Sexta-Feira, 29 de Maio, Hipermercado em Coimbra. Passo pela fruta e faço pesar um ananás. Dos Açores, claro. Passo ainda pelas prateleiras e saco de uma lata de ananás tailandês, marca “Jacarandá”.
A Srª da caixa passa a lata pelos riscos luminosos da registadora, olha pra trás pró açoriano e empanca. – É só um bocadinho quisto deu erro…, diz-me em jeito de desculpa. Carrega no botão-maravilha e suspira pela espera da chefe da chave do castelo.
Mau Maria. Isto começa mal. Irra.
– Ó minha Senhora se o problema é o ananás meta-me já isso de lado, que eu gosto de ananás, mas nem tanto como isso.
- Não, não, o ananás ainda nem o passei, o problema é esta lata de jacarandá.
- Como? Qual é o problema?
- É que isto no visor aparece como lata de jacarandá ananás. E eu o ananás – e aponta para o Açoriano – ainda nem o passei. Está-me a dar erro é com o jacarandá.
- Ó minha Senhora, Jacarandá é a marca...,
- Pois dá erro, se é jacarandá não pode ser ananás…,
- Oiça, eu vou-lhe explicar, o Jacarandá é a marca da lata. Não é a fruta. Estão agora em flor e tem alguns bem bonitos aqui em frente no jardim. Jacarandá é uma árvore. O visor está bem.
- Não não, isto está mal jacarandá não é ananás.
- Ah, isso não é de certeza, quando muito é kunami fresquinho…
- Kunami? Nunca ouvi falar? Também é fruta?
- Olhe, esqueça o Kunami, oiça-me com atenção, ou então mete já de lado os ananases e a tralha toda que eu viro-lhe as costas e deixo-a aqui com o monte!
- Ah, não, isso não pode ser, temos que esperar pela chefe.
- Ó mulher, oiça, ali atrás está um ananás açoriano. Tá a ver. Prontos. Isso que tem na mão é uma lata. Essa lata azul e com as letras garrafais a dizer Jacarandá é uma lata de ananás enlatado da Tailândia. Percebeu. Jacarandá, é uma árvore, não é uma fruta. O visor está bem! Percebeu?
- Peço desculpa, mas o senhor a mim não me ensina o que é jacarandá, eu já comi jacarandá e num é ananás.
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