19/07/07

O Homem Que Tinha Peçonha Aos Livros, por Mad Doctor

O escritor americano Ray Bradbury foi o autor Farenheit 451 uma utopia negativa, situada algures no futuro, que dificilmente poderíamos imaginar. Nessa sociedade os livros foram declarados malditos e a leitura liminarmente proibida. Os bombeiros tinham como função principal queimar os livros sobreviventes.Todo aquele que fosse apanhado pela polícia cultural com um livro tinha o cárcere e a reeducação como certas. François Trufaut haveria de fazer a versão cinematográfica com o filme homónimo em 1966.


Eu pensava que personagens como as do livro de Bradbury, indivíduos que odeiam os livros ao ponto de os queimarem, só existissem nos filmes. Mas infelizmente soube de um indivíduo que tem peçonha aos livros. Segundo o próprio, a coisa é assim como que uma doença, uma alergia ou um surto viral que pode ter mais ou menos intensidade consoante a qualidade do livro.


O homem que tem peçonha aos livros contou-me a sua história em primeira mão: parece que há livros que o irritam. Livros que o põem nervoso. Que o tiram do sério. Há mesmo livros que só lhe dão vontade de rasgá-los, destruí-los, bater-lhes. E um dia destes, aconteceu mesmo.


Tinham-lhe emprestado um livro irritante, uma coisa descomunal com não sei quantas páginas ininteligiveis. Não percebeu nada do que lia. Zero! Tentou sair da primeira página mas ficou na mesma. Insistiu. Já ia no quinto dia de tentativas. Chegou à quadragésima terceira página e continuava a ver tudo turvo. Não conseguia ligar os acontecimentos, não fixava as personagens, não percebia muitas palavras…. Deu consigo com os primeiros sintomas de angústia existencial. Não era que o livro dissesse alguma coisa que o chocasse: o que o chocava era, precisamente, que não o percebia. Estava a ir-se abaixo co cabrão do livro mais o filho da puta do escritor que o escrevera.


E foi então que sentiu uma tontura e uma irritação explodiu dentro dele. Agarrou no livro, levantou-se do sofá e disse à mulher que «já voltava». Abriu a porta da rua, meteu-se no elevador e desceu no rés do chão. Dirigiu-se, passada larga e furiosa, ao primeiro contentor de lixo que apanhou, e zás, atirou para lá o livro com toda a gana! Suspirou de alívio, voltou para casa, abriu o frigorífico donde tirou uma Super Bock geladinha, e espojou-se no sofá. Daí a pouco começava novela que não tem a puta da mania de chamar burros à gente. Mas comem, os cabrões do livros, mais os escritores, filhos da puta do carago ca mania que são espertos. Ai comem…O próximo lança-lhe o fogo que o lixa, devíamos viver numa sociedade que proibisse a merda dos livros…

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