Tudo neste país cheira a mofo. Até a propaganda do regime é bafienta. O programa de televisão Prós e Prós (ou Contras, como eles dizem) é o mais fiel retrato da indigência mental e da desonestidade intelectual e propagandista ao serviço do governo. Num país decente, um programa como este, há muito que já estava banido da televisão pública para dar lugar a um verdadeiro espeaço de debate de ideias. O último episódio desta triste saga, acerca do modelo de avaliação de professores imposto pelo governo, é um exemplo paradigmático do que afirmo.
A começar pela apresentadora, impreparada, inculta, medíocre... A sra Fátima Pereira fala por cima dos seus convidados, corta-lhes o raciocínio, usa a mais elementar técnica de confusionismo quando lhes faz 4 perguntas seguidas -contei-as eu no programa de ontem - sem permitir as respostas devidas a cada uma delas, trata pelo nome os participantes que estão do lado contrário ao seu e pelo títulos os que estão do seu («a rosário gama e o sr. secretário de estado, o mário nogueira e o sr. secretário de estado», repetiu ao longo do programa), passa por cima de afirmações importantes que urgiria esclarecer, opina quando devia ser neutra, limita-se a assanhar ou a separar, pensa com chavões, enfim, desculpem-me o termo, esta senhora tem um desempenho que, como diria o paulo bento, «mete nojo». É lamentável que se preste a este papel, mas o pior é que ela é tão fraquinha, mas tão fraquinha que às vezes dá a impressão de que nem se apercebe da figura que faz.
Depois é a escolha cirúrugica dos convidados: começa pela ausência de figuras centrais que se tenham destacado no debate em causa - Paulo Guinote, Santana Castilho, Nuno Crato, por exemplo, deviam ser incontornáveis. Em alternativa escolhe-se um Aires Almeida, cheio de boas intenções, mas que se limita a meia dúzia de fórmulas radicais e nervosas que prejudicam, mais que favorecem a causa dos professores que seria suposto representar. Deixam-se de fora órgãos oficiais - o Conselho de Escolas , o CNE, outras confederações de pais que não a CONFAP que recebe chorudos subsídios governamentais.
Em vez disto estavam no programa uma storas presidentes de conselhos executivos que representaram os cerca de 20 Professores Socialistas que estão a afavor do modelo de avaliação do governo. Uma tia loura presidente de uma escola qualquer veio falar na cultura de escola da «minha escola»; uma Armandina de um conselho executivo que já não me lembro de onde era e que veio confessar-se assustada com o horrível clima de «intimidação física» em que vivem os cerca de 20 Professores Socialistas que defendem o governo e que são mostruosamente ameaçados pelo grosso dos seus colegas hooligans ( a intervenção desta senhora foi, aliás, de uma irresponsabilidade total porque se foi ameaçada só tem que dizer por quem, onde, quando e em que termos e apresentar queixa e não lançar a atoarda em geral). Agora, o que é chato, descobriram-se umas intervenções da senhora no isento órgão de informação oficial xuxialista o Acção Socialista... E ainda tivemos que gramar com uma sra especialista em ciências da educação - uma praga que devia ser varrida dos gabinetes do ministério da educação para bem do ensino neste país - que mais não fez que auto-promover-se num pedestal criado por ela própria (eu, eu, eu)... Tudo pensado: a «moderadora», os participantes de um e outro lado, tudo num nível próximo do zero.
Num país estragado pela qualidade medíocre e sem vergonha dos pê esses que nos governam, tudo isto bate certo. A propaganda em vez do debate, a confusão em vez do esclarecimento e sempre, mas sempre, a noção clara, de que o que é preciso é convencer o povo. Zé socras nunca esquecerá Souselas nem o braço de ferro a propósito da co-incineração que o fez passar, praticamente, de cola cartazes do pê-esse a primeiro ministro do país. É preciso percebermos que a guerra da avaliação nada tem a ver com os professores: eles são as vítimas, simplesmente, o bode expiatório de socras para tentar ganhar as próximas eleições. Quando faz ar de mau, não é a eles que socras e milu rodrigues se dirigem: o alvo é outro, a populaça que não grama os profes. Mas talvez se enganem, oxalá o tiro lhes saia pela culatra.
4 comentários:
Vim aqui parar porque parece que ambos temos a ver com suinicultura.
Ao ler este post fiquei totalmente convencido desse facto: senti que me arrancaste as palavras, uma a uma, da boca como se fosses um dentista. Esse programa é...
é tudo o que tu tão bem disseste.
Um pró-abraço
também acho
Olé! Pior que essa Fátima só a Manuela Frankestein.
E a questão da indigência política não é só do PS, é do Bloco Central que nos governa há trinta e tal anos, esse opaco conglomerado partidário de interesses privados e caciques medíocres. E como os outros partidos não são alternativa de governo, estamos fodidos. E mal pagos.
Bem dito, muito bem dito.
Enviar um comentário