar, não tinha comparação possível com as SS. Estes eram a guarda pretoriana do nazismo, o seu núcleo duro. Racistas, anti-semitas, apóstolos do Holocausto, exterminadores impideosos. Eram submetidos a um treino duríssimo após recrutamento exigentíssimo e criterioso. Não era quem queria, embora querer fosse determinante. Grass confessa que nunca se interrogou acerca da morte de um tio ou do desaparecimento de um professor. Não tinha 12, nem 14 anos, tinha 17 anos. Aos dezassete, quem entra para as SS não o faz inconscientemente. Como pode Grass esconder esta horrorosa nódoa do seu passado durante tanto tempo? Ninguém sabia? Como é que ninguém o denunciou? Está arrependido? Como conseguiu viver com a memória do nazismo? Não o equiparem a Junger ou a Riefensthal. Não! As SS é outra coisa! É perdoável? Julga-se? Põe-se uma pedra sobre o assunto?

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